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O circo psicótico da “banda Beijo” e a competência púrpura

KISS - BANDA

Por Marcos Pinheiro
Fotos: Paulo Cavera / Divulgação
Vídeos: Eliane de Castro

KISS - PAUL STANLEY E GENE SIMMONS“Psycho Circus”: a música que dá nome ao 18º álbum do Kiss, de 1998, é um bom resumo daquele que é chamado “o maior show de rock do planeta”. Entretenimento é a palavra de ordem: bonecos gigantes representando o quarteto, explosões em profusão, cortinas de fogo, guitarras soltando rajadas de balas, plataformas móveis que fazem a banda “voar” pelo palco, um pseudo ritual satânico com sangue falso, balões de gás com a logomarca do grupo, passeio de tirolesa pelo meio do público, chuvas de confetes e papel picado e, claro, o telão em alta definição projetando imagens alucinantes. Tudo comandado pela dupla que há 50 anos está a frente dessa algazarra: o baixista e vocalista Gene Simmons, 73 anos – faz 74 em agosto – e o guitarrista e vocalista Paul Stanley, 71 anos completados em janeiro passado.

KISS - PÚBLICOOs fãs naturalmente vão ao delírio. E até quem não é tão conhecedor da obra do Kiss fica extasiado. Nas quase duas horas de show, iniciado às 22h48 da noite de terça-feira (18/4) no Estádio Mané Garrincha (Arena BRB), 20 sucessos da carreira da banda de Nova York agitaram as quase 30 mil pessoas presentes. “Detroit Rock City” foi o pontapé inicial, como de costume. O set list, aliás, foi aquele mesmo que já tínhamos antecipado aqui no blog. Até porque, com tanto mise en scène pré-produzido, não dá pra mexer no time que está ganhando.

KISS - GENE SIMMONSDiante de tudo isso, pouco importa se a banda usou playback em vários momentos. Os telões nas laterais do palco “entregavam o ouro”: era perceptível que o que se ouvia das músicas e a leitural labial das vozes muitas vezes não batiam. Nem pode se atribuir a um suposto delay. Quando Paul Stanley e Gene Simmons conversavam com a plateia, a sincronia era perfeita. Simmons, por sinal, está visivelmente fora de forma, dando sinais de que está mesmo próximo de se aposentar. Não a toa, a presente turnê foi batizada como “End of the Road World Tour”. Se é a despedida mesmo do Kiss, só o tempo dirá…

KISS - PAUL STANLEYCoube a Paul Stanley comandar os melhores momentos do show, mostrando vitalidade e muita simpatia, que o tornaram um dos melhores frontmen da história do rock. Destaque para a passagem de tirolesa pelo meio da galera para chegar em outro palco, em frente à mesa de som, onde mandou “Love Gun” e “I Was Made for Lovin’ You”. O baterista Eric Singer teve seu protagonismo cantando “Black Diamond”, que encerrou a primeira parte, e iniciando o “bis” com a balada “Beth” tocada ao piano. Para fechar, a indefectivel “Rock and Roll All Nite” com chuvas de confetes e papel picado. Diversão garantida!

SET LIST
Detroit Rock City
Shout It Out Loud
Deuce
War Machine
Heaven’s on Fire
I Love It Loud
Say Yeah
Cold Gin
Lick It Up
Calling Dr. Love
Makin’ Love
Psycho Circus
100,000 Years
God of Thunder
Love Gun
I Was Made for Lovin’ You
Black Diamond

Bis
Beth
Do You Love Me?
Rock and Roll All Nite

DEEP PURPLE - IAN GILLAN Mas, sendo bem sincero – que me desculpem os fãs do Kiss -, gostei mais do Deep Purple como banda, tocando “na vera”. Talvez seja coisa de jornalista velho. O quinteto inglês, há 55 anos na estrada, abriu a noite às 20h14 e se apresentou por quase 1h30. Sem “presepadas” pirotécnicas, mandou seu recado com 12 músicas, destacando cinco momentos do clássico álbum “Machine Head”, de 1972.

DEEP PURPLE - SIMON MCBRIDEConfesso que estava preocupado com a saúde vocal de Ian Gillan, 77 anos. Na última passagem deles por Brasília, no final de 2014, ele estava bem mal – e, mais de oito anos depois, a tendência era piorar. Mesmo com uma notória tremedeira nas mãos ao segurar o microfone, o lendário vocalista mandou muito bem. Titubeou um pouco na abertura, com a contagiante “Highway Star”, mas se recuperou depois. O novato guitarrista Simon McBride, 44 anos, que entrou no Deep Purple ano passado, seguiu com competência o legado do original Ritchie Blackmore e do duradouro Steve Morse.

DEEP PURPLE - DON AIREYNo meio da apresentação, o tecladista Don Airey surpreendeu em seu momento solo tocando um medley de músicas brasileiras, tais como “Brasileiririnho” (de Waldir Azevedo) e “Desafinado” (João Gilberto), entre outras. Um prenúncio da sequência “matadora” que viria com a climática “Perfect Strangers” e outros “cavalos de batalha” como “Space Truckin’” e “Smoke on the Water”.

DEEP PURPLE - IAN PAICEDEEP PURPLE - ROGER GLOVERNão deu nem dois minutos para respirar e o Deep Purple já estava de volta ao palco para o “bis” com “Hush” – um original de Joe South que a banda registrou em seu primeiro álbum, de 1968, nos vocais de Rod Evans – e fechando com “Black Night”. Admirável ver Ian Paice, 74 anos, desde sempre empunhando com precisão as baquetas, e a sempre classuda presença do baixista Roger Glover, 77 anos. Se foi mesmo a última chance de vê-los pelo Brasil, tratou-se de uma despedida honrosa.

SET LIST
Highway Star
Pictures of Home
No Need to Shout
Uncommon Man
Lazy
When a Blind Man Cries
Anya
Perfect Strangers
Space Truckin’
Smoke on the Water

Bis
Hush
Black Night

Um comentário sobre “O circo psicótico da “banda Beijo” e a competência púrpura

  1. Excelente som para show em BSB. Talvez o melhor que eu já presenciei na cidade.

    Agora, o esquema de transito e estacionamento, uma lástima. Perdi 3 musicas do Purple. Foda.

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