Rock in Rio 2015: rock do bom em dia (muito) pop

Por Marcos Pinheiro
Fotos: Rock in Rio (oficial) e Marcos Pinheiro

O primeiro dia dedicado ao pop do Rock in Rio 2015 – o penúltimo da maratona de sete dias do festival – também foi marcado por ótimos momentos de rock. E como não estamos aqui para falar de Rihanna, Sam Smith, Sheppard (quem?), Lulu Santos, Carlinhos Brown, Katy Perry, AlunaGeorge (hein?) ou Cidade Negra (no máximo, um “revival” de A-Ha), vamos continuar tratando do que nos interessa.

Sendo justo, o Palco Sunset começou de forma bem bacana neste sábado (26/9). Às 15h15 de uma tarde nublada, bem clima paulistano, a dupla (de lá) Brothers of Brazil fez um divertido set de 45 minutos tocando inicialmente músicas próprias, incluindo a já conhecida “Melodies from Hell”, faixa-título do mais recente disco (2014). Eis que João Suplicy e Supla chamaram o inglês Glen Matlock, 59 anos, ex-baixista do Sex Pistols. De cara, emendaram duas da lendária banda punk inglesa – “God save the Queen” e “Pretty vacant” – e mesclaram clássicos do rock – “(I’m Not Your) Steppin’ Stone” (famosa com The Monkees), “Surfin´Bird” (The Trashmen) e “Rock and roll” (Led Zeppelin) – com outras autorais. Entre elas, claro, a indefectível “Garota de Berlim”, dos tempos da banda Tokyo. Tudo se encaminhava para um desfecho com “Anarchy in the UK”, o que não aconteceu. Mas o clima de celebração ficou no ar sob a audiência do “papai” Eduardo Suplicy, que posou pacientemente para diversas fotos e selfies no meio do público. Em tempos de (justificada) rejeição aos políticos no país, o ex-senador ainda é uma honrosa exceção.

A vibe de grandes encontros permaneceu em alta com a reunião do Ultraje a Rigor com o “tremendão” Erasmo Carlos, a partir das 16h30. Diferente de muitos shows no Sunset, onde o convidado vai lá e canta duas ou três músicas, dessa vez a dobradinha funcionou em total interação. Começaram cantando juntos a clássica “Minha fama de mau”. Na sequência, a banda paulista assumiu o comando e mandou quatro sucessos. Erasmo voltou e dividiu com Roger “Eu me amo”, “Marylou” e “Ciúmes”. Aí foi a vez do veterano cantor, 74 anos, com voz insegura e falhando, trazer seus (bons) músicos de apoio para cinco músicas próprias, incluindo “É proibido fumar”. Para o encerramento, todos juntos no palco para um medley de “Festa de arromba” e “Nós vamos invadir sua praia”. Com a presença brasiliense do baterista Bacalhau (ex-Little Quail e Rumbora, hoje no Ultraje).

Bem mais tarde fiz minha primeira (e única) visita ao espaço Rock Street – muito distante dos palcos principais – nessa edição do Rock in Rio. Enquanto Lulu Santos estragava seu show no Palco Mundo mudando (mal) alguns arranjos de seus hits, o (agora quarteto) Autoramas se preparava para mais um show “matador”. Às 20h, Gabriel Thomaz (voz e guitarra), Érika Martins (voz, guitarra e teclados), Fred Castro (bateria) e Melvin Ribeiro (baixo) subiram mandando “Mundo moderno”. E em 50 minutos mostraram (mais uma vez) o quanto a nova formação está afiada. Mesclaram gravações mais antigas com recentes, com direito a “momentos brasilienses” em “I saw you saying” e “1,2,3,4″, ambas composições de Gabriel (veja o set list abaixo). O novo disco, O futuro dos Autoramas, por sinal, já está todo gravado e será lançado em breve, segundo adiantou o vocalista nos bastidores. A banda estará de volta a Brasília, dia 7 de novembro, na próxima edição do Churrasck´n´roll, no anel interno do Estádio Mané Garrincha.

Agora, a missão do Cult 22 no Rock in Rio 2015 está praticamente cumprida, pois a temporada de rock (rock mesmo!) por aqui já acabou. O último dia será apenas para “cumprir tabela”.