Blog voltar
|

Metal experience


Vivi intensos momentos de headbanger nos últimos dias. Uma overdose “do bem” de heavy metal, a começar pelo Marreco´s Fest para o qual fui convidado este ano a ser o apresentador e mergulhei de cabeça no último sábado (19/6), no Camping Show. Das 14h10 até quase 4h da madrugada de domingo conferi 20 shows de estilos diversos, do hard rock ao death/black metal.  Apesar do cansaço, foi bacana conhecer novas bandas do DF, rever antigas, além das cinco atrações nacionais e do “gente boa” norte-americano Tim “Ripper” Owens, que bateu papo ao vivo com a gente no Cult 22 da sexta-feira passada.

Ontem, rolou o segundo round: estava com ingresso para a projeção The Big Four, transmitido simultaneamente para 31 países e mais de 800 salas de cinema em todo mundo, diretamente do Vasil Levski Stadium (foto), de Sofia (Bulgária) – que deve ter recebido mais de 100 mil pessoas. Como meus amigos “metaleiros” mais próximos, Lelo Nirvana e Welbert Rabelo, não podiam ir, resolvi encarar mais esta. E vou dizer: foi sensacional! Cheguei ao Pier 21 por volta das 20h40 a tempo de fazer um lanche rápido antes da maratona cinematográfica. Um minuto antes das 21h entrei na Sala 3 do Cinemark e bastou eu sentar para ter início, pontualmente, o primeiro show, do Anthrax. Como já tínhamos antecipado, não era mesmo ao vivo – e nem tinha como ser, por conta do fuso horário em relação à capital búlgara. Era dia claro lá e a programação do Sonisphere Festival, de acordo com o site oficial, tinha início às 15h locais. Disseram depois que, na verdade, havia duas horas de atraso em relação a Brasília. Continuo achando que este delay era bem maior. Mas isso pouco importa, pois só a experiência de ver os shows na telona, com imagem digital e som Dolby, já valia muito a pena.

A sala já estava bem cheia no início (umas 300 pessoas devem ter comparecido ao longo da noite), mas os presentes pareciam não ser tão fãs do grupo liderado por Scott Ian (guitarra) e Joey Belladona (voz). Tanto que o único momento que empolgou de fato foi a homenagem feita a Ronnie James Dio (falecido no mês passado) com uma versão para Heaven and Hell, do Black Sabbath. O set list do Anthrax contou com Caught in a Mosh, Got the Time, Madhouse, AntiSocial, Indians, Heaven and Hell, Metal Thrashing Mad e I am the Law.

Funcionando como um relógio suíço, e sem intervalos, às 21h45 veio a vinheta de passagem para chamar a segunda atração, o Megadeth. O show apresentado foi basicamente um resumo do que vimos em Brasília, em 22 de abril, com músicas do álbum Rust in Peace e algumas outras.  Aí, sim, o público brasiliense começou a se animar, transformando a sala do Cinemark num pequeno auditório, com urros, palmas e punhos cerrados. Como já era de se esperar, os pontos altos foram em Hangar 18, Symphony of Destruction e Peace Sells. O show começou com Holy Wars… the Punishment Due e ainda contou com Head Crusher, In My Darkest Hour, Skin o’ My Teeth, Hook in Mouth, Sweating Bullets e a reprise de Holy Wars no encerramento.

22h30 e foi a vez de nova vinheta chamando o Slayer. Corri rapidinho ao banheiro, pois ninguém é de ferro, e perdi a música inicial, a nova World Painted Blood. Na volta, pude contemplar um show brutal num duelo incessante de guitarras entre Jeff Hanneman (com o instrumento reproduzindo a logomarca da Heineken, mas com seu nome em vez do da famosa cerveja) e Kerry King. O vocalista e baixista Tom Araya, empolgado com a boa campanha de seu país na Copa do Mundo, vestia uma camisa do Chile. Os caras emendaram vários hits da carreira: War Ensemble, Hate Worldwide, Seasons in the Abyss, Angel of Death, Mandatory Suicide, Chemical Warfare, South of Heaven e Raining Blood. Para mim foi o melhor show da noite.

