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Nunca perca a fé no rock

Os últimos três dias foram intensos, de emoções fortes, de derramar lágrimas. Se tivesse um fim de semana deste por mês, juro que nunca mais reclamaria da vida. A agitação foi tanta que só agora, terça-feira (11/11) à noite, consegui sentar à frente do computador para escrever um pouco sobre o que rolou em São Paulo. Afinal, estive cara a cara com duas de minhas bandas prediletas – o Jesus and Mary Chain tentando tirar a poeira do passado e o R.E.M. demonstrando plena forma. Deixo para os próximos posts comentários específicos dos dois shows. 

Falemos um pouco, então, sobre o Festival Planeta Terra, que reuniu 15 mil pessoas e se destacou pela pontualidade das apresentações e pela boa divisão entre os espaços – e que pecou pela qualidade do som, baixo e abafado no chamado Main Stage, e pela duração exagerada de alguns shows, sobretudo os nacionais. Tive esperança em conseguir credencial de imprensa, que me foi negada na semana do evento. Felizmente comprara o ingresso em setembro, pelo primeiro preço (R$ 80), como contei aqui no blog na época. E lá estava eu, minha namorada e amigos por volta das 18h de sábado (8/11) na tal Vila dos Galpões, no bairro de Santo Amaro, para encarar a maratona que já tinha começado.

No palco principal, a céu aberto, a mato-grossense Vanguart abria os trabalhos. Assisti por uns 10 minutos e decidi, então, conhecer as “dependências da casa”, que, como o nome diz, é um conjunto de galpões. Um deles abrigava o segundo palco (Indie Stage), onde Supla e o irmão João Suplicy (os Brothers of Brazil) já haviam encerrado o show. Vi uns 10 minutos da segunda atração, o tal Curumin e – que me desculpe a Alê dos Santos, amiga e colaboradora do Cult 22 – achei muuuito chato. Fui para o galpão em frente, o da praça de alimentação, que, mais tarde, no momento de pique de público, foi um point de filas gigantescas… e comida mal-feita. Outro ponto negativo do festival.

Às 19h estava de volta ao palco principal para conferir a Mallu Magalhães, “fantasiada” (ela e a banda) ao estilo Mutantes. Como bem definiu o sempre sagaz amigo Berna “Beat” Scartezini: “Ela podia estar roubando, matando, cantando axé ou funk. Mas decidiu se inspirar em boas influências e fazer folk”. Ou seja, a garota é bem-intencionada, simpática e pode ter futuro. Mas não se deve cobrar muito dela e muito menos se criar um hype tão grande em torno. Ela só tem 16 anos e seu som não cabe, definitivamente, em show para tantas mil pessoas. Muito menos com uma hora de duração! Enfadonho.

Outro passeio pela Vila, uma olhada aqui e ali, na expectativa da entrada, às 20h30, do Jesus and Mary Chain no Main Stage. Nem me animei a conhecer outros nomes do palco Indie, como o Animal Collective – cujo som, todos disseram, foi prejudicado pela produção. Também passei batido pelo Foals, tamanho o êxtase em que fiquei após o show dos escoceses.

Pausa para um lanche e, confesso, decidi conferir o Offspring em vez do elogiado Spoon. Foi um choque de estilos ver aquele pula-pula dos caras (e da platéia, lotada de fãs), logo após o show “cool” do Jesus. Torci o nariz, a princípio, mas depois me rendi a alguns hits bacanas deles, naquele climão californiano. Datado, mas divertido. Nada para se levar muito a sério, afinal.

Era quase meia-noite e surgia o ”momento dilema”: ficar no Main Stage para ver os garotos do Bloc Party ou encarar as veteranas Breeders no palco 2? Optei pelas irmãs Deal, embora até pudesse ter assistido uns 15 minutos da turma do Kele Okereke. Vou dar a real: depois do “mico” que eles protagonizaram na premiação da MTV brasileira, cantando em playback, deixei quieto. Eles até pediram desculpas no festival por isso. Mas pra mim já era tarde demais.

A escolha, pelo que se seguiu, foi absolutamente acertada. É verdade que Kim Deal está gorda e muito detonada. E Kelley se encontra melhor fisicamente. Mas o que importa é a música - e as gêmeas comandaram um show cheio de pique e sem cheiro de mofo. Ouvir Cannonball ao vivo (com uma galera cantando junto) já valia o ingresso! Ainda mais acompanhada por outros petardos (não necessariamente nesta ordem) como Divine Hammer, Drivin´ on 9, No Aloha, Huffer e as ótimas versões de Happiness is a Warm Gun (Beatles) e Schocker in Gloomtown (Guided By Voices). Faltaram, na minha opinião, Hellbound e Gigantic, que Kim geralmente pega emprestado do repertório do Pixies. O som estava um pouco estridente e reverberava no teto de zinco, mas não comprometeu a apresentação simpática das “meninas”. Muito bom vê-las de volta.

Novamente no palco principal, seguiu-se a espera pelo Kaiser Chiefs, a última atração. Era pouco mais de 1h30 da manhã quando os ingleses invadiram o palco com uma energia até exagerada. Sobretudo do vocalista Ricky Wilson que, já na primeira música, se jogou no meio da galera do gargarejo. Aliás foram os excessos dele que me incomodaram. O cara falou demais, forçou um pouco a barra tentando se comunicar num português “espanholado” (“somos ‘los’ Kaiser Chiefs”) e elogiou mais de uma vez o tecladista Nick “Peanut” Baines, que, em São Paulo, submeteu-se a uma cirurgia às pressas de apendicite e, mesmo assim, tocou com eles. Como se não bastasse, Wilson ainda pagou um “bundalelê” pros fãs. Desnecessário.

Fora isso, o Kaiser Chiefs é competente e tem boas músicas, influenciadas pela new wave oitentista (Everyday I Love You Less and Less tem a introdução fortemente “inspirada” em Deep Sleep, do Devo, “semelhança” já denunciada no quadro Nome aos Bois de nosso programa) e no britpop safra 90, do Blur. E, justiça seja feita, já inscreveu pelo menos duas canções no rol de grandes hits da atual geração: I Predict a Riot e Ruby, ambas cantadas em coro pela galera, que não arredou pé até 2h45, quando terminou o show.

Apesar dos problemas no som, das filas enormes e do cansaço causado em grande parte pelo exagero de tempo desperdiçado com certas atrações, saí do festival razoavelmente satisfeito. E completamente enebriado com uma certa dupla de irmãos escoceses…

4 comentários sobre “Nunca perca a fé no rock

  1. Concordo plenamente com o Bernado!! A Mallu só é muito nova e não sabe se portar no palco ainda. Mas ela tem muito talento e acredito que logo logo ela fará muito mais sucesso. Acho que no indie stage ela teria se saí8do melhor.

    E porra! Curumin é massa! Adoro aquele cara! O porém é que no palco ele faz muita coisa, experiemnta. Vou te emprestar meu cd! =D Depois disso vai até tocar na rádio! rrsrsrs!

    E o show do kaiser Chiefs foi demais! cantei todas e me diverti demais. Com certeza um dos melhores shows da noite. Não achei exagerado não. Já o show do Bloc Party deveria ter sido tão energico quanto o do kaiser Chiefs e não foi. Foi apenas mediano.

  2. O OFFSPRING E KAISER CHIEFS DESTRUIRAM, ótimos shows.. O som estava perfeito. Jesus foi muito morno, só meia dúzia que curtiu, Bloc Party foi esmagado pelo Offspring e Kaiser, eles são uma banda em decadência, 1º CD ÓTIMO, segundo bom, esse terceiro é fraco.

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