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Rock in Rio 2015: mais dois dias de peso

Lamb of God Público

Por Marcos Pinheiro
Fotos: Rock in Rio (oficial)

Por mais que se reclame do line up, o Rock in Rio 2015 celebrou o rock pesado em diversas vertentes. Depois do heavy metal/hard rock mais tradicional em 19 de setembro (Metallica, Mötley Crue, Angra, Royal Blood) com pitadas de industrial e nü metal (Ministry e Korn) e death/thrash (Gojira), o festival promoveu mais dois dias de “bateção de cabeça”, misturando metal alternativo, (mais) nü metal, stoner, gótico e sinfônico.

SOADNa quinta-feira (24/9), o destaque foi o System of a Down. Não vi entre o público dessa edição do festival tanta camiseta de uma só banda. E a multidão de fãs não se arrependeu. O característico duelo de vozes do libanês Serj Tankian e do descendente de armênios (e guitarrista) Daron Malakian empresta uma originalidade à mistura de sons. Espécie de festa árabe com gritaria, estranhezas, deboche e até certo ar “operístico”. Já tinha ficado impressionado no Rock in Rio 2011 quando eles vieram pela primeira vez ao Brasil. Show épico em músicas como “BYOB”, “Chop suey”, “Lonely day” e “Toxicity” num set longo.

QOTSAOutro destaque do Palco Mundo foi o já esperado Queens of the Stone Age. Confesso (joguem pedras!) que não sou tão fã da banda assim. E, ao vivo, sinceramente não me empolga. Som reto, quase hipnótico, por vezes arrastado. Mas Josh Homme e seus companheiros têm competência e muita relevância na atual cena do rock mundial, isso é inegável. Parte do público da noite, porém, não demonstrou entusiasmo, talvez guardando energias para a explosão sonora que viria depois. No set com 14 músicas, melhores momentos com “No one knows”, “My God is the sun”, “Smooth sailing”, “Little sister” e “Go with the flow”.

Hollywood VampiresMais cedo, o Hollywood Vampires dividiu opiniões. A banda, formada por estrelas do rock como o cantor Alice Cooper, o guitarrista Joe Perry (Aerosmith) e dois ex-integrantes do Guns n´Roses (Duff McKagan e Matt Sorum), ainda chama a atenção pela presença do astro de cinema e “gente boa” Johnny Depp. Mas o projeto é basicamente cover. E quem não sabia disso, sinto muito. Com exceção de “Raise the dead”, única composição própria – que abriu a apresentação -, todo o repertório revisita músicas de The Who (“My generation”, “I´m a boy”), John Lennon (“Cold turkey”), Jimi Hendrix (“Manic depression”), The Doors (“Break on through”), Led Zeppelin (“Rock and roll”) e The Rolling Stones (“Brown sugar”), entre outros. Uma homenagem a ídolos do rock que já morreram (onde se incluem Keith Moon, John Bonham e Brian Jones), como os próprios “vampiros de Hollywood” deixaram claro pelo telão no início do show. Com direito a mais convidados: Lzzy Hale (vocalista do Halestorm), Zakk Starkey, filho de Ringo Starr (e atual baterista do The Who) e do onipresente “arroz de festa” Andreas Kisser (Sepultura). A essa altura, pouco importa se Johnny Depp fez mais figuração do que tocou guitarra. A apresentação foi bem divertida e cumpriu com a função.

Lamb of GodO Palco Mundo foi aberto pela paulista CPM 22. Melhor não comentar. Não era boa no auge, pior ainda nessa fase de ostracismo. Passemos ao Palco Sunset, que teve como grande destaque o Lamb of God. A banda americana abriu grandes rodas de pogo com um som violento e virulento e ótimas projeções com cenas de guerras, holocausto, miséria e intolerância religiosa. “Desgraceira” total! Tecnicamente empatou, para mim, com o System of a Down como os melhores shows da quinta-feira.

