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Números para consolar… ou se desesperar!

Há 15 dias, após aquela derrota para o Vasco, meio que jurei não fazer mais contas de rebaixamento e achava melhor deixar quieto o assunto Fluminense no Brasileirão 2008. A perda do título da Libertadores para a LDU, quatro meses antes, já tinha sido tristeza suficiente. Ainda passar pela humilhação de nova queda para a Série B, então…

De lá pra cá, jogamos mais três partidas, vencemos duas – o garoto Maicon (foto) nos salvou contra a Portuguesa, sábado passado -, fomos a 40 pontos, em 15º lugar, e as coisas melhoraram um pouco – baixamos para 25 ou 26% o risco de rebaixamento, de acordo com os matemáticos. Nada que me faça respirar aliviado. Os dois próximos jogos são “pedreira” – São Paulo, no Morumbi, é derrota certa - e temos que conquistar pelo menos um ponto (melhor se forem três) para chegarmos na última rodada, no Maracanã, diante do Ipatinga, com a corda bem mais frouxa no pescoço. A partida contra o Internacional, provavelmente escalado com um time reserva, domingo, no Beira-Rio, é o que pode determinar a nossa salvação mais cedo – ou nos manter em desespero até o fim. Aliás, não tenho (ninguém tem) certeza se vencer os mineiros será suficente para evitar a degola.

Como o “fator Libertadores” foi fundamental para o drama que o Fluminense ainda está vivendo a três rodadas do fim do campeonato, resolvi fazer uma matemática que parece manipuladora, mas bem elucidativa do caso. Para quem não sabe, nas oito primeiras rodadas do Brasileirão, o então técnico tricolor Renato Gaúcho (esquerda) decidiu poupar 99% dos titulares em seis jogos, por conta dos duelos decisivos do torneio sul-americano. Em dois, o time entrou em campo completo (ou quase), mas visivelmente focado na outra competição. Resultado: somou apenas três pontos (três empates) em 24 possíveis. Na nona rodada, quatro dias após a decepcionante decisão por pênaltis, voltou a campo totalmente perturbado e perdeu para o Goiás, por 1 x 0, no Serra Dourada. Mas, já na partida seguinte, conseguiu a primeira vitória, ao bater o Atlético-PR por 3 x 0, no Maracanã.

É a partir daí que começam as minhas contas, da 10ª rodada, quando supostamente o Fluminense passou a disputar de verdade o campeonato. Vejam só: desde então, jogamos 26 partidas e somamos 37 pontos, aproveitamento de 47,43%. Nada excepcional, mas que, zerando a pontuação de todos, nos deixaria em um confortável 10º lugar empatado com o Santos, 11 pontos à frente do Náutico, que seria o primeiro a encabeçar a zona do rebaixamento neste “campeonato paralelo” – que teria ainda Vasco (26), Portuguesa (24) e Figueirense (23), nesta ordem, entre os últimos colocados.

Já que não tinha nada mais pra fazer mesmo, calculei outra coisa: o desempenho do Fluminense nas últimas sete rodadas, desde quando Renê Simões (direita) assumiu o comando e nos tirou do buraco maior. Os números são ainda mais animadores: em 21 pontos possíveis, somamos 13 (61,9%), e fomos superados apenas por São Paulo (19) e Flamengo (14). Atlético-MG, Atlético-PR e Grêmio também fizeram 13, com igual número de vitórias (4), mas saldo de gols pior que o nosso. Entre os oito clubes que ainda lutam para não cair (incluindo o Santos, que praticamente já se livrou), temos a melhor campanha no período. A pior, disparada, é do Figueirense (3), em franca decadência, seguida por Ipatinga (7) e Portuguesa (6). Santos e Náutico têm 10 e o Vasco, 11.

Resumo da ópera: o Fluminense está pagando muito alto pela estratégia adotada no início do Brasileirão. Pelos números aqui descritos, seria muita sacanagem sermos rebaixados. Mas depois da Libertadores, onde eliminamos de forma épica São Paulo e Boca Juniors, terminamos com a melhor campanha, tivemos seis jogadores na seleção do torneio, mas fomos derrotados pela LDU, a justiça no futebol – se é que já existiu algum dia - foi para o espaço há muito tempo.

3 comentários sobre “Números para consolar… ou se desesperar!

  1. Sempre vou discordar disso. Ate porque, se o time titular jogou contra o Santos e o Gremio por estar focado na Libertadores, o que voce queria? Que eles entrassem “focados” no Brasileirao àquela altura? Nao tinha o que fazer. Jogamos com os titulares e perdemos. E contra o Santos ainda levamos um gol no ultimo minuto. O time perdeu o foco no ultimo minuto? Por que esse resultado nao contaria?

    O maximo que o tecnico pode fazer é botar os titulares. E foi o que ele fez. E dizer que o time entrou abatido contra o Goias e nao considerar esse jogo é muita complascência tambem. Se tivessemos ganhado esse jogo, duvido que voce ia dizer que o time entrou abatido.

    E, na verdade, todo e qualquer time que se preze teria feito o mesmo que o Fluminense – como sempre fizeram, alias, sao paulo, santos, internacinoal, gremio e todos os outros que foram longe na libertadores nos ultimos anos: nao escalaram times mistos. Puzeram, sim TODOS os reservas ate acabar a libertadores. Num universo de 38 jogos, voce escalar os reservas em seis, sobram 32 pra se recuperar. É tempo de sobra. A merda nao foi perder os jogos com os times reservas. A estrategia foi certa e, nao fossem os penaltis maus cobrados na final da libertadores, todos estariam aqui elogiando o fluminesne, que teria apostado certo ao priorizar a competição mais importante.

    A merda é perder pro Ipatinga com o time jogando junto há varias rodadas. É perder pro Coritiba no Maracanã. É tomar um vareio do Inter e do Cruzeiro no Maracanã. É empatar com o Sport e com o Goiás no MAracanã. É tomar de tres da Portuguesa fora de casa. Isso é nao fazer o dever de casa.

  2. Felipe, minha discordância do Renato Gaúcho não foi somente pelo fato dele ter poupado os titulares. Mas por ter deixado o Brasileirão em último plano, menosprezando o campeonato como se não tivesse a mínima importância. E ainda arrotando grandeza com a famosa frase “se ganharmos a Libertadores, vamos brincar no Brasileiro”.

    Claro que, naquele momento, a Libertadores era mais importante. Mas outros treinadores, como Muricy, Luxemburgo, Abel ou Leão, mesmo escalando reservas ou mistões, imbuíam seus jogadores da necessidade de somar pontos também no campeonato nacional. Renato, não. Era perceptível isso nos noticiários: o time perdia e Renato não se importava nem um pouco. Este espírito de desprezo baixou nas Laranjeiras de tal forma que influenciou até mesmo os reservas e juniores do time.

    A partir do momento que o Fluminense perdeu a Libertadores, ficou todo mundo desorientado e desmotivado, a começar pelo Renato, que perdeu o rumo. E isso foi fatal para o restante do primeiro turno, agravado pelo fato de termos sofrido com os desfalques dos Thiagos, na seleção olímpica, com as saídas do Cícero e do Gabriel, a inconstância do Dodô, etc. Foi um pacote completo de problemas que causaram grande parte dos maus resultados seguintes. Acho inclusive que o jogo contra o Goiás pós-decisão seria fatal até mesmo se tivéssemos sido campeões. O time estaria na ressaca da conquista e provavelmente perderia do mesmo jeito.

    Meu post foi justamente para mostrar que, mesmo com uma campanha medíocre pós-Libertadores, o Fluminense não estaria brigando contra o rebaixamento agora, não fosse o desempenho abaixo da crítica nas nove primeiras rodadas. Como eu escrevi, a matemática que fiz foi manipuladora, mas elucidativa para mostrar que estamos na merda por causa daquele momento inicial. E que o time foi incapaz de reagir de forma mais contundente antes justamente por culpa do despreparo do Renato. Apenas isso…

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