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“Going to California with an aching in my heart”

Minha mãe me levou ao show dos Rolling Stones no Rio de Janeiro em 1995. Natural, portanto, que eu a levasse para ver o Robert Plant aqui em Brasília.

E quero te contar que um show do Robert Plant bem comporta este tipo de vibe. Pais e filhos, te diria o poeta. Mais ou menos como penso que eram os últimos shows do Grateful Dead com Jerry Garcia e tal, naquela doirada Califórnia que nós imaginamos – e que talvez só exista mesmo em nossa imaginação.

Só não pense, por favor, que um show de Robert Plant no ano de 2012 signifique um brechó para tiozinhos hippies. Ou que soe algo ultrapassado. Ou que mais pareça um museu de cera em homenagem aos good old days.

Nã. Que nosso amigo Roberto é esperto demais para esse tipo de cousa. E se ele quisesse apenas ganhar uns cobres vampirizando o próprio passado, como fazem vários e vários colegas dele, bueno, pode crer que lhe bastaria tomar o telephone e dar dois alôs ligeiros: um pro Jimmy Page, outro pro John Paul Jones. E o zepelim novamente voaria alto.

Mas Robert Plant não quer dar esses telephonemas. E o facto de ele não fazer isso, meu caro, nos diz muito a respeito deste homem.

Comentando este show de Robert Plant no Ginásio Nilson Nelson, um sujeito que poderia tocar para um estádio de Wembley lotado todos os domingos, meu amigo Doutor Fróes usou o termo “dignidade”. Verdade. Foi um espetáculo mui digno de um veterano roqueiro que perdeu o medo de envelhecer.

Não foi preciso usarmos de condescendência – nem nós, cá na plateia, nem ele, lá no palco – para nos divertimos todos. Para quem ainda esperava um zepelim flamejante, tantos e tantos anos depois, aquela versão de “Black dog” lá no meio do concerto deve ter bastado para cair a ficha. Ali deu pra perceber do que se trata este novo voo do Senhor Plant.

As antigas canções do Led Zeppelin que aparecem neste repertoire são rearranjadas, revalorizadas, de maneira tal que Robert Plant não precise mais daquele alcance que sua voz já não pode mais. Os arranjos privilegiam as texturas acústicas e rítmicas. Robert Plant deve estar bem satisfeito e algo aliviado por, ainda na juventude, ter gravado músicas como aquelas do terceiro e do quarto discos do Zeppelin, que ainda hoje se prestam a tantas e tantas variações.

Que ainda hoje soam tão belas e ricas, tão puras e cristalinas quanto um sonho bom. Te dizer que chorei em “Going to California”.

3 comentários sobre ““Going to California with an aching in my heart”

  1. Going to California foi “o” momento LED…
    Na verdade, foi o momento em que todos sacaram quem era aquele cara no palco, o momento “caiu a ficha”…
    Chorei muuuuuuito nesse música…
    Plant é mágico e sempre será.

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