DeftonesOutro ponto alto, pelo menos para o público, foi a já veterana Deftones, liderada pelo carismático Chino Moreno (foto), em sua viagem pesada que vai da melancolia e psicodelia ao rap metal. Também não curto muito, aguentei ver uns 20 minutos só. Antes, o Halestorm, em sua primeira visita ao Brasil, fez show regular e genérico, mas que se notabilizou pela voz gritada e ótima presença de Lzzy Hale e de seu irmão, o “presepeiro” baterista Arejay Hale. Não consegui ver as paulistas Project46 e John Wayne, que abriram o Sunset.

SEXTA-FEIRA (25/9)
MastodonNo Palco Mundo, o Mastodon roubou a cena com seu groove pesado de bateria “trigada” e guitarras setentistas. Muito interessante – não sabia – é que os quatro integrantes cantam, com destaques para o baixista Troy Sanders e para o guitarrista-com-visual-hippie Brent Hinds. Pela primeira vez no Brasil, o quarteto americano saiu também como candidato a um dos melhores shows do festival.

SlipknotTalvez o mesmo possam dizer os fãs do Slipknot. A agitação do público foi gigantesca durante a atração principal da noite. A já conhecida performance, com máscaras horripilantes, labaredas de fogo e o percussionista tocando em plataforma suspensa, estava toda lá. O vocalista Corey Taylor trata os fãs com intimidade (“my friends, my family”) – e fala bastante durante o show. Toda a presepada teatral parece mesmo fazer efeito – pelo menos tem muita gente que gosta. Não me convence, nem diz nada. Sorry.

Faith No MoreAntes, o Faith No More, de volta ao Rock in Rio após quase 25 anos. Com todos os integrantes vestidos de branco ao estilo “pai de santo”, a banda apresentou um show curto e bem “morno”, mas cheio de sucessos: “From out of nowhere”, “Evidence” (cantada em “portunhol”), “Epic”, “Midlife crisis”, a manjada versão de “Easy” (The Commodores), a também versão de “I started a joke” (Bee Gees) e “We care a lot”, entre outros momentos. Só que Mike Patton, provavelmente “alterado”, resolveu dar um “mosh” logo no início e se deu mal caindo de costas na frente do palco. Com o corpo doído, sua voz não rendeu. Mesmo assim, foi sempre divertido, e conversou em português usando algumas expressões em espanhol – “Tranquilo”, “Seguro”, “Puta que los pariu”… Mas o Faith No More, claro, já teve noites bem melhores no Brasil.

Clássicos do TerrorO Palco Sunset foi aberto por show em homenagem aos “Clássicos do terror”. Mais engraçada que assustadora, a banda comandada pelo paulista André Abujamra (foto, ex-Karnak) e pelo vocalista americano Constantine Maroulis revisitou temas de filmes como “Halloween”, “O bebê de Rosemary”, “Cemitério maldito”, “A profecia” e até “Ghostbusters”, além de clássicos do “rock horror” de Black Sabbath, Ozzy Osbourne e Iron Maiden. Bacana pelas presenças brasilienses do guitarrista André Moraes (ex-Mata Hari e hoje atuante em trilhas de cinema) e do baterista Fred Castro, ex-Raimundos, atual Autoramas. Aliás, muita gente gritou o nome da banda quando Fred foi apresentado.

NightwishNa sequência, a portuguesa Moonspell, também tocando pela primeira vez no país, passeou entre o gothic e o doom metal. E contou com um convidado de respeito: Derrick Greene, que cantou quatro músicas, levando a plateia ao delírio com duas do Sepultura, “Territory” e “Roots bloody roots”. Já a finlandesa Nightwish mostrou seu metal sinfônico, também com acento gótico, agora sob o comando da holandesa Floor Jansen (foto). O set, com apenas nove músicas, trouxe três do novo disco, Endless forms most beautiful, lançado em março – justamente o que marca a estreia da nova vocalista. E chegou a passear por alguns momentos das antigas cantoras, Tarja Turunen e Anette Olzon. Os fãs cantaram junto, mas com certeza sentiram falta de mais coisas.

Steve VaiJá a apresentação que fechou o palco secundário foi absolutamente deslocada. Juntar a guitarra virtuosa de Steve Vai com uma pequena orquestra, a Camerata Florianópolis, pode até ser bacana num teatro ou espaço para até 5 mil pessoas. Mas não funcionou em uma arena grande como a do Rock in Rio. Foi bem chato!

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