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Na Rota do Rock Brasília – parte 3

Terceira noite do Festival Na Rota do Rock Brasília. O clima era de notória apreensão entre produtores e músicos. Afinal, a concorrência na sexta-feira (5/12) era grande, muitos eventos rolando em Brasília, sobretudo o Festival Cuca de Copas, que reunia ninguém menos que Matanza e Autoramas, duas das bandas mais bem-sucedidas do mercado independente nacional, no Arena Futebol Clube. O jeito era encarar o desafio.

O resultado, ao final, foi mais ou menos o esperado: nem tão cheio como no UK Brasil, nem tão vazio quanto no Blues Pub. Cerca de 150 pessoas passaram pelo Blackout Bar (904 Sul). Pouco para o espaço, que pode abrigar mais de 500. Seria excelente se tivesse sido em Taguatinga.

Como na véspera, as bandas não se abateram. Às 22h40, o Terror Revolucionário, do batalhador underground Fellipe CDC, abriu a noite mandando muita porrada ao melhor estilo grindcore. Entre palavras de agradecimento à organização pela iniciativa do festival e discursos de apelo ao público para que perca o preconceito contra a mistura de estilos, não faltaram momentos irônicos. “Calma, gente, essa ’desgraceira’ tá acabando. Já já começam a tocar as bandas boas”, riu CDC.

Às 23h25, foi a vez do quinteto Os The Los, estreando nova formação, com o baixista Sérgio Ronald e o baterista e produtor Riti Santiago. A vocalista Carla reclamou da falta de retorno nas caixas do palco e mostrou certa timidez, desafinando um pouco. Mas a banda, que está em fase de pré-produção do segundo CD, reuniu bom número de fãs e amigos com repertório pop, letras de amor e sobre relacionamentos humanos. Saiu do palco bem aplaudida.

O Superquadra foi a terceira atração, com início a 0h10. Confesso que tenho particular admiração pelo trabalho do vocalista e compositor Cláudio Bull, com letras inteligentes e metaforicamente sensíveis e sonoridade moderna. Pena que a grande maioria do público não entenda a proposta. Para mim, músicas como Atlântico, 2,3 Baladas e Saída Sul são potenciais hits em qualquer rádio mais antenada. Está na hora de o grupo ser “descoberto” de verdade.

A partir do show de Rafael Cury & the Booze Bros. a platéia passou a prestigiar e interagir mais. Era quase 1h quando o combo blues-rock, reforçado pelas backing vocals Ana Voiss e Nanih Junho, emprestou uma aura setentista ao festival, com repertório calcado no ótimo CD de estréia, Trapped in the past, lançado na virada para 2008. “Em que lugar do mundo a gente assiste a um show destes por apenas R$ 7?”, comentou alguém comigo, visivelmente maravilhado com a performance estilosa e arrebatadora de Rafael e sua banda. Na penúltima canção, a elétrica One for the summer , a noite teve seu primeiro ponto alto de resposta da galera. Muito bom!

A 1h45, após algumas dificuldades no ajuste da guitarra, chegou a hora de um “patrimônio” do punk rock candango. Contabilizando quase 25 anos de história, o Detrito Federal, nos vocais ainda poderosos de Alex Podrão, botou a platéia para pogar o tempo inteiro, com direito a uma novíssima música, Eu ainda uso coturno, composta, segundo eles, momentos antes do show. “É uma resposta a certas pessoas, sobretudo da imprensa, que dizem que ficamos para trás depois do sucesso de Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude”, bradou Bosco. Podrão cantou lendo a letra em um pedaço de papel, o que reforçou a novidade. O show contou com as participações dos “brothers” Alex e João, da banda Faces do Caos, e terminou com uma seqüência “matadora”: Álcool, Gilberto Salomão, DesempregadoSe o tempo voltasse.  Uma viagem aos anos 80 sem sair do lugar.

2h30 e o Etno, grande vencedor da enquete promovida pelo nosso site, subiu e contagiou não somente aos fãs, mas também quem não os conhecia muito bem. Impressionante o profissionalismo e a performance do quarteto, liderado por Tiago Freitas, na minha opinião uma das melhores vozes da nova geração brasiliense. A banda ora soa como Rage Against the Machine, ora como O Rappa. Ou seja, som pesado com levadas brasileiras e letras de reflexão social e críticas políticas. Em um determinado momento, o show tomou ares de culto, com as luzes do palco apagadas e a galera, resistente, acendendo isqueiros ou as luzes dos celulares. A empolgação foi tanta que o set se prolongou por quase uma hora, com repertório baseado no conceitual álbum de estréia, Revolução silenciosa, lançado este ano, além de versões pesadas de Lenine (Olhos negros) e Nação Zumbi (Meu maracatu pesa uma tonelada), que encerrou a brilhante apresentação.

A maratona do Festival Na Rota do Rock Brasília chega a seu ponto final hoje (6/12), no Gate´s Pub (403 Sul), com mais cinco shows, a partir das 21h30: Alcoopop, Bruto, Macakongs 2099, Gilbertos Come Bacon e o aguardadíssimo retorno do Cabeloduro. Ingressos a R$ 7,00 (até 22h30) e R$ 10,00 (após).

Fotos: Marx Menezes e Rômulo Campos (programa Synergia)

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