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Living Colour para poucos


Fotos: Gil Pedro (www.vidacandanga.webs.com)

Na primeira metade dos anos 1990, o Living Colour emplacou alguns sucessos nas rádios, como Glamour boys, Love rears its ugly head, Solace of you e Bi. Nada de tão grandioso em exposição, mas que serviram para revelar o quarteto novaiorquino de funk rock ao mundo. No entanto, após a separação, em 1995, a banda sumiu da grande mídia. E a volta aos palcos e aos estúdios – com os álbuns Collideoscope (2003) e The chair in the doorway (2009) – passou batida pela maioria das pessoas, pelo menos aqui no Brasil.

Some-se a isso à reclamação de que o show promovido em Brasília não teve divulgação massiva – há quem diga que soube que eles estariam por aqui apenas pela Rádio Cultura FM e/ou lendo nosso blog.  E que o isolado Cine Drive-In não tem tradição de abrigar eventos deste tipo. O fato é que no máximo mil pessoas estiveram presentes na noite da última sexta-feira (14/5) no espaço ao ar livre localizado ao lado do Autódromo Nelson Piquet. Para piorar, a divisão em “camarote” (área VIP) e “pista” só fez aumentar a dispersão do público que, se concentrado na frente do palco, teria dado sensação de mais “consistência”.

Além disso, houve um atraso inexplicável (e inaceitável) de quase três horas em relação ao horário anunciado nos ingressos – na sexta-feira avisamos por aqui que o show começaria por volta da meia-noite, o que já seria uma demora de duas horas. Mas somente a 0h54 a banda subiu ao palco. Será que a produção ficou esperando chegar mais gente? Para quem apareceu no horário marcado foi uma tortura ficar de pé ouvindo apenas som mecânico. Teve quem fosse embora antes do final do show.

Mas quem resistiu, com certeza não se arrependeu. Todos são excelentes músicos, que usam a virtuose nos instrumentos de forma bem dosada, sem exageros – exceção, talvez, ao solo do baterista William Calhoun entre as músicas Bi e Nothingness. Achei desnecessário. Vernon Reid (foto ao lado), 51 anos, já foi comparado a Jimi Hendrix. O que pode ser considerado uma heresia, fica melhor entendido ao vivo. Com sua guitarra, o cara passeia com facilidade pelo rock pesado, funk, blues e pitadas de jazz. O baxista Doug Wimbish, com visual parecido ao do brasiliense Marcelo Barbosa (guitarrista das bandas Khallice e Almah), chegou a tocar com os Rolling Stones. E Corey Glover, vestido com moleton vermelho que mais parecia um moleque do rap, continua com voz redonda aos 45 anos.

Além do talento, o quarteto demonstrou muita simpatia e procurou, ao longo das duas horas e cinco minutos da apresentação (21 músicas), promover grande festa aos presentes, pouco se importando se não eram muitos. Os fãs retribuíram o carinho com uma faixa amarela que saudava a banda – “Welcome Living Colour – Brasília salutes the colors of the rock” – colocada, depois, pelos roadies na frente da bateria. A empolgação era tanta que Doug Wimbish chegou a descer para tocar no meio do gargarejo – e quase não conseguiu voltar.

O Living Colour começou a todo vapor, mandando a pesada Type (uma de minhas prediletas), Middle man e Desperate people. Passaram pelo set list outros grandes momentos, como Pride, Interlude e a versão de Memories can´t wait (Talking Heads). Mas o “filé” ficou para a parte final, numa sequência matadora que começou com a polêmica Bi (letra que faz alusão ao bissexualismo). Teve uma menina que subiu na frente do palco para dançar sensualmente. E outro fã que tentou cumprimentar os músicos e foi prontamente contido e retirado pelos seguranças.

Após o solo de Calhoun, vieram a belíssima e climática Nothingness, Behind the sun (música de trabalho do novo álbum), os “cavalos de batalha” Glamour boys e Love rears its ugly head e mais Time´s up e a ótima Cult of personality (ovacionada pela galera). Uma breve saída para a volta no bis com o hino Elvis is dead – e o irônico medley que Glover promoveu com I can´t help falling in love. Afinal, Elvis Presley não morre jamais para quem ama o rock and roll, né?

