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The Iggy Pop & Mike Patton show

Iggy Pop ao vivo
Fotos: Festival Planeta Terra/Divulgação

Playcenter, São Paulo, sábado (7/11), 23h55 – Após seguidos intervalos em que o público foi bombardeado por entrevistas “interessantes”, projetadas nos telões de alta definição, com artistas globais e figuras do pop/rock do naipe de Fresno, CSS e Paulo Ricardo, eis que irrompe de sopetão no palco principal do Festival Planeta Terra um sujeito de 62 anos e “corpinho de 70″, magricelo, enrugado e sem camisa. Aos acordes de Raw power, uma lenda viva (eu diria “sobrevivente”) da história do rock obrigou a galera a correr pro gargarejo, já que o show começou com cinco minutos de antecedência. Senhoras e senhores, estávamos diante de Iggy Pop & the Stooges!

O Iggy Pop 2009, fora as rugas, parece que não fica nada a dever ao de 40 anos atrás. A energia do camarada, após tantos excessos na vida, é de impressionar qualquer garotão de 20 anos. Chega a ser assustador ver aquele velhinho requebrando lá em cima! E lá foi ele desfiando o repertório dos Stooges, seminal banda de Detroit (EUA), precursora do punk rock na virada dos anos 1960 para os 1970. Formado pelo baterista original Scott Asheton e pelo guitarrista James Williamson – substituto de Ron Asheton no álbum Raw power (1973), ele voltou ao posto com a morte do titular no início deste ano -, o grupo foi completado pelo baixista Mike Watt (ex-Minutemen) e pelo saxofonista Steve Mackay.

Iggy Pop (público)Nem precisa dizer que um dos grandes momentos (certamente o mais polêmico) foi durante Shake appeal. Sentindo-se “sozinho” no palco, Iggy simplesmente convocou a turma da frente para subir, como de costume. Em um minuto a banda “sumiu” em meio ao mar de pessoas que pulavam e dançavam. Pensei até em criar um adesivo “Eu já subi no palco de Iggy Pop”. Acho que venderia bem, nem que fosse pro povo tirar onda. A festa da galera lá em cima, no entanto, era pra durar apenas uma música.  Mas quem disse que eles queriam descer? Os seguranças, atônitos em proteger o cantor da euforia coletiva, acabaram descendo a porrada em alguns.

O Iguana não estava nem aí. Palco limpo, ele seguiu em frente em seu show particular (com direito a “bundalelê” involuntário, mas que ele também não se incomodou em disfarçar), encerrando a primeira parte com I wanna be your dog. Foi emocionante (e irônico) ver a massa cantando em coro o refrão. Na volta pro bis, naturalmente cansado após mais de uma hora de insanidades, ele apostou em algumas boas canções da carreira solo, como The passenger e, no encerramento, Lust for life. Senti falta de 1969 e No fun, mas tudo bem. Foram outros 80 minutos memoráveis e históricos em meu primeiro – e provavelmente único – encontro ao vivo com Iggy Pop! Valeu o ingresso do festival – mesmo que não tenha pago por ele.

Set list
Raw power
Kill city
Search & destroy
Gimme danger
Cock in my pocket
Shake appeal
Loose
1970
Fun house
Night theme
Skull ring
Johanna
I got a right
I wanna be your dog
Bis:
Five foot one
The passenger
Death trip
Lust for life
______________________________________________________

Faith No More ao vivo 2
Fotos: Portal Dzai

Chevrolet Hall, Belo Horizonte, domingo (8/11), 21h07 – Se Iggy Pop é um vocalista insano, que paga o f*-se para a estética e parece apenas um cara sem-noção, Mike Patton usa a loucura no palco com cinismo calculado. Menos de 24 horas e quase 600km depois, estava na capital mineira para reencontrar, 18 anos depois, o Faith No More, a quem tive oportunidade de assistir duas vezes em 1991, no Rock in Rio 2 (Maracanã) e no estádio Mané Garrincha, em Brasília. O ginásio do Chevrolet Hall, com capacidade para cinco mil pessoas, não estava lotado, no máximo três mil, eu calculo. A grande maioria usando camisetas do Atlético-MG – que acabara de ser derrotado pelo Flamengo, no Mineirão – e do Cruzeiro.

O baterista Mike Bordin era o único vestido como “roqueiro”, de camiseta sem manga, bermuda e cabelos compridos presos. O restante da banda – Roddy Bottum (teclados), Billy Gould (baixo) e John Hudson (guitarra) – trajava terno e gravata. E Mike Patton, de blazer e calças prateadas e cabelo gomalina, foi ovacionado ao entoar os acordes de Midnight cowboy (John Barry), tema do filme homônimo estrelado em 1969 por Dustin Hoffman e Jon Voight (o pai da Angelina Jolie!), seguida por The real thing, faixa-título do consagrado álbum de 1990 da banda californiana, justamente o que marcou a estreia de Mike Patton como vocalista em substituição ao original Chuck Mosely.

