Blog voltar
|

Se não fossem os Strokes…

Acho o Planeta Terra um festival bem bacana. O local (Playcenter) é espaçoso, o que facilita a circulação de pessoas e torna o ambiente bem agradável. As estruturas do som e dos dois palcos são ótimas, os shows seguem rigorosamente os horários anunciados, os intervalos não são longos e o line up sempre tem bandas interessantes, além de apostar em novos nomes da cena indie internacional. Os banheiros são razoavelmente limpos e o bar (leia-se, “bebidas”) funciona bem. A única ressalva no aspecto organização está na hora de comer: as filas que se formam na praça de alimentação, grandes e demoradas, são um convite a passar fome. E o lanche não é lá essas coisas – neste ponto, o Rock in Rio foi bem melhor.

Esta é a quarta vez que vou ao evento paulista – na verdade só estive ausente da primeira edição, em 2007. E é gostoso estar lá, ainda mais porque sempre encontro (vários) amigos e conhecidos de Brasília. Mais “em casa”, impossível! Pra melhorar, não choveu e nem estava tão frio assim – senti mais no show do Pearl Jam, no Morumbi.

Admito que o fato de ter visto a banda de Eddie Vedder, na véspera, influenciou muito na minha avaliação sobre as atrações do festival. Na sexta-feira (4/11) eu me emocionei de verdade vendo e ouvindo toda aquela galera (mais de 60 mil pessoas) cantando as letras do enorme set list (quase 30 músicas) do Pearl Jam – ainda vou falar mais detalhadamente sobre isso em outro post. Ali estava vendo (novamente) uma puta banda de rock, no sentido estrito da palavra. Foi uma celebração! Mas, claro, era um show específico, não um festival com várias bandas, onde o tempo – e as emoções – se diluem.

Este sentimento passou longe no Planeta Terra. Talvez algumas faíscas durante os Strokes. Até me impressionei positivamente com o Broken Social Scene (foto), banda que conheço pouco. O combo com vários guitarristas, três vocalistas e dois bateristas faz um som denso, com boas levadas, mas que parece não ter empolgado. O White Lies, que também achei bacana, fez mais sucesso – e olha que eles começaram o show ainda com o sol se pondo. Como primeira (boa) impressão, dou nota 7,5 pra cada um.

Antes, tinha passado batido pelo rapper Criolo (estava chegando quando ele já cantava) e vi um bom pedaço da apresentação cheia de sucessos da Nação Zumbi – o vocalista Jorge Du Peixe deu uma alfinetada na organização ao reclamar do horário em que a banda estava tocando, final da tarde, ainda com o sol na cara do público. Será que ele nunca frequentou algum festival na Europa ou nos Estados Unidos?

Dei uma circulada rápida pelo palco Indie Stage só pra sentir o ambiente. Vi um pouco do Garotas Suecas - nada demais – e, maaaais tarde, ainda conferi o Bombay Bicycle Club - chatinho. Perdi a Goldfrapp que, segundo o amigo e produtor Gustavo Bill, foi o “melhor show do festival”. Queria ter visto, mas…

O “filé” do palco principal começou às 22h com a entrada do Interpol. Conheço razoavelmente o trabalho dos nova-iorquinos, que me impressionaram nos discos justamente por aquele baixo tenso misturado à bateria seca e à voz grave, nítidas influências de uma de minhas bandas prediletas, o Joy Division. Mas achei o show monocórdio, como se não saísse nunca daquele clima deprê. Ok, esta é a proposta deles.. mas será que teria a mesma sensação ruim se visse o grupo de Ian Curtis ao vivo? Acho que não, viu! Que me desculpem os amigos-jornalistas-DJs Super Mario Bros e Rafael Bode Velho, fãs dos caras, mas sinceramente não me empolgou. Pra piorar, não tocaram PDA, a minha preferida. Nota 7,5 também.

Um intervalo um pouco mais demorado para a chegada de Liam Gallagher e seu Beady Eye. Às 23h50, o marrento cantor inglês subiu ao palco e existia uma razoável expectativa no ar. Muita gente vestia, inclusive, camisetas da nova banda. Resultado? Decepção. Com poucos minutos de show já tinha gente torcendo nariz e dispersando. Entendam o caso: as músicas não são ruins, ali tem bom material para ser entoado em arenas – vide Beatles and Stones, Standing on the edge, Four letter word. E considero perfeitamente legítimo que Liam, após brigar com o irmão Noel, tenha decidido fazer um outro projeto, mesmo que acompanhado pelos demais músicos do Oasis.

Mas achei tudo “menor” que o repertório da antiga banda. Além do fato das canções não serem conhecidas do grande público. Ou seja: a sensação é que Liam, que parecia estar fanho e até mais “simpático” (inseguro?), emulava o Oasis a todo momento – e que as pessoas queriam mesmo era ouvir os velhos cavalos de batalha. Não, ele não cedeu em nenhum momento a esta tentação. Só cantou músicas mesmo do Beady Eye. Foi um show “ok”, nada mais que isso. Nota 7… mais pelo passado do cara.

Se até então o público se dividia entre os dois palcos ou circulava pelo grande parque de diversões, chegava o momento da grande concentração no espaço principal. Meia hora antes do show, a pista já estava lotada, todos na expectativa pela grande atração da noite: 1h35 e os Strokes estavam de volta ao Brasil, seis anos depois da primeira vinda, no Tim Festival, em outubro de 2005. E mostraram porque são considerados uma das grandes bandas da nova geração: New York City Cops, Heart in a cage, You only live once, Is this it, Under cover of darkness, Someday, 12:51, Reptilia, Juicebox, Last Nite e o bis com Hard to explain e Take it or leave it… Quantas bandas fabricaram tantos hits em tão pouco tempo? Até as músicas do (fraco) disco novo funcionaram bem ao vivo – foram quatro num set list com 19.

Para desespero do público feminino, Julian Casablancas cantou o tempo inteiro de boné e óculos escuros, num visual meio Axl Rose, meio Beastie Boys. Mas sua voz, mesmo rouca, manteve o pique, escudado pela competência e talento do guitarrista Albert Hammond Jr. Animado, conversou com a galera várias vezes, arriscou um “obrigado” em português e fez todos cantarem juntos. Pena que a felicidade durou pouco: apenas 1h15, um set curto e que deixou de fora canções como Barely legal, The end has no end e I can´t win, por exemplo. Não achei tão legal quanto da outra vez que vieram. Mas foi, disparado, o melhor do festival. Nota 9.

Nem tive fôlego pra conferir depois o Groove Armada, que encerrou o festival no Indie Stage. Minha missão estava cumprida por ali.

8 comentários sobre “Se não fossem os Strokes…

  1. olá garotada do Cult22!!

    gostaria de saber mais informações sobre o show do ben harper em brasilia..

    os ingressos ja estao a venda??

    quanto??

    onde comprar??

    vai ser mesmo no centro comunitário??

    apenas ele de atração??

    aguardo um retorno ou um post explicativo sobre o tema.

    um abraço aos guerreiros solitários do DF!!

  2. Obrigado pelo “garotada”, Bruno. Quem dera!

    Nós recebemos hoje um flyer da tour do Ben Harper no Brasil com 5 datas – e sem Brasília! Mas o dia 7/12 está vago nesta divulgação. Logo ainda pode rolar, mas não sabemos de nada mais ainda. Assim que pintar alguma notícia, publicaremos no blog, inclusive se não rolar. Abração

  3. Marquinhos, realmente acho o Interpol a melhor banda dos anos 2000 para cá. Fui ao show deles em 2008 em Belo Horizonte e foi espetacular. Adorei o show do Planeta Terra e, mais ainda, o do Clash Club no dia seguinte (show solo em lugar pequeno e fechado, só com fãs, é muito melhor, além de um repertório maior). Só te perdoo por não ser fã do Interpol porque o restante do seu gosto musical é muito bom!!

  4. Você não gosta do David Bowie – mesmo assim, eu te perdoo também, hehehe!!!

    Não é que não goste do Interpol. Só achei que aquele tipo de show, mais lento, não funciona em uma arena para mais de 10 mil pessoas. Num lugar menor ou clube fechado, pra 3 mil pessoas no máximo, deve ser bem melhor.

  5. No Clash Club cabem menos de mil pessoas!! Imagina o clima!! Foi demais. Realmente, não consigo gostar de Bowie. Nem de Rush e Pink Floyd. Mas reconheço a importância dos três para a música.

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *

Você pode usar estas tags e atributos de HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <strike> <strong>