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Conforme o prometido: Pearl Jam!!!


Demorei para escrever esta crônica. Sábado pós-show estava naquela preguiça e ainda ia pro Planeta Terra. Só publiquei no blog o set list que o Pearl Jam apresentou – que segue de novo lá embaixo. No domingo, mais preguiçoso ainda, fui almoçar tarde e no início da noite decidi traçar umas linhas sobre o festival, que teve The Strokes como grande destaque. Na segunda-feira voltei de São Paulo e na terça ainda tive que cuidar da divulgação do bar.

Enfim, desculpas pelo atraso apresentadas, vamos ao que interessa. Achei que já tinha escrito isso aqui, mas parece que não. Em dezembro de 2005, estive no show do PJ na Praça da Apoteose (Rio de Janeiro), 10 dias após a morte do meu pai. Pensei duas vezes se iria. Tinha conseguido credencial, já estava na cidade mesmo e fui convencido por vários amigos de Brasília que foram também. Não me arrependi, pelo contrário. Foi um dos shows mais emocionantes que já vi – e claro que o momento pessoal contribuiu para isso. Chorei em várias músicas.

Seis anos depois, quis experimentar a sensação de novo. Dessa vez comprando ingresso. Nunca fui um “fã” da banda no termo estrito da palavra. Daqueles que têm todos os discos ou que sabem as letras de várias músicas. Mas sempre respeitei a trajetória digna dos caras, o que eles representaram para a geração 1990, quem influenciaram, as causas que lutaram, a forma como mudam o repertório e deixam cada show completamente diferente…  Não é qualquer banda que faz isso, ainda mais no patamar que atingiram! Isso sem contar que viraram chapas e parceiros de uma “entidade” chamada Neil Young (foto)! Não é pouco. E, sim, após aquele show no Rio, a memória afetiva ficou muito forte dentro de mim.

Saí do aeroporto de Congonhas às 17h05 de sexta-feira numa ensolarada capital paulista (surpresa!) a tempo apenas de deixar minhas coisas no apartamento da amiga e jornalista Daniela Paiva e encontrá-la na portaria do prédio onde trabalha, uns 45 minutos depois. De lá íamos de carona com uns colegas. Mas, diante do trânsito pesado – e com a necessidade dela chegar ao Morumbi até 20h pra retirar sua credencial -, resolvemos optar por um “transporte alternativo”. Pegamos o metrô até uma estação próxima e fizemos o resto do caminho a pé. Mal orientados por um segurança, que garantiu que a caminhada seria de 20 minutos, encaramos a jornada. Andamos quase uma hora subindo várias ladeiras, algo entre 5km e 6km – o estádio pode ser ótimo por dentro, mas o acesso definitivamente é péssimo. Questões políticas a parte, fica entendido porque ficará de fora da Copa de 2014.

Chegamos a tempo, mas detonados. Pior: a Dani teve que entrar pela portaria de imprensa e nos perdemos, já que a comunicação via celular ficou caótica. Assim, depois de todo o sacrifício, entrei sozinho no estádio e não consegui achar nem ela, nem outros amigos com quem tinha mantido contato no caminho. Mas quem tá no rock é pra se queimar e sabia que era questão de tempo para encontrar alguém de Brasília. Foi só avançar um pouco no gramado para achar a galera da Ledbetter (foto), a mais bacana banda cover brasiliense do… Pearl Jam! Quer coisa melhor que assistir o show com verdadeiros fãs?

A expectativa era grande, mas o ambiente estava até tranquilo. Já tinha visto apresentação com mais de 80 mil pessoas no Morumbi. Os 68 mil anunciados para aquela noite eram “bobagem”. Às 21h16, precisamente, luzes do estádio apagadas e Pearl Jam no palco mandando Go. Achei o som baixo e assim permaneceu, na minha opinião, nas cinco ou seis primeiras músicas. Estava incomodado com isso, ainda mais quando tocaram, logo em seguida, Do the evolution, uma de minhas prediletas. Porra, queria ouvir “It´s evolution, baby!” o mais alto possível!

Eddie Vedder, sempre simpático, começou a conversar com o público, arriscou umas palavras em português (levou um caderninho de “cola”, claro) e o som melhorou sensivelmente. Na linda Given to fly já estava tudo “ok” e aí o show ganhou em intensidade. Mike McReady (foto mais abaixo), um monstro na guitarra, esmerilhava o instrumento. E a galera, que já cantava todas as letras, passou a vibrar mais. Not for you, surpresa no set list, arrepiou (Dani Paiva me confessou depois que chorou bastante neste momento) e, daí em diante, foram só petardos: Even flow, The fixer, Once e a maravilhosa Black fechando a primeira parte – aliás, o disco de estreia, Ten (que comemora 20 anos de lançamento em 2011 e principal motivo da atual turnê), ganhou destaque no repertório, com cinco músicas. Quem é fã de verdade torce o nariz para esses momentos mais “óbvios”, mas faz parte, né?

Com 1h15 de “jogo”, a banda saiu do palco para voltar logo em seguida mandando Just Breathe. Entre umas vaciladas na introdução – o povo da Ledbetter brincou que o Pearl Jam estava errando mais que eles -, tocaram a novíssima Olé e encerraram o primeiro bis com a dobradinha Why go e Jeremy, deixada de lado na véspera e recebida com entusiasmo emocionante. Foi catártico ouvir toda a galera mandando o “ôôôôô” da canção, enquanto aguardava o retorno dos caras para o “sprint” final.