Faith No More ao vivoAntes da balada “jazzy” Evidence, Patton começou seu rol de zoações: “Essa é pros atleticanos… que tristeza, hein?”. Entre vaias, risos e aplausos, ele cantou a letra em um português enrolado que mais parecia espanhol. A sacanagem continuou pouco depois quando um dos técnicos entrou no palco para ajustar um dos instrumentos usando camisa do… Flamengo! A esta altura a galera já tinha aceitado a provocação e vibrou com a trinca Easy (Commodores), Epic e Midlife Crisis. Entre momentos de calmaria irônica e urros ensandecidos, o vocalista puxou o coro “Porra, caralho!” para a música Caralho voador emendada com a bossa nova Ela é carioca (?). Seria mais uma sacanagem rubro-negra com a torcida do Galo?

Em outro momento, a banda interrompeu uma música e Mike Patton, olho fixo na galera e com todo o cinismo que lhe é peculiar, após um minuto de silêncio, perguntou: “Vocês querem que eu cante alguma música da Madonna?”. O coro de “Porra, caralho” virou o tema preferido do público e serviu para convocar a banda a um bis para mim decepcionante, com o tema de Chariots of fire emendado com Stripsearch e o encerramento com Mike Bowen.

o entendi porque não mandaram From out of nowhere e We care a lot (que rolaram nos outros três shows brasileiros da temporada), Be agressive (tocada em São Paulo e no Rio), Digging the grave (que fechou a apresentação paulista) ou Falling to pieces (exclusiva dos cariocas). Faltou também A small victory em todos. Acho que o repertório de Belo Horizonte foi o mais fraco comparado com os demais. Mesmo assim, valeu.

Set list
Midnight cowboy
The real thing
Land of sunshine
Caffeine
Evidence
Surprise! You’re dead!
Last cup of sorrow
Ricochet
Easy
Epic
Midlife crisis
C
aralho voador/Ela é carioca
The gentle art of making enemies
King for a day
Ashes to ashes
Just a man
Bis
Chariots of fire/Stripsearch

Mark Bowen

12 comentários sobre “The Iggy Pop & Mike Patton show

  1. Tb achei esse set do FNM fraco, corrigindo, poderia ter sido bem melhor…
    “mouth to mouth”, “get out”, “what a day” caberia fácil em qq set que fosse!!!
    Mas enfim, isso tb pode ser desculpa e inveja minha de não ter ido…eheh.

    Abraço e saudações rubro-negras!

  2. olá. aproveito a oportunidade pra perguntar se os ingressos para o show do franz ferdinand no marina hall já estão sendo vendidos?? quais serão os valores? já está definido? um abraço e obrigado pelo espaço.

  3. olá..

    gostaria de fazer um comentário. achei demais a área vip do planeta terra ser ao lado e não entre a banda e o público. ficou perfeito, a galera animada debaixo da chuva e os colarinho branco em um espaço coberto ao lado.. isso tem que ser evidenciado, pois disponibilizar (comer) uma parte do público presses malas não dá.

  4. THE CRANBERRIES NO BRASIL

    Fiquem atentos para as datas:

    28/01/10 – Rio de Janeiro – Citibank Hall
    30/01/10 – São Paulo – Credicard Hall
    31/01/10 – Belo Horizonte – Chevrolet Hall
    03/02/10 – Porto Alegre – Pepsi On Stage

  5. A única coisa boa do FNM é justamente o ‘cinismo irônico’,evidenciado também pelo fato de terem gravado de maneira proposital(claro!)discos menos acessíveis para as massas,justamente após seu disco de maior alcance comercial,tirando uma onda com a cara da industria fonográfica e com a de seus (pobres)fãs também.O legado da banda então é melhor nem comentar! Ahhh,ia me esquecendo,a melhor coisa do show deles no Mané Garrincha,foi o tombão do Patton.

  6. O Show em sampa foi do caralho. E alguma diferenças no set. Teve “From Out Of Nowhere”, que, pasme, ele nao tocou ai em BH. Além de “Be Agressive”, “We Care a Lot”, “This Gúy´s In Love With You” e “Digging The GRave”, além da musica de abertura, um cover nao sei de quem chamado “Reunited”.

    Em compensação, em sampa ele não tocou: “The Real Thing”, “Land Of Sunshine” e “Mark Bowen”.

    Adorei o show de sampa. Só senti falta de “Falling To Pieces”, que, parece, ele só tocou no Rio, na turnê inteira.

    A voz continua boa, a banda é muito boa. Mas fiquei com a sensação n[ítida que eles vão terminar a turnê e desmontar a banda de novo.

  7. O texto já explica que senti a falta de: “From out of nowhere” e “We care a lot” (que rolaram nos outros três shows brasileiros da temporada), “Be agressive” (tocada em São Paulo e no Rio), “Digging the grave” (que fechou a apresentação paulista) ou “Falling to pieces” (exclusiva dos cariocas)

  8. Cara, tô aqui escrevendo minha resenha para o site que eu trampo, o ZonaPunk de São Paulo e achei rua resenha. Fui pra BH ver o show por aí pq sou amiga do pessoal do Monno, que abriu o show, e acabei não vendo o show do Maquinaria aqui em SP.

    Pelo que eu vi, o set daqui foi o melhor e realmente BH poderia ter sido maior… MAS não me arrependo de ver aí, achei o show fantástico e ainda tô besta com a presença de palco do Patton!! hehe! Senti falta de Diggin The Grave, uma das minhas preferidas, e claro, Falling To Pieces…

    Mto boa sua resenha, parabéns! Logo mais a minha sai no http://www.zonapunk.com.br, se vc tiver a fim de ler.

    beijos!

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