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Furacão verde


Fotos: Penny Lane (Rock Brasília) e Jorge Cardoso (Correio Braziliense)

Insano, divertido, imprevisível. O Green Day passou como um furacão pela noite de domingo (17/10) e arrastou algo em torno de 7 ou 8 mil pessoas (recalculado) ao Ginásio Nilson Nelson promovendo, na minha opinião, um dos melhores shows do ano em Brasília. Estranhamente, embora a pista estivesse lotada – e o calor beirando o insuportável -, a arquibancada e a cadeira tinham muitos espaços vazios.

Do público sub-15 aos com mais de 40 anos, todos foram contagiados por uma “febre de juventude” regada ao som do rock acelerado e debochado do grupo californiano. Era quase impossível não se render ao talento, energia e carisma do vocalista Billie Joe Armstrong, 38 anos, que promoveu um “carnaval punk rock”, com direito a pirotecnias, (muitas) explosões, zoação e uma interatividade intensa com os fãs. A ponto de levá-los ao palco para cantar e tocar com eles. Se você gosta da banda e ainda é jovem, como não se emocionar com aquilo?

Foram 2h30 de show, que começou com as introdutórias Do you remember rock and roll radio?, dos Ramones, e Song of the century. Cinco minutos antes, um cara fantasiado de coelho rosa (o próprio Armstrong?) passeou bêbado com duas garrafas de cerveja nas mãos levantando a galera ao som mecânico de YMCA (Village People). Às 21h25, o trio californiano, reforçado por outros três músicos, subiu finalmente ao palco mandando 21st century breakdown e só saiu de lá quase meia-noite, após o segundo bis com a trinca semiacústica já prevista Whatsername, Wake Me Up When September Ends e Good Riddance (Time of Your Life).

O set list, é verdade, foi mais curto que dos shows anteriores, realizados em Porto Alegre (13/10) e Rio de Janeiro (15). E claro que existem certos exageros nas explosões e também na performance de Armstrong, que entremeia as canções com várias “macaquices”: abre uma mangueira de bombeiro e esguicha água na galera; usa máquinas para atirar rolos de papel higiênico; distribui camisetas do Green Day utilizando um jato de ar (que chegava até a arquibancada); e puxa o público aos gritos, repetidos incessantemente, de “Brasíliaaaaa”.

Mas o mais bacana é a constante interação que tornam o palco uma grande celebração. Foi um inacreditável sobe-e-desce de fãs. Um menino chamado Artur, talvez com 11 ou 12 anos, participou do mise-en-scène da banda já na terceira música, East Jesus nowhere,  onde o vocalista “posa” de pastor evangélico. Em Longview, Billie Joe promove um “concurso” convidando o público para tocar guitarra e cantar com eles. Um dos “calouros” encarnou tão bem o personagem que foi merecidamente premiado com uma guitarra. Tudo armado? Pode até ser. Mas quem se importa?

Engraçado também foram os dois momentos de medley/pout pourri. No primeiro, após When I come around, Armstrong puxa o riff de guitarra de Iron Man (Black Sabbath) e a banda emenda com Rock n´Roll (Led Zeppelin). Na sequência, o vocalista imita, rindo e de forma debochada, Axl Rose em Sweet child o´mine provocando reações diversas da galera – teve quem “mandasse o dedo”! Pra finalizar o momento, Highway to hell (AC/DC), para delírio geral.

No segundo medley, precedido por uma longa jam session em Shout, com os músicos tocando fantasiados (um deles vestido como um Elvis Presley obeso) e trocando de instrumentos, eles mandaram Break on through (The Doors), Satisfaction (Rolling Stones) e Hey Jude (Beatles). Adolescentes ao meu lado, que cantavam todas as letras do Green Day a plenos pulmões,  se entreolharam sem saber do que se tratava. Ainda têm muito a aprender…

No bis, a banda manteve a energia, mas deixou as brincadeiras de lado. Até porque letras como American idiot, Jesus of suburbia, Wake me up when september ends e Time of your life talvez mereçam menos deboche.

E, assim, Brasília felizmente voltou a assistir a um show de uma banda internacional no auge da forma e da maturidade… musical, pelo menos! Assim como ocorreu com o Franz Ferdinand, em março passado, no Marina “Hell”.

Ponto positivo também para a ótima apresentação de abertura da brasiliense Tiro Williams. Das 20h20 às 20h50, os caras driblaram qualquer resistência ou impaciência que poderia rolar entre os fãs do Green Day. Ao final, foram aplaudidos entusiasmadamente. E ainda puxaram coro para homenagear a banda principal. Estão de parabéns!

Confira o que o Green Day tocou em Brasília (set list já confirmado):
. 21st Century Breakdown
. Know Your Enemy
. East Jesus Nowhere
. Holiday
. Viva La Gloria
. Give Me Novacaine
. Are We the Waiting
. St. Jimmy
. Boulevard of Broken Dreams
. Burnout
. 2000 Light Years Away
. Hitchin´a Ride
. When I Come Around
. Iron Man /Rock N Roll /Sweet Child O Mine /Highway to hell
. Brain Stew
. Jaded
. Longview
. Basket Case
. She
. King For a Day
. Shout /Break On Through /Satisfaction /Hey Jude
. 21 Guns
. Minority
Bis
. American Idiot
. Jesus of Suburbia
Bis 2
.
Whatsername
. Wake Me Up When September Ends
. Good Riddance (Time of Your Life)

40 comentários sobre “Furacão verde

  1. Showzaço, o melhor do ano. Achei que ia ter só a molecadinha EMO e estava enganado. O povo que curtiu punk rock nos anos 90 estava lá em maior número.

  2. Foi um dos shows mais divertidos que eu já vi na vida. Foi bom demais.

    Agora… 10 mil voce ta sendo bonzinho. A arquibancada nao tava nem com 40% de ocupação e a pista vip tava tao tranquila de andar que cheguei às 21h15 e conseguia andar tranquilamente até a frente.

    O Correio Braziliense publicou que deu pouco mais de 5 mil pessoas: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/10/17/diversaoearte,i=218528/COMECA+O+SHOW+COM+A+BANDA+GREEN+DAY+NO+NILSON+NELSON.shtml

    Realmente nao entendo Brasilia. No Scoprions, uma banda tida como velha e decadente, numa quarta-feira, levou 13 mil pessoas. Talvez o publico do Scorpions, diferente do do Green Day, seja de gente mais velha com mais grana, sei lá… Nao tem logica.

    De toda forma, reforço: um baita show ontem. Carismático, divertido, engraçado. Excelente!

  3. Realmente o show foi muito bom, um dos melhores que assisti neste ano!! Mas acho que a produção pecou um pouco quanto a pista. A área reservada a pista normal era ínfima, se restringindo a um pequeno espaço da pista e às cadeiras. Praticamente a pista inteira era área premium!! Assisti ao show das cadeiras pois não havia “pista”. E na hora de comprar o ingresso, pelo mapa, a pista do Ginásio seria praticamente meio a meio: metade pista normal e metade ou até um pouco menos q a metade, premium. Infelizmente não foi o que aconteceu. O ideal seria ser tudo uma coisa só mas insistem em fazer shows com área vip, sabe-se lá por que…

  4. Não tinha 10 mil mas também não foi 5 mil não!
    Estava na arquibancada e digo com toda certeza que havia metade da lotação em relação ao Scorpions. Se arquibancada tem capacidade para 7 mil, tinha lá, no mínimo 3 mil.
    Pista Comum + Premium tem capacidade para cerca de 5 mil e estava bastante cheia e sem espaços vazios lá de cima da arquibancada. Portanto, estimo público total de 7 mil, até um pouco mais que no Rio de Janeiro.

    Temos que considerar que haverá ums sequência de três shows na mesma semana (Green Day, The Cranberries e Black Eyed Peas) e por mais que sejam estilos um pouco diferentes aquelas pessoas que não são realmente fãs de uma das bandas não iriam investir no mínimo R$ 300,00 para assitir aos 3 shows.

    Diante do contexto o público foi bom e show melhor ainda.
    Nota 10 para a produção que abriu os portões mais cedo e não deixou acumular filas para entrar e pela quantidades de seguranças que foi bem maior que os de outros shows.

    Senti falta de telões no palco. Entretanto, quanto à interação com o público e diversão foi o melhor show dos últimos anos no DF.

  5. A pista estava vazia pq a premium foi invadida. Calor insuportável lá. Várias pessoas desmaiando.
    E outra coisa, esse show não teve divulgação. Não vi uma propaganda na TV. Coisa diferente do Black Eyed Peas, que tem outdoor em todo lugar. Muita gente não estava sabendo desse show. Por isso foi meio vazio.
    Mas mesmo assim foi muito foda. Pq tinha muito fã de verdade do Green Day. Pode-se dizer que só tinha fã mesmo!

  6. “Realmente nao entendo Brasilia. No Scoprions, uma banda tida como velha e decadente, numa quarta-feira, levou 13 mil pessoas… sei lá… Nao tem logica.”

    Éééé…não tem lógica…só para voce Felipinho!

    Quando voce estiver lá na VIP do Black Eyed Peas vai comparar com o Scorpions também?

    Me poupe!

  7. Bom show. O grande Billie Joe tem domínio da platéia e um carisma incrível.
    Pela primeira vez, o som no Nilson Nelson ficou “legal”.

  8. Geraldo, infelizmente discordo de você…..a primeira uma hora e mei de show o PA do lado esquerdo. estava horrivel falhando constantemente e incomodando e muito a curtir o show