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Smashing + Lolla: ainda vou morrer num show de rock!

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Por Marcos Pinheiro
Fotos: Lyanna Soares (Smashing Pumpkins) e Agências (Lollapalooza)

O Smashing Pumpkins em Brasília já rolou há quatro dias, mas só agora consegui sentar para escrever – “culpa” do Lollapalooza, que me fez mais uma vez desabar para São Paulo no último fim de semana (28 e 29/3). Não vou me estender muito nem sobre o show, nem sobre o festival. Apenas fazer algumas considerações…

DSC_1676Como antecipamos na véspera (www.cult22.com/blog/arquivos/23772), a vinda da banda de Billy Corgan se revelava bem promissora. O quarteto, em sua nova formação – que inclui o ótimo Brad Wilk (foto, Rage Against the Machine) na bateria -, tem se mostrado revigorado e em plena forma, motivado com o mais recente disco, Monuments to an elegy, de 2014. Já tinha mostrado isso na quarta-feira passada (25/3), no Rio de Janeiro. E repetiu a dose aqui e, duas noites depois, em São Paulo. O set list é praticamente o mesmo, onde despontam grandes músicas como Cherub Rock, Tonight Tonight, Ava Adore, a nova (e linda) Being Beige, Stand Inside Your Love, 1979, Disarm e a mortal dobradinha United States/Bullet with Butterfly Wings. Com direito a Today no bis, apenas com Corgan na voz e violão.

DSC_1439Claro que faltaram muitos “cavalos de batalha”: Zero (que o público brasiliense pediu em coro várias vezes), The everlasting gaze, Perfect, Thirty-Three, Mayonaise… Concordo também que o show foi curto – menos de 1h40. Mas o mais bacana foi ver (em ambas as apresentações) um Billy Corgan em paz e aparentemente feliz, brincando e reverenciando o público com uma, digamos, “humildade” que não lhe é (era?) peculiar. No Lollapalooza, chegou a pedir palmas para Perry Farrell, idealizador do festival, que por coincidência fazia aniversário no domingo. Revelou que sua gatinha de estimação tinha morrido enquanto estava nessa turnê pela América do Sul – e até zoou com uma menina que mostrou um bicho de pelúcia: “Não, essa não é minha gata!”. Um humor tímido, mas bastante comovente.

Assim, com Corgan simpático e cantando com a voz de sempre, acompanhado por uma banda afiada e um repertório de grandes canções, não tinha como não ser arrebatador. Lógico que não chega a se comparar com a antológica primeira visita ao Brasil dos Pumpkins, em janeiro de 1996, no extinto Hollywood Rock – e nem tínhamos como exigir isso quase 20 anos depois. Mas foi anos-luz superior à pálida apresentação do Planeta Terra de 2010. Pena, pena mesmo, que o público brasiliense não tenha comparecido em peso. Pouco mais de duas mil pessoas bateram ponto no NET Live na noite da última sexta-feira (27/3). Em São Paulo deviam ter quase 10 mil na hora deles, enquanto Pharrell Williams arrastava uma multidão ainda maior para o palco principal.

DSC_0050Fico devendo comentários sobre a banda de abertura, Young the Giant (foto), que não consegui ver nem em Brasília – tinha que apresentar o Cult 22 na Transamérica FM e cheguei com os Pumpkins começando – e nem no Lolla. Mas vocês ficam com imagens dos dois shows em mais um belo trabalho da nossa intrépida fotógrafa Lyanna Soares.

LOLLAPALOOZA
Tinha comprado uma passagem bem barata para São Paulo e o voo saía 5h20 da madrugada de sábado – isso depois de chegar em casa a 1h10, pós-Pumpkins. Mas entre uma cochilada aqui e uma pequena dormida mais adiante, estávamos lá por volta das 14h no Autódromo de Interlagos. Confesso que o line up de 2015 me soava um pouco desanimador em face das edições anteriores, onde baixaram nomes como Foo Fighters, Arctic Monkeys, Joan Jett, Pearl Jam, Queens of the Stone Age, Franz Ferdinand, The Hives, The Black Keys, Kaiser Chiefs, Arcade Fire, Muse, Soundgarden, Nine Inch Nails, New Order, Pixies, Johnny Marr

Sinceramente, quase ninguém deste ano, aparentemente, chegava perto da turma acima. Mas, como bem definiu a amiga e jornalista Daniela Paiva, antiga companheira de jornadas roqueiras, o Lollapalooza é legal para conhecer bandas novas. E o que poderia ser chato acabou até se tornando agradável. Kasabian, por exemplo, foi uma grata surpresa ao vivo. Acho os discos “ok”, mas no palco os caras crescem assustadoramente. Foi, em minha humilde opinião, um dos três melhores shows desse festival, pouco atrás dos Pumpkins, e empatado com o Interpol, que fez apresentação mais encorpada que a do Planeta Terra de 2011, quando vi os nova-iorquinos pela primeira vez. Cheguei a achar que eles só funcionariam em palcos menores, mas eles mandaram muito bem. E o clima, com chuva fina, não poderia ser mais apropriado.

