Blog voltar
|

Um bonito reencontro com Los Hermanos

Los Hermanos (abre)

Por Marcos Pinheiro
Fotos: Lyanna Soares

Quase 7.500 pessoas compareceram na noite de sábado (27/4) ao show brasiliense do Los Hermanos em sua quarta turnê nacional de reencontro desde que anunciou, em 2007, a “paralisação das atividades por tempo indeterminado” – a última tinha sido em outubro de 2015. A arena bem reduzida montada dentro do Estádio Mané Garrincha comportava em torno de 20 mil, o que tornou a presença de público decepcionante – as cadeiras estavam praticamente vazias. Houve quem reclamasse do preço dos ingressos, que variaram entre R$ 100 e R$ 200. Outros talvez não tenham se animado muito pela falta de novidades da banda carioca, que lançou este ano a inédita (e boa) “Corre Corre”, a primeira música em 14 anos (!). O reencontro caberia perfeitamente no Ginásio Nilson Nelson que, na mesma noite, recebia em seu estacionamento outro evento “revival”, a famigerada Micarecandanga.

Los Hermanos (Amarante)Na apresentação com 27 músicas e quase 1h50 de duração – sendo cinco minutos de intervalo -, o Los Hermanos revezou o repertório entre os quatro discos de estúdio com ênfase no terceiro, “Ventura” (2003), do qual tocou 10 canções. E olha que eles deixaram de lado o hit “Cara Estranho”, bastante pedido pela galera durante o “bis”. Em sua trajetória, o grupo se acostumou a dividir opiniões: na medida em que colecionava fãs fervorosos pelo Brasil e inspirava vários novos artistas, também sofria com os haters, em sua maioria roqueiros, incomodados com a sonoridade próxima da MPB e a considerada “poética pretensiosa” da dupla principal Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante – completada por Bruno Medina (teclados) e Rodrigo Barba (bateria) e reforçada por Gabriel Bubu (guitarra e baixo) e pelo naipe de metais de Marcelo Costa (saxofone e clarinete), Bubu Trompete (trompete) e Mauro Zacharias (trombone).

Los Hermanos (Camelo)Nessa dicotomia “ame ou odeie”, eu fico no meio do caminho: não sou profundo conhecedor, mas gosto de várias músicas. E estava curioso em ver os caras de novo – minha última vez tinha sido no Porão do Rock de 2005. Já tinha assistido antes no próprio festival brasiliense em 2003, no Canecão (Rio de Janeiro) em 2002 – turnê de “Bloco do Eu Sozinho” – e no extinto Brasília FestRock de 2000 – época em que ainda estavam lançando o homônimo álbum de estreia. Ou seja, para um “não fã” até que tenho boa história com os Hermanos. Mesmo que não me emocione tanto – e nem saiba metade das letras de cor -, reconheço a coragem que eles tiveram em falar fundo sobre amor quebrando a barreira do piegas e do “brega”. Os arranjos bem elaborados e as letras carregadas de poesia completam esse clima de fascinação.

Los Hermanos (Barba)Com todos esses “predicados”, os encontros do Los Hermanos sempre são uma grande celebração. E não foi diferente dessa vez: músicas cantadas a plenos pulmões, pessoas se abraçando e chorando. Uma espécie de Legião Urbana da geração 2000, só que com mais momentos de mãos balançando do que de galera pulando. A sensação de “show parado” – pelo menos para um leigo como eu – foi quebrada na sequência “Tenha Dó”, “Quem Sabe” (Amarante, empolgado, desceu do palco para cantar na frente da galera), “Descoberta” e “Anna Júlia”, não por acaso faixas do disco de estreia, onde o quarteto tinha ligação mais forte com o rock. E retomada no set final em “Azedume” e “Pierrot”, outras duas do primeiro álbum. Outros pontos altos foram “O Vencedor”, “O Vento”, “Todo Carnaval Tem Seu Fim”, “Sentimental”, “Último Romance” e “De Onde Vem A Calma”.

Depois de passar antes por Salvador, FortalezLos Hermanos (outros dois)a, Recife, João Pessoa e Belo Horizonte, a turnê segue agora para Vitória (amanhã), Rio de Janeiro (próximo sábado), Curitiba (10/5), Porto Alegre (11) e São Paulo (18). Valeu como bonito reencontro após tanto tempo. Mas recomendo ao Los Hermanos que, quando voltar, venha com mais novidades para evitar a sensação de “mais do mesmo”.

Los Hermanos (set list)SET LIST

. A Flor
. Além Do Que Se Vê
. Retrato pra Iaiá
. O Vencedor
. O Vento
. Todo Carnaval Tem Seu Fim
. Condicional
. Corre Corre
. Primeiro Andar
. A Outra
. Morena
. Pois É
. Sentimental
. Samba a Dois
. Tenha Dó
. Quem Sabe
. Descoberta
. Anna Júlia
. O Velho e o Moço
. Paquetá
. Do Sétimo Andar
. Último Romance
. De Onde Vem A Calma
. Conversa de Botas Batidas

Bis
. Deixa o Verão
. Azedume
. Pierrot

Los Hermanos (público)

Um comentário sobre “Um bonito reencontro com Los Hermanos

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *

Você pode usar estas tags e atributos de HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <strike> <strong>