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Simpatia, quase amor


Foto: Clausem Bonifácio

B. B. King é um senhor extremamente simpático e brincalhão. Tem composições brilhantes, que mostram tanto as dores e  agruras como as alegrias e prazeres da vida de um bluesman andarilho. Toca guitarra com notável feeling e técnica. Enfim, é um mestre.  Vê-lo ao vivo é sem dúvida um privilégio. Como foi para as três mil pessoas que lotaram o auditório master do Centro de Convenções, ontem à noite (22/3), em Brasília. A banda que o acompanha, claro, não fica atrás e é formada por um belo time de “bons velhinhos”.

Às 21h30, meia hora após o horário anunciado, os sete integrantes subiram ao palco para dois animados números instrumentais que precederam a entrada triunfal do “Rei do Blues”. Caminhando lentamente, o bonachão B. B. King se dirige a uma confortável poltrona branca, senta-se, coloca a velha guitarra Lucille no colo, posiciona o microfone no pedestal móvel e distribui palhetas para o público do “gargarejo” – fato que se repetiu no encerramento do show, por volta das 23h10. Daí em diante, ele desfila suas músicas, histórias e piadas.

King elogiou seguidamente o Brasil e os brasileiros (“espero que vocês sejam tão bem tratados no meu país, como sou aqui”), disse que “todo mundo é bonito”, flertou com as mulheres (em especial em You are my sunshine), fez média com os homens (Rock me baby), zoou com os músicos da banda, criticou as letras de rap que destratam o universo feminino (alguma semelhança com o funk carioca?) e lamentou estar encerrando a carreira, que teve início há mais de 60 anos, em 1947 – “o tempo está se esgotando e posso ser demitido a qualquer momento”, brincou.

É justamente esta constante interação com o público que tornou a apresentação menos “memorável” do que poderia ser – mesmo que boa parte dos presentes ali nem conheçam de verdade a vida e obra do bluesman e estarão, amanhã ou depois, em qualquer show sertanejo ou camarote de carnaval baiano. Também não sou “o fã” de B. B. King, longe disso. Mas acho que ele exagerou com seus “causos” e piadas, encurtando sensivelmente o set list, apesar da 1h40 de apresentação – incluindo os 10 minutos instrumentais do início. Claro que não posso exigir de um senhor de 84 anos a vitalidade de cantar e tocar ininterruptamente por tanto tempo. Em 2004, quando esteve pela primeira vez em Brasília, o show foi mais longo e com mais músicas. Mas seis anos na vida de alguém com esta idade pode ser uma “eternidade”.

Logo, não vou aqui criticar a “entidade” B. B. King. O que vale é reverenciá-lo pelo que representa na história da música mundial. Um belo encerramento para este históóórico mês de março de 2010 na capital do país. Em abril, tem mais. É aguardar…

Set list:
. Instrumental
. Intro to the King
. I Need You So
. Let the Good Times Roll
. Key to the Highway
. Every Day (I Have the Blues)
. Bluesman
. See that My Grave is Kept Clean
. All Over Again
. Blues Jam
. You Are My Sunshine
. When the Saints Go Marching In
. Rock Me Baby
. The Thrill Is Gone

8 comentários sobre “Simpatia, quase amor

  1. O show foi sim memorável. Ele cantou e tocou pouco, mas a banda manda muitíssimo bem. E, para compensar, quando ele tocava era de arrepiar!!
    O que deixou a desejar foi a acústica do local.

    De qualquer forma, um ótimo show!

  2. Eu até queria ter ido, mas já torrei muita grana esse mês. Iria como você, pela obra e pela lenda viva que é o cara.

    E “Rock me baby” é muito fera na versão dos Stones com AC/DC num show em Toronto.

    Que venha o Megadeth!!!

  3. concordo como felipe, aliás minha situação tb apertou pela qde de shows , curto o cara tb o respeito pelo conjunto da obra, mas estou me resguardando pro Megadeth rss,

  4. bem, fui no show em 2004, fui no de ontem também.

    Realmente, pra quem gosta de blues de verdade, o show não foi bom. Pra quem gosta do BB King o show foi realmente memorável.

    O show de 2004 teve um setlist bem melhor, não me lembro de cabeça mas sei que ele tocou pelo menos o dobro de músicas, considerando que ele ficou de bico calado pras piadinhas, se contentando aos elogios ao brasil e brasíla. Em compensação lembro que o lugar daquele show foi mudado pra um BREJO no pontão, estava um lamaçal completo. Se a Isa não gostou da acústica do Centro de Convenções (pra mim estava boa) nem sei o que iria pensar daquela tenda com cadeiras de churrasco de fim de semana. Lembro que paguei 125,00 em uma meia-entrada bem no meio e longe e fiquei indignado com uma pessoa do nível de BB King fazer um show naquele pardieiro.

    Dessa vez salvei minha grana e comprei um ingresso (ruim) na quarta fila. Sei bem o que o marcos pinheiro se refere as pessoas que não gostam nem de blues e nem de BB king assistindo o show. Fiquei muito puto ao ver que todos os lugares bons nas primeiras filas eram “cortesias”, e eu achando que tinha chegado tarde pra comprar e não tinha mais ingresso bom de R$ 300,00 a meia. Um bando de político conversando no meio do show, sentados nos melhores lugares coisas de brasília.

    Eu gosto de BB King como nenhum outro artista do Blues. Na verdade soltei umas lágrimas quando ele subiu ao palco, tietei no final do show e me arrependi de não ter levado nada pra ele autografar por puro medo de perder o CD na muvuca. Um cara tirou uma fotografia gigante que ele autografou na hora. Outros retardatários com o poster do show não tiveram tanta sorte. Não consegui pegar nada que ele jogou. Medalhões só pra mulher (bonita) ou pra quem deu sorte de catar algo no ar.

    Eu sei que essa foi a última vez que o ví ao vivo, por isso minha tristeza ao sair sem uma mísera palhetinha ou um autógrafo. Dos meus amigos ouvi as mesmas críticas: setlist pequeno, sem outros clássicos do blues (fora the thrill is gone), mais jazz que blues, etc.

    Fiz uns vídeos bem legais em HD que vou colocar no youtube, algumas fotos eu posto depois.

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