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Plebe Rude rouba a cena no Circuito Banco do Brasil

Plebe Rude 2 CBB 2014

Por Marcos Pinheiro
Fotos: Lyanna Soares

Se eu disser que, dos cinco shows que agitaram a etapa brasiliense do Circuito Banco do Brasil – reunindo quase 20 mil pessoas na tarde/noite de domingo (19/10) -, o que mais gostei (disparado) foi o da Plebe Rude, os leitores desse blog dirão com certeza que está na hora desse velho escriba se aposentar. A reunião da veterana banda brasiliense com os remanescentes da Legião Urbana – leia-se, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá – foi carregada de saudosismo, claro, mas também de muita energia rocker. Apesar da nítida falta de ensaio, somada a alguns problemas técnicos, a jam oitentista foi emocionante. Infelizmente – ou felizmente, vai saber – tenho sofrido de certa intolerância com “novidades do momento” (o que é Panic! At the Disco?). Isso não quer dizer que não gostei do Linkin Park, a atração principal. Mas vamos por partes…

Cheguei ao estacionamento do Estádio Mané Garrincha por volta das 16h45. Até entrar, não deu tempo de ver o show de abertura, da carioca Hover, vencedora de um concurso de bandas independentes. O calor era de derreter, mas a arena já começava a ficar cheia. Na chamada Pista Premium estava muito fácil se locomover, o que na verdade permaneceu até mesmo na hora de pico, dado ao tamanho (um tanto quanto exagerado) do espaço, com aquela enorme distância entre palco e pista “normal”. Fora isso – e algumas falhas de som durante a Plebe -, o festival primou pela excelência de estrutura e pela pontualidade. O maior “atraso” aconteceu no Linkin Park: 10 minutos. Dá pra relevar, né?

Plebe Rude CBB 2014Às 17h22 entrou a Plebe Rude. O quarteto, com os originais Philippe Seabra (voz e guitarra) e André X (baixo), o conhecido Clemente (voz e guitarra, também do Inocentes) e o novato Marcelo Capucci (bateria), começou tocando três antigos “cavalos de batalha”: Brasília, Minha renda e A Ida. A coisa começou a “esquentar” a partir da quarta música, Pressão social – que a Plebe gravou no álbum Mais raiva do que medo (1992) a pedido, aliás, de Renato Russo. No palco, Dado Villa-Lobos foi convidado a tocar guitarra e a dividir as vozes com Seabra. Na sequência, Marcelo Bonfá entrou em cena tocando (e cantando) e, numa formação com três guitarras, duas baterias e baixo, a gig ganhou outra proporção. O set homenageou a Legião Urbana com Conexão Amazônica, Será, Tempo perdido, Teorema, Geração Coca-Cola (num medley improvisado e esquisito com Faroeste Caboclo) e o mais que oportuno Que País é Esse? – com o indefectível coro “É a porra do Brasil!” sempre entoado pelo público. Tudo bem que os vocalistas erraram trechos das letras e Philippe Seabra se entusiasmou em excesso, dando alfinetadas no rock brasileiro atual (sobrou até, subliminarmente, para os conterrâneos/contemporâneos do Capital Inicial), ao mesmo tempo em que exaltava a importância da geração 1980 para a afirmação de Brasília na música nacional. Para finalizar, outros dois clássicos da Plebe, Proteção e Até quando esperar. Uma grande reunião entre amigos de quase 55 minutos que, se em alguns momentos falhou tecnicamente, superou-se pelo valor histórico e foi recebida com muito carinho pelos fãs, principalmente durante as músicas da Legião. De arrepiar! (Confira mais fotos da Plebe Rude).