Jack WhiteO campeão dos campeões, sem dúvida, foi Jack White (foto). Fiquei muito feliz em perceber que ainda se faz rock de verdade em 2015. Com guitarras, baixo e bateria. Mas também com violinos, baixo de pau e teremim. Uma mistura contagiante com blues, country e hillbilly, num repertório com canções da carreira solo, do The White Stripes (claro!) e do The Raconteurs. Lavou a alma do público num show fino, conceitual e genial. Luz azul o tempo todo, com projeções em preto e branco, e uma banda absurdamente boa, com destaque para o baterista Daru Jones. Para mim é sério candidato a melhor show do ano no país. Ainda tocou Seven nation army no encerramento. Nem precisava…

Foster the PeopleDo resto que consegui ver – em festival assim, com tantos palcos e atrações simultâneas, assistir 10 ou 11 shows é muita coisa -, menções honrosas ao grande Robert Plant que, mesmo sem os agudos na voz de outrora, conseguiu se superar pelo carisma e inegável qualidade das músicas. A comparação com os tempos de Led Zeppelin pode lhe ser prejudicial (vide Going to California, cantada dois ou três tons abaixo), mas ele deu a volta por cima em momentos como Whole lotta love e Rock and roll. Gostei também da simpática Foster the People (foto). Já tinha visto no Lolla de 2012, mas agora se mostrou mais madura e com um séquito insano de fãs – entre eles, meu filho Victor, que vibrava e cantava em todas as músicas. Gerações diferentes, mas unidos pela mesma causa – isso é o que vale. Vi uns 20 minutos do Pharrell e estava até legal, mas preferi acompanhar o resto do show dos Pumpkins.

Ano que vem tem mais… Mas antes, no fim de setembro, tem Rock in Rio – e já estou vendo como me virar para acompanhar ao máximo possível. Acho que vou morrer dentro de um show de rock! Será uma boa morte…

7 comentários sobre “Smashing + Lolla: ainda vou morrer num show de rock!

  1. O show do smashing pumpkins em brasilia foi melhor q o do lolla… billy bem mais animado e interagindo mais…acredito até q o set em bsb foi maior (posso estar engano) mas o show em si foi melhor

  2. Queria muito ter ido no show de brasília e no lolla, mais sei que deve ter sido muito bom, acho que o motivo de não ter tanta gente no show do pumpkins é pq teve muitos show em um mês só ai Ninguem da conta kkk e fora que o local e meio longe

  3. A única que não tocou em Sampa foi Glass and the Ghost Children , de resto foi tudo igual ao set de Brasília. Estive em Sampa nesse fim de semana lá em Interlagos e curti muito o Lolla, mesmo com seus altos e baixos, principalmente com os prços caríssimos da cerveja, por exemplo, e da distância de um palco para o outro. Para mim teve 5 shows maravilhosos que foram o do Jack, Smashing, Kasabian, Interpol e Robert Plant. Mas tivemos boas surpresas como o Far From Alaska, Kongos e Molotov. Fora a St. Vincent que vi na terça no Rio e o bagaceiro e contagiante Foster the People, que teve muita gente metendo o malho, mas valeu a pena. Só para finalizar, gostei bastante do Young the Giant, e posso afirmar que fazem apenas um som mais do mesmo, para mim soa como se fosse um Snow Patrol Norte Americano. Falando nisso, quando é que sai o Line do próximo Porão do Rock Marcos? Estou no aguardo. Até a próxima Marcos.

  4. Eu gostei do show da banda em 2010, gosto mais daquela formação inclusive, mas o repertório dos shows agora foi melhor. Também achei o show meio curto, mas pelo menos não ficou cansativo.

    Eu peguei esse mesmo vôo de 5:20 da manhã pra ir pra SP pro Lolla. Foi cansativo, mas valeu a pena.

    E tem um pequeno erro no texto: “[..]enquanto Perry Farrell arrastava uma outra multidão para o palco principal.”. Acho que você quis dizer Pharrell Williams.

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