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Entre o cover e o hard rock: “farofa” em dose dupla

DSC_5575Whitesnake 1

 
 
 
 
 
 
 
 
 
Por Marcos Pinheiro
Fotos: Lyanna Soares

Sou um apaixonado pelo rock e curto diversos estilos. Quem me conhece – ou simplesmente acompanha o Cult 22 – sabe disso. Mas existem certas coisas no gênero que tenho resistência ou sinto “preguiça”. Bandas cover são um ótimo exemplo: não tenho nada contra quem faz, mas evito ao máximo assistir – prefiro sempre o original, nem que seja só em vídeo. E hard rock em geral – com raras exceções – soa “datado”, clichê e chato. Eis que, num espaço de três dias, estive diante de duas atrações internacionais que navegam justamente por esses estilos. Dois shows que, aos olhos dos fãs, foram “sensacionais”. Mas que sinceramente não me empolgaram, foram uma “farofa” em dose dupla. Sintam-se a vontade para contestar – são só a minha humilde opinião.

DSC_5751A saga começou no domingo passado (25/9) com a apresentação do 2Cellos para quase duas mil pessoas no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Para quem não conhece, trata-se de uma dupla instrumental de violoncelistas formada em 2011 pelo croata Stjepan Hauser e pelo esloveno Luka Šulić, que já tem três discos lançados, num repertório que passeia por músicas de artistas variados do rock e pop em arranjos próprios para o instrumento. No show, que teve início às 20h30 e durou quase 1h20, os caras mostram que não tem mesmo (quase) nada de eruditos: é praticamente um concerto de rock com projeções vibrantes nos telões e dois músicos “empolgados”. Para reforçar esse conceito, ainda trazem para o set, a partir da oitava música, “Thunderstruck” (AC/DC), o baterista (também croata) Dusan Kranjc. O público se levantou eufórico – alguns até correram para a frente do palco! Stjepan Hauser, muito falante e simpático, usou até chifrinhos vermelhos iluminados ao melhor estilo Angus Young.

DSC_6355AC/DC, por sinal, foi o campeão de versões, pois ainda “marcou presença” com “You Shook Me All Night Long”, “Highway to Hell” e “Back in Black”. Seguido por Michael Jackson (“Human Nature”, “Smooth Criminal” e “They Don’t Care About Us”) e U2 (“Where the Streets Have No Name” e “With or Without You”). Ainda tiveram Coldplay (“Viva la Vida”), Muse (“Resistance”), Nirvana (“Smells Like Teen Spirit”), Rolling Stones (“(I Can’t Get No) Satisfaction”), Iron Maiden (“The Trooper”) e Led Zeppelin (“Whole Lotta Love”). Rolaram momentos “pop” – Avicii (“Wake me up”) e o encerramento com Rihanna (“We found love”) – e algo mais “trilha sonora” – a abertura com “Benedictus” (Karl Jenkins) e, lá pelo meio, “Mombasa” (Hans Zimmer, do filme “A origem”). Tudo executado com virtuosismo extremo.

Reconheço, claro, que o 2Cellos não é uma “banda cover” convencional. Existe ali um trabalho complicado de arranjos. Mas achei o show apenas “ok”. Foi a primeira vez que vi e já estou “satisfeito”. Nota 7,5.

DSC_7073Na quarta-feira (28) foi a vez do Whitesnake, que tocou para cerca de três mil pessoas no NET Live. Nas duas vezes anteriores em que esteve em Brasília, assisti o final do show na abertura para o Judas Priest (2011, Ginásio Nilson Nelson) e metade do que tocaram antes do Aerosmith (2013, Estádio Mané Garrincha). Essa, então, foi a primeira oportunidade de ver uma apresentação completa – e de constatar que definitivamente eu não gosto da banda. Os hits radiofônicos – “Love ain´t no stranger”, “Fool for your loving”, “Is this love?”, “Here I go again” – nunca me comoveram. Embora sempre cercado por bons músicos, David Coverdale não deixou que o grupo tivesse um line up permanente, a chamada “formação clássica” que se repete por vários discos – exceção apenas ao início da carreira, entre 1978 e 1981, cujo repertório é lembrado em apenas um momento no curto set de 14 músicas dessa turnê anunciada como “de despedida”.

DSC_6800Entre constantes trocas de integrantes, idas e vindas, o Whitesnake se perdeu no tempo. E junto disso a sua “relevância” na história do rock. Foi embora também (há anos) a voz possante – talvez o grande “diferencial” da banda – do “chefão” Coverdale, 65 anos completados seis dias antes do show em Brasília. Para sustentar o microfone, outros quatro integrantes fazem backing vocal – o único que não canta é o baterista Tommy Aldridge, 66 anos e em grande forma. Destaque também para o guitarrista Reb Beach (também do grupo Winger), 53 anos, desde 2002 ao lado de Coverdale.

DSC_6863Às 22h as luzes do NET Live se apagaram ao som mecânico de “My generation” (The Who). O Whitesnake entrou tocando “Bad boys” e, por quase 1h40, enfileirou sucessos – o set foi aquele mesmo que publicamos na quarta-feira passada. No meio do show, os velhos clichês que me incomodam tanto no hard rock: solos gigantes de guitarra, baixo e (o mais insuportável!) bateria. Os fãs deliram. Eu fui dar uma volta pelo salão, bastante tranquilo de transitar diante da meia lotação da casa. Para encerrar os trabalhos, alguns minutos de empolgação para mim: “Burn”, clássico de 1974 do Deep Purple, dos tempos em que Coverdale era o vocalista – e que o Whitesnake revisitou em seu recente “The Purple Album” (2015). Valeu também nota 7,5.

Confira álbum de fotos do 2Cellos (por Lyanna Soares Photography): Fotos

Confira álbum de fotos do Whitesnake (por Lyanna Soares Photography): Fotos

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