SkankPor volta das 18h55 começou o Skank. Simpático, o vocalista Samuel Rosa sabe entreter a massa e os mineiros têm um caminhão de hits, vários deles tocados durante a apresentação – É uma partida de futebol, Saideira, Jackie Tequila, Garota nacional, Vou deixar e outros que nem sei o nome -, os covers de praxe – É proibido fumar (Roberto Carlos) e Vamos fugir (Gilberto Gil) – e algumas canções mais recentes, inclusive do novo disco, Velocia. Tudo legalzinho para a galera pular e cantar, mas que soa (para mim sempre soou) muito insosso. Num “placar pop nacional”, perde para Lulu Santos, empata com Nando Reis e vence o Jota Quest – o que não é lá grande coisa, convenhamos. Não chega a “ofender”, mas não pagaria ingresso para assistir (Confira mais fotos do Skank).

Panic! At the DiscoEram 20h23 e lá veio o tal Panic! At the Disco – ou “Panicat”, segundo ironizou o amigo Cristiano Porfírio, do site e programa Na Rota do Rock. A banda de Las Vegas (EUA) tem 10 anos de estrada, quatro discos e faz pop dançante com batidas eletrônicas numa aura beeeeem emo. Tudo bem que o vocalista Brandon Ure é performático, dá cambalhota no palco, toca piano e até bateria, canta bem e, claro, fica sem camisa em boa parte do show – as meninas e (certos) meninos adoram! As frenéticas projeções também são bacanas. Mas aguentar uma hora e pouco daquilo foi dose para elefante! Para se ter ideia, o ponto alto, na minha humilde opinião, foi a correta (e fiel) versão que fazem de… Bohemian Rhapsody, clássico do Queen. Afinal, afetado por afetado, Freddie Mercury era um mestre. E com mais talento! Mas vale reconhecer: não fosse um festival assim, uma banda com este perfil jamais tocaria em Brasília. Valeu, então, para quem gosta. (Confira mais fotos do Panic! At the Disco).

Linkin Park CBB 201422h10 e eis que o prato principal da noite era finalmente servido. Afinal, a arena desde cedo estava coalhada de camisetas pretas do Linkin Park. A banda californiana é, sem dúvida, um ícone do chamado new metal, mistura de rock pesado com elementos do hip hop e eletrônico. Os dois primeiros discos – Hybrid Theory (2000) e Meteora (2003) – se tornaram clássicos do gênero e reúnem, para mim, o melhor da obra do sexteto liderado por Chester Bennington e Mike Shinoda. No meio do caminho eles andaram se perdendo em gravações com excessos de samplers e sentimentalismo. Mas parece que recuperaram fôlego no novo The hunting party, lançado em junho deste ano, e que contribuiu com cinco músicas no set – a começar por Guilty all the same, que abriu a apresentação, com 1h35 de duração. Seguiram-se vários sucessos: Given Up, One Step Closer, Castle of Glass, Burn It Down, a dobradinha Numb e In the End (delírio total da galera!) e o “bis” com Lost in the Echo, a também nova Until It´s Gone e mais What I’ve Done e Bleed It Out, entre outras. Analisando como um “não fã” – nem da banda, nem do estilo -, achei o início muito bom, o meio da apresentação chato, com uma ótima reviravolta a partir de Numb, indo bem até o final. Tudo recheado por belíssimas projeções, de encher os olhos. Saldo positivo. (Confira mais fotos do Linkin Park).

Independente de gostos musicais – e da certa intransigência desse que vos escreve -, ficou a boa sensação de que um novo festival com atrações internacionais está surgindo com força no país, mesmo que com proporções bem menores do que um Lollapalooza ou Rock in Rio. Um fato a se comemorar, ainda mais com o recesso (fim?) do Planeta Terra após sete anos consecutivos. E o que é melhor: com Brasília incluída na rota. Em 2013, vieram Stevie Wonder e Jason Mraz. Agora, Linkin Park e Panic! At the Disco. O que esperar para 2015? Só resta aguardar… e torcer.

Um comentário sobre “Plebe Rude rouba a cena no Circuito Banco do Brasil

  1. Acho bem mais legal um festival pequeno assim, mas com bandas boas e conhecidas do que mega festivais com 50 atrações por dia, das quais vc quer realmente ver 3.

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