Veio finalmente um pequeno intervalo no palco para uma série de depoimentos, em justa homenagem a Dio. Quem falou primeiro foi Kerry King (Slayer). Depois, uma “mesa redonda” do metal com Lars Ulrich (Metallica), Scott Ian (Anthrax) e Dave Mustaine (Megadeth). Todos elogiando o talentoso baixinho que emprestou sua voz a bandas como Elf, Black Sabbath, Rainbow e Heaven and Hell. Lembranças de antigos shows, da convivência com ele e da forma como lidou com o câncer que o vitimou no mês passado. Aplausos gerais da galera.

Até que as 23h23 começou a grande atração do Big Four, o Metallica. E o cinema quase veio abaixo. Mesmo aqueles que puderam conferir o quarteto in loco no Brasil, no início deste ano, estavam lá para matar as saudades. Foi aí que se tornou mais perceptível o trabalho de edição, com pequenos cortes entre as músicas, o que pressupõe que o show não foi apresentado na íntegra. Mesmo assim, eles dispararam clássicos como Creeping Death, For Whom The Bell Tolls, Fade To Black, One (precedida por várias explosões no palco, sons de helicópteros e metralhadoras e fogos de artifício), Master of Puppets e Nothing Else Matters. Antes de Enter Sandman, James Hetfield, ajoelhado com sua guitarra, mostra a palheta com o símbolo do Big Four exibido nos megatelões do estádio. Delírio geral.

Mas a apoteose estava guardada para o fim. Na volta pro bis, o vocalista convocou todos os músicos para subirem ao palco numa grande jam session (foto acima) com a sintomática versão de Am I Evil?, do Diamond Head. Os guitarristas do Slayer não entraram e confesso que só vi o Tom Araya na hora dos agradecimentos. Curioso foi ver o abraço de Hetfield no antigo desafeto Dave Mustaine. O baterista Lars Ulrich foi mais carinhoso com o antigo companheiro, demitido do Metallica no início da carreira da banda.  Para finalizar, o quarteto ainda mandou Hit the Lights e, após brincar ameaçando deixar o palco, ainda houve tempo para a indispensável Seek and Destroy.

Resumo da ópera heavy metal: 3h50 de projeção non stop, com som e imagens de altíssima qualidade. Que venha o DVD, já anunciado no próprio palco por Lars Ulrich! Quem não pode conferir no cinema, a empresa promotora MovieMobz planeja uma reprise da sessão para os dias 2 e 3 de julho. Assim que tivermos alguma confirmação, publicaremos aqui no blog.

Confira abaixo a jam matadora de Am I Evil? com os músicos do Big Four. A imagem foi captada dentro de uma sala de cinema e postada hoje no YouTube.

6 comentários sobre “Metal experience

  1. Podiam reprisar depois do dia 10 de julho e num horário mais acessível, tipo umas 6 ou 7 horas da noite!

    Não achava que ia ser tão grande coisa mas por essa sua ‘Metal Experience’, já tô guardando grana pra possível reprise e/ou pra o vindouro DVD! \m/

  2. Gostei muito da “experiência” , só achei que o som não estava a mil maravilhas nos show do Slayer e Metallica.
    Outra coisa: se não foi ao vivo, poderiam ter colocado pra começar mais cedo. Terminou quase uma 1 h da manhã e foi um sacrífício acordar cedo pra trabalhar.

  3. Sinceramente, cobrar R$ 80,00 pela sessão foi um absurdo, e eu tinha quase certeza que não iria por causa disso. Mas, na hora h, o coração de fã falou mais alto e eu acabei pagando a bagatela. E, no final das contas, valeu muito a pena, porque os shows foram do caralho e assistir tudo na telona com o som nas alturas foi uma experiência única, bem mais empolgante do que eu imaginava. Pena que o som falhou falhou algumas vezes nos shows do Slayer e do Metallica.

    Concordo que o show do Slayer foi o melhor, apesar de o Tom Araya estar um pouco fora de ritmo, provavelmente por causa da cirurgia recente na coluna. Eu tinha planejado ir ao banheiro quando o Metallica tocasse alguma porcaria dos últimos 20 anos, mas os caras mandaram muitíssimo bem com um setlist quase todo composto por clássicos. Por isso, tive que segurar a bexiga e só levantei na fraquinha Nothing Else Matters, que foi a única música sonolenta do show.

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *

Você pode usar estas tags e atributos de HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <strike> <strong>