Blog voltar
|

Chumbo que ainda vale ouro

Por Marcos Pinheiro
Fotos: Jorge Cardoso

Se uma lenda do rock baixa em Brasília, o mínimo que devemos fazer é o “dever de casa” e comparecer ao show, né? Foi assim com Bob Dylan, em abril; com o Elvis Presley (sim, mesmo no telão, foi surpreendentemente bom!) no início deste mês; e tinha que ser assim com Robert Plant, lógico!

Então lá fui eu, de arquibancada mesmo, driblando as eternas dificuldades acústicas do ginásio, presenciar o eterno líder do Led Zeppelin num Nilson Nelson bastante cheio na noite da última quinta-feira (25/10) – algo em torno de nove mil pessoas, creio.

Como já vinha mostrando em seus shows pelo Brasil, o velho Plant, 64 anos, cantou músicas de sua carreira solo e versões de nomes do blues e folk como Bukka White, Howlin’ Wolf e Tim Buckley – do qual resgatou a belíssima Song to the siren, um dos grandes momentos da apresentacão, que teve início às 22h12 e foi até 23h45, mais ou menos.

Mas não há como negar que as passagens mais marcantes ficaram por conta das canções de sua antiga e saudosa banda. Já em Friends, terceira de um set list com um total de 15 músicas, a plateia passou a reagir com mais entusiasmo, depois de urrar em reverência ao ídolo assim que ele pisou no palco.

Nem mesmo os arranjos com toques “orientais” e “étnicos” comandados pela The Sensational Space Shifters - Justin Adams e Billy Fuller (guitarras), John Baggott (teclado), Juldeh Camara (varios instrumentos), Dave Smith (bateria) e Patty Griffin (backing vocal) -, que muitas vezes “perverteram” os originais (Black dog ficou quase irreconhecível, por exemplo), diminuíram o brilho do espetáculo. Pelo contrário: deram nova vida e textura aos antigos clássicos – algo, aliás, já experimentado por Plant ao lado do parceiro Jimmy Page na lendária turnê do álbum No Quarter, que tive o prazer de conferir em janeiro de 1996, no Rio de Janeiro, na última edição do festival Hollywood Rock.

Claro que a voz de Robert Plant não soa mais tão cristalina, o que pode ser comprovado notadamente na maravilhosa Going to California (pra mim, o ponto alto do show), onde cantou um ou dois tons abaixo, nitidamente evitando atingir os agudos de outrora. Perdoável. A novidade no set ficou por conta da inclusão de Four sticks em substituição a Gallows pole. E o final, como não poderia de deixar de ser, com o arrebatador hino Rock and roll.

Faltaram os riffs mágicos de Page, a bateria cavalar de John Bonham, os acordes de John Paul Jones… Mas pouco importa. Foi uma noite histórica para o público brasiliense. Que venham mais lendas do rock por aqui no próximo ano! Ainda mais com o novo estádio Mané Garrincha que, fora Copa do Mundo e das Confederações, só vai servir pra isso mesmo: sediar grandes concertos musicais. Aguardemos…

Set list
. Tin Pan Valley
. Another Tribe
. Friends
(Led Zeppelin)
. Spoonful (Howlin’ Wolf)
. Somebody Knocking
. Black Dog
(Led Zeppelin)
. Song to the Siren (Tim Buckley)
. Bron-Y-Aur Stomp (Led Zeppelin)
. The Enchanter
. Four Sticks
(Led Zeppelin)
. Ramble On (Led Zeppelin)
. Fixin’ to Die Blues (Bukka White)
. Whole Lotta Love (Led Zeppelin)
Bis
. Going to California (Led Zeppelin)
. Rock and Roll (Led Zeppelin)

Um comentário sobre “Chumbo que ainda vale ouro

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *

Você pode usar estas tags e atributos de HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <strike> <strong>