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Na Rota do Rock Brasília – parte 4

Alguns dizem que a primeira impressão é a que fica. Outros acham que é a última. De uma forma ou de outra, o Festival Na Rota do Rock Brasília se encerrou na noite de sábado (6/12) com a sensação de que, apesar dos percalços, cumpriu com seu objetivo. Como na estréia, quarta-feira (3/12), no UK Brasil, a despedida também foi com casa cheia, bandas empolgadas no palco e público bastante agitado, que transformou o Gate´s Pub em verdadeiro “inferninho” do rock and roll.

Mais de 250 pessoas passaram pelo local ao longo da noite e vibraram desde a primeira atração, a novata Alcoopop, que deu início aos trabalhos às 22h35 e levou à Asa Sul diversos amigos e fãs de Brazlândia (sua cidade de origem) e Samambaia. Tocando pela primeira vez no Plano Piloto, o quarteto impressionou pelo instrumental afiado, com ecos de pós-punk e do indie rock anos 90, com direito a uma versão de Zero, do Smashing Pumpkins. A líder Karina mostrou boa presença de palco, que compensou a voz limitada. Com um pouco mais de estrada, a banda pode vingar.

Às 23h20 foi a vez do quarteto de death/thrash metal Bruto, que já se tornou figurinha carimbada em diversos eventos do rock pesado pelo Distrito Federal. O som faz jus ao nome e não dá trégua aos ouvidos. Bateria acelerada, guitarra de riffs poderosos e o vocal gutural de Paulo Henrique “Kbça”, que gentilmente cumpriu com seu compromisso, apesar da filha doente no hospital. Diante de um público que começava a ficar numeroso e ensandecido, a banda fez ótimo show. Já está na hora de lançar o primeiro CD.

Mantendo o pique anterior, o Macakongs 2009 entrou por volta da 0h10 e emendou mais porrada tocando músicas de seus quatro discos, incluindo o recente Tropicanália. Traidô tem voz potente e sabe interagir muito bem com a galera. O baixista e grande “brother” Phú, com a indefectível bandana ao estilo Mike Muir (Suicidal Tendencies), comanda uma “cozinha” poderosa ao lado do baterista Fredvan. Fabrícius teve problemas para ajustar sua guitarra no início, mas superou as dificuldades e a banda foi um dos destaques da noite.

Um intervalo maior se seguiu para ajustar o Gilbertos Come Bacon. Não foi tarefa fácil colocar sete músicos, munidos de tambores, escaletas e outras parafernálias, no pequeno palco do Gate´s. Mas a experiência, que já tinha dado certo na seletiva para o Porão do Rock 2008 - a banda conquistou vaga para o festival tocando em julho no mesmo local -, repetiu-se, embora, em alguns momentos, o show (que começou por volta de 1h) tenha soado meio confuso. A mistura de hardcore com embolada, maracatu e outros ritmos regionais é um diferencial que fez da banda uma das revelações da temporada, conquistando público sobretudo no meio universitário.

Era 1h50 quando a atração mais esperada, não somente da noite, mas talvez do festival todo, entrou no palco. Muita gente estava do lado de fora da casa apenas esperando este momento e praticamente lotou o Gate´s de uma vez só. Afinal, nos últimos três anos, o Cabeloduro, embora nunca tenha se separado oficialmente, só fez um show. E a razão para tanta expectativa foi confirmada. Embora parecendo um pouco desentrosada em alguns momentos, o quarteto demonstrou o carisma que o tornou um dos principais nomes da cena hardcore nacional nos anos 90. Entre piadas entre os integrantes e pequenos vacilos técnicos, Podrinho, Gazu, Daniel e Ralph promoveram um desfile de “hits” underground: A barca, Pinga com Limão, Foda-se, Jump!, Punk rock song, Canção de amor (atendendo aos pedidos insistentes dos fãs)… A esta altura, o público, cheio de cerveja na cabeça, invadiu o palco, cantou junto, zoou. O Gate´s viveu uma noite inusitada. Ao final, após 45 minutos de pauleira, e já sem repertório ensaiado, restou ao grupo tocar covers de Circle Jerks (também a pedidos) e de surf rock. Que tenha sido a primeira de várias novas apresentações!

E assim terminou o Festival Na Rota do Rock Brasília : quatro dias, quatro lugares, 19 bandas de diferentes estilos e gerações, 18 horas de rock and roll e um público total de 700 pessoas aproximadamente. Podia ter sido melhor, mas, na atual conjuntura, esteve longe de ter sido um fracasso. Que a experiência da mistura promovida pelo evento tenha valido para todos!


Fotos:
Marx Menezes e Rômulo Campos (programa Synergia)

2 comentários sobre “Na Rota do Rock Brasília – parte 4

  1. Como diria o filósofo contemporâneo Vicente Matheus,”Quem tá na chuva,é pra se queimar”.Pelo menos a semente da diversidade musical,estilística,sexual etc..num evento itinerante de pequeno porte foi plantada,o que vier depois é lucro.

  2. Como foi visto na noite de sábado dia 06/12 o evento na Rota do Rock Brasília começou dentro do previsto, a galera em peso estava no gate’s pra prestigiar as bandas.. Como dito que a voz da vocalista da banda Alcoopop, que por sinal mostrou um som pós-punk com efeitos muito bons, era limitada,e mesmo não conhecendo a banda de outros carnavais achei o comentario desnecessario, pois se a voz dela é limitada o que é a voz da banda Macakongs?? sem limitações é a resposta..! pela cara que caminham por ai já deviam ter melhorado nessa parte e muito! Se na hora do zero do Smashing Pumpkins, fosse outra “banda” que tivesse cantado, nada teria se entendido! Ao meu ver, mesmo que a voz vocalista seja ” limitada” como dito, ao menos tem uma letra e não só gritaria sem limitações como da banda Makacongs, nessa hora ” da letra” é melhor deixar só os instrumentos.. mas.. como sempre vai ser, os bons, ainda mais se forem novos em qualquer local, nunca terão prestigio afinal, quem é Alcoopop? uma banda de Brazlândia que nem acreditei que estaria no evento.. devem ter pensado que seria uma bosta e quando viram que não, tratam logo de menosprezar.. mas é isso ai.. fazer o que.. para alguns rocknroll só se limita à barulho! Parabéns pra todas as bandas, até para as que são desprovidas de letras!

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