Foi um show para poucos. Mas dos melhores…

PS: Gil Pedro, valeu demais pelas fotos!

Set list
. Type
. Middle Man
. Desperate People
. Ausländer
. Funny Vibe
. Pride
. Open Letter (to a Landlord)
. Interlude
. Memories Can’t Wait
. Burned Bridges
. The Chair
. Decadance
. Go Away
. Bi
Solo de William Calhoun
. Nothingness
. Behind the Sun
. Glamour Boys
. Love Rears Its Ugly Head
. Time’s Up
. Cult of Personality
Bis
. Elvis is Dead / I can´t help falling in love

13 comentários sobre “Living Colour para poucos

  1. O show foi ótimo! A produção falhou em ter feito essa divisão de área vip com open bar! Se tivesse um preço único mais barato sem a estupidez do opem bar, com certeza teria mais gente e não teria o desperdício de chuva de cerveja praticado por alguns cretinos.

  2. Vernon Reid pode até não ser comparado ao Hendrix, mas o cara é um dos guitarristas mais completos de todos os tempos!

  3. O show foi nada mais que um espetáculo! Eu fiquei embasbacado com a maestria que esses caras tem no palco, com tantos anos de estrada. Desculpa Marcos, mas eu amei o solo do Calhoun!! hehehe Especialmente por ter a oportunidade de presenciar um dos grandes mestres do instrumento de hoje em dia. A precisão, o feeling, a performance… foram o que fizeram dessa noite ser um privilégio. Realmente, não tinha necessidade da divisão que fizeram no público. Até porque a área vip era bem grande.

  4. puta merda. não sei aqui, mas na Virada Cultural em Sampa, às 3h00 da manhã, na Praça Julio Prestes, a coisa foi séria.

    e olha que é difícil algo ser bom depois de ver um show do Napalm Death…

    parabéns a essa grande banda.

  5. Acredito que foi pouca gente pelo fato da banda ser meio datada mesmo. A banda foi meio a cara dos anos 90, junto com uma penca de bandas que surgiram ou tiveram sucesso na epoca. Hj a banda envelheceu e o estilo que eles tocam, idem. Esse lance de misturar estilos… Funk, com rock, com sei la o que fez muito sucesso nos anos 90,mas hoje…
    E a mesma coisa se uma banda de hard rock estilo Poison ou Motley Crue tocar em Brasilia. Sao bandas datadas, de uma epoca que nao volta mais.
    Nao digo que a banda seja ruim, mas ja foi a epoca deles.
    Tem shows aqui em bsb com menos divulgacao e que enchem mais.
    E esse lance de produtor segurar a banda esperando o comparecimento do publico e chato demais, sempre acontece quando nao vai ninguem.

  6. Extraordinária banda de funk-metal o LIVING COLOUR!
    Na verdade o pequeno público que viu o show no cine drive-in
    deu é muita sorte pois nem era para a banda passar por aqui tão cedo,pois o Living Colour passou pelo Brasil há apenas sete meses atrás com a turnê do “THE CHAIR IN THE DOORWAY” que deixou Brasília de fora!
    Eu sou muito fã dos caras por isso mandei fazer aquela faixa:Bem-vindos, Brasília saúda as cores do rock e pintei a
    bandeira do Brasil também com “welcome to Brasília”!
    Espero que eles voltem em um local melhor de preferência o Ginásio Nilson Nelson e com uma produção especializada em rock,já que não era o caso. Como todos puderam ver o show do Living Colour ficou em segundo plano!!!

  7. Se tem alguém pra se culpar pelo baixo público, foi a própria organização. Eu fui um dos que só soube do show pelo blog. Mas foi um belo dum show, tô feliz demais por ter comparecido. E por 5 minutos eu não fui embora, esperar até 1 hora da manhã foi dose. Espero que a banda não se deixe abater por isso e volte numa próxima oportunidade, porque quem esteve lá sabe que o nível foi altíssimo.

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