Veio o segundo bis com a “fofinha” Last kiss. Trata-se de uma música que não é do Pearl Jam – foi composta por Wayne Cochran nos anos 1960 -, mas que a banda se apropriou com méritos ao regravá-la na coletânea beneficente Sem fronteiras (No frontier), de 1999, em prol das vítimas da guerra na região dos Bálcãs. A galera delirou e cantou em coro, assim como na comovente Better man e no hino Alive. Era o “momento arena” deles, como bem definiu o baixista Pablo Caiado, da Ledbetter. Com as luzes do estádio já acesas fecharam a noite com a cover da fantástica Baba O´Rilley (The Who) – Eddie Vedder com pandeiro em punho e a costumeira bandeira do Brasil desfilando pelo palco – e emendaram com Yellow ledbetter, num instante de total congraçamento dos amigos da (quase) homônima banda cover. Todos se abraçaram com namoradas e demais colegas. Foi bonito!

23h35, 30 canções e fim dos trabalhos. 2h20 de pura emoção! Chorei de novo em muitos momentos. O Pearl Jam entrou definitivamente no meu rol das grandes bandas da história do rock. Deu vontade de seguir viagem pelos outros shows dos caras – alguns amigos, aliás, foram para o Rio de Janeiro no domingo (abraços pro Felipe Campbell!). Hoje (9/11), por sinal, eles tocam em Curitiba e na sexta, em Porto Alegre. No dia seguinte, no Planeta Terra, como já escrevi, não consegui chegar nem perto deste entusiasmo. Valeu!

Set list de sexta-feira (4/11)
. Go
. Do the Evolution
. Severed Hand
. Hail Hail
. Got Some
. Elderly Woman Behind the Counter in a Small Town
. Given to Fly
. Gonna See My Friend
. Wishlist
. Amongst the Waves
. Setting Forth (Eddie Vedder)
. Not For You
. Modern girl
. Even Flow
. Unthought Known
. The Fixer
. Once
. Black
Bis 1
. Just Breathe
. Inside Job
. State of Love and Trust
. Olé
. Why Go
. Jeremy
Bis 2
. Last Kiss (Wayne Cochran)
. Better man
. Spin the Black Circle
. Alive
. Baba O’Riley (The Who)
. Yellow Ledbetter

10 comentários sobre “Conforme o prometido: Pearl Jam!!!

  1. O setlist da sexta foi incrivelmente melhor do que o de quinta, uma decepção para muitos pela ausência de Jeremy. Não senti tanta falta, mas vi que teria gostado mais do show que vc viu. Tb estive na praça da Apoteose em 2006, e gosto do Pearl Jam faz 20 anos, depos do documentário PJ20 percebi que não poderia perdê-los este ano. Pena que perdi essa noite no Morumbi… fica a dica pra próxima vez – bandas que não tem setlist fixo merecem que a gente compre ingressos para todos os dias que for possível.

  2. Gostei muito do teu relato Marquinhos!!! Não sei se você sabe fui no Rio e estou indo sexta para POA. No Rio teve até direito a encontro com a banda na praia de Ipanema e algumas fotos… Eu sou bem fã e te garanto vi e verei muita gente com as lágrimas correndo (e é claro que tiveram as minhas). Foi lindo!!!

  3. Emocionante a noite, o texto, banda, os outros 2 shows que fui.

    Pra mim essa banda adquiriu um status diferente das demais que costumava gostar da mesma forma.

    Nao sei bem explicar, mas se tornou algo grandioso, uma especie de culto.

    enfim, Grande texto cara.
    Valeu.

  4. Chorei muito na sexta e ainda mais no domingo, no Rio. Saí dos shows simplesmente inebriada pela energia do PJ, pela simpatia do Eddie, pela maestria do Mike… Puts, sou fã deles desde 1996, quando os conheci e foi o melhor fim de semana da minha vida. Como dito num comentário acima, acho que PJ virou quase um culto, pelo menos pra mim. E tive sorte de comprar o ingresso do Rio, pois eles tocaram as duas músicas que mais gosto: rearviewmirror e indifference. Só me arrependo de não ir pra PoA e Curitiba também. Vida longa ao rock’n'roll e vida longa ao PJ!!!

  5. Grande Marcos,

    Estive na Apoteose neste final de semana para o Show do Pearl Jam (Show com “S” maiúsculo). No Rio o show parecia realmente um culto, emocionante do início ao fim. Quase 3 horas de som! Destaco o ponto alto com a música Corduroy (do álbum Vitalogy). Coisa de chorar!

    A banda tem uma energia incrível. Eddie Vedder pulando alto por cima dos retornos no palco e eu torcendo pro cara não se estabacar! Foi simplesmente foda.

    Detalhe: “Do the evolution” foi tocado em alto e bom som!

    Abraço,

    Rafael

  6. Como já comentado por aqui, a banda para mim, alcançou um patamar diferenciado das demais, não se vê isso em nenhuma outra banda. Fui ao show no Rio e fiquei de cabelos em pé! Ver o Eddie Vedder cantar Blood, Why Go e Do The Evolution sem perder o tom foi um experiência inesquecível. A vontade que me deu foi a mesma dos demais: “Seguir viagem pelos outros shows dos caras”. Abraço, Bruno.

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