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“Sobrevivi” ao Dream Theater

DT Abertura

Por Marcos Pinheiro
Fotos: Lyanna Soares

Assistir a três horas de show de uma banda que você não conhece muito – e o que ouvi, achei chato – definitivamente não é tarefa fácil. Mas lá estava, em nome do rock, na noite de terça-feira (7/10) para conferir a segunda vinda do Dream Theater a Brasília. Claro que eu era exceção em meio às quase três mil pessoas que bateram ponto no NET Live Brasília, vibrando e cantando junto – muitos, inclusive, vestiam camisetas de estampas variadas do quinteto norte-americano. Antes que os fãs me apedrejem, aviso que gostei da competente apresentação… embora muito do que vi/ouvi ali me remeta a outros nomes que considero bem mais dentro da vasta história do rock.

DT vozEram 20h58 quando as luzes se apagaram para a projeção de uma retrospectiva de capas de discos do Dream Theater. O público delirou. Nada inédito e que, de cara, me fez lembrar do Pink Floyd. Aliás, as imagens nos telões ao longo do show eram semelhantes aqueles cenários fantasiosos-psicodélicos-sinistros comumente exibidos pela banda de Roger Waters & David Gilmour. Se o conceito visual “homenageia” os ingleses, o som tem muito… de Rush! Peso que resvala no hard/heavy metal – lembra também algo de Iron Maiden – misturado a viagens progressivas, com passagens de teclados e longas suítes que tem um quê do Yes. Não à toa aquilo se chama progmetal – ou metal progressivo, em bom português!

DT guitarraLendo isso, pode parecer que achei o DT completamente derivativo. Não é verdade. John Petrucci é, sem dúvida, um dos grandes guitarristas de rock desses últimos 25 anos. O cara dá “aula” no palco e empresta muita personalidade a uma banda que ainda conta com os talentos do excelente tecladista Jordan Rudess e do baixo de John Myung. Não curto muito a voz de James LaBrie – talvez o “lado chato” que tinha achado ao escutar os discos. E, como baterista, sinceramente preferia o Mike Portnoy ao substituto, Mike Mangini.

DT baixoO repertório foi exatamente aquele das quatro apresentações anteriores no Brasil – Porto Alegre, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro – e que publicamos por aqui. Começou com músicas do mais recente álbum, Dream Theater (2013), revezando com algumas dos dois anteriores, Black Clouds & Silver Linings (2009) e A Dramatic Turn of Events (2011), e uma mais antiga, de Falling Into Infinity (1997). Terminada a primeira parte, após 1h20 de show, seguiu-se um intervalo de 15 minutos com direito à exibição de um divertido vídeo que mostra bastidores da banda, os músicos sendo “vendidos” como bonecos – em anúncios estilo Power Rangers – e até um inusitado “tocador de triângulos” que faz de tudo para ser integrante do DT.

DT tecladosDe volta ao palco, a segunda parte, com uma hora de duração, é quase toda dedicada ao álbum Awake (1994) finalizando com a suíte Illumination Theory do novo disco. Nem deu tempo para “respirar” e a banda já estava de volta para o “bis” só com músicas de Metropolis Pt. 2: Scenes from a Memory (1999) abrindo com a ótima Overture 1928 e fechando com Finally Free. Era 0h03 quando os cinco músicos se despediram de um público totalmente extasiado e que ainda gritava por “mais um”. Saí com a sensação de dever cumprido. Não virei fã. Mas entendi perfeitamente o motivo de toda aquela adoração: as fontes musicais das quais o Dream Theater bebe são das melhores.

Confira álbum com fotos do show (por Lyanna Soares): https://www.facebook.com/media/set/?set=a.977281415620996.1073741853.488074504541692&type=1

Saiba mais sobre o Dream Theater: http://www.cult22.com/blog/arquivos/22826

DT bateria

Um comentário sobre ““Sobrevivi” ao Dream Theater

  1. O Dream Theater é muito mais do que um show de set list parcialmente questionável… é uma ideologia filosófica musical, não dá pra expressar isso objetivamente através de mera curiosidade em ir em um show isolado apenas. Cada um daqueles senhores em cima daquele palco baixo e de péssima sonorização do Net Live Brasília eram uma ponte entre o Ain Soph Aur (a habitada do inefável) e o Malkuth (a terra mundana do SHTN) consubstanciada através de compassos compostos e solos delirantes em modo frígio. Eles são, de longe, a manifestação musical mais espetacular que surgiu nesse plano material. Deus abençoe todos eles, vida longa ao metal progressivo.

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