Blog voltar
|

Midnight Oil em Brasília: uma crônica emocional

Midnight Oil 1

Por Marcos Pinheiro
Fotos: Lyanna Soares

Não tem jeito: o rock dos anos 1980 está no meu sangue! E quando me refiro à década, falo de nomes do punk, pós-punk, new wave, gótico, synth/eletropop, indie, noise, college radio e derivados que invadiram o mercado, as FMs brasileiras (pós-Rock in Rio 1) e serviram de inspiração para aquela explosão de bandas nacionais. Sei que falar do som da época se tornou “over”, mas está na minha memória afetiva dos tempos de universitário ávido por descobertas musicais.

No meu particular “álbum” de bandas/artistas oitentistas que tive a oportunidade de assistir ao vivo – The Cure, New Order, U2, Echo & the Bunnymen, R.E.M., Morrissey/Johnny Marr, The Jesus and Mary Chain, The Cult, Pixies, Sonic Youth, The Police/Sting, The Pretenders, Simple Minds, Tears for Fears, Billy Idol, Sisters of Mercy, The Mission, A-Ha, Duran Duran, INXS, Prince, Eurythmics, Cyndi Lauper… – faltava uma figurinha importante, diria “rara”, que finalmente veio preencher essa lacuna: a australiana Midnight Oil.

Midnight Oil 2Lembro de ouvi-los pela primeira vez nas rádios brasileiras com “The dead heart”. Isso foi na virada para 1988 e, na época, confesso que confundia com “Orange crush”, do R.E.M., outra banda que começava a pintar no mercado nacional. Vacilei nas duas vezes anteriores em que o Midnight Oil passou pelo Brasil, em 1993 e 1997. Eles se separaram no fim de 2002 e, na minha cabeça, a chance de vê-los ao vivo tinha passado. Eis que na última terça-feira (2/5), o quinteto liderado pelo gigante Peter Garrett, 1,93m, não só voltou ao país como veio pela primeira (única?) vez a Brasília – e fez show com 1h55 de duração e 23 músicas que, na minha opinião, “lavou a alma” dos quase 1.800 presentes ao NET Live.

Midnight Oil 4Já que o espaço estava com menos da metade da capacidade ocupada, a circulação era absolutamente tranquila e o clima muito agradável. Para melhorar ainda mais o ambiente, vários amigos e conhecidos se juntaram na pista Premium perto do palco. E às 21h50, com pequeno atraso de 20 minutos – e após vinheta com o tema do clássico filme “Blade runner” (composto pelo grego Vangelis) -, Garrett, Rob Hirst (bateria), Jim Moginie e Martin Rotsey (guitarras) e Bones Hillman (baixo) abriram com “Bullroarer”, faixa do aclamado “Diesel and dust” (1987). O álbum, por sinal, dominou o repertório ao lado de outro disco famoso, “Blue sky minning” (1990) – cada um com cinco músicas (ver set list abaixo).

Midnight Oil 3Foi emocionante ver a energia de Peter Garrett, 64 anos, com voz ainda potente, danças desengonçadas/engraçadas e completo domínio de palco acompanhado por harmonioso “jogo” de guitarras, baixo marcante e bateria seca e precisa. Não parecia de forma alguma que o Midnight Oil estava há quase 15 anos longe da estrada! Como já tinham feito nos shows anteriores dessa “pernada” no Brasil – Porto Alegre, Curitiba, São Paulo e Rio -, os australianos mexeram bastante no repertório. Apresentaram exclusivamente em Brasília oito músicas: “Golden Age”, “One Country”, “Brave Faces”, “E-Beat”, “Tell Me the Truth”, “Bedlam Bridge”, “Concrete” e “Tin Legs and Tin Mines”, somando 53 músicas diferentes – de um total de 115 tocadas – nas cinco datas. Uma demonstração de integridade artística e comprometimento com os fãs que condizem com os fortes temas tratados nas canções: defesa das causas ambientais e indigenistas, críticas políticas e sociais, antimilitarismo… Postura punk com certo apelo pop.

Os grandes sucessos ocuparam a reta final do set. Antes disso a galera já tinha cantado junto em vários momentos, com destaques para “Sell My Soul” e a bela “My Country”. Mas não há como negar que o ponto alto veio na “matadora” sequência “The Dead Heart”/”Beds Are Burning”/”Blue Sky Mine”, com direito a duas breves pausas, e o encerramento com “Forgotten years” e “Truganini”. Numa de suas interações com o público, onde chegou a se “arriscar no português”, o vocalista pediu desculpas a Brasília por esperar tanto tempo para ver o Midnight Oil. Nada disso, Mr. Garrett: nós é que só temos a agradecer!

Midnight Oil 5SET LIST
. Bullroarer
. Golden Age
. Feeding Frenzy
. One Country
. Sell My Soul
. Brave Faces
. E-Beat
. Tell Me the Truth
. My Country
. When the Generals Talk
. Luritja Way
. Kosciusko
. Dreamworld
. Bedlam Bridge
. Concrete
. Best of Both Worlds
. The Dead Heart
. Beds Are Burning
. Blue Sky Mine

Bis
. King of the Mountain
. Tin Legs and Tin Mines
. Forgotten Years

Bis 2
. Truganini

Um comentário sobre “Midnight Oil em Brasília: uma crônica emocional

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *

Você pode usar estas tags e atributos de HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <strike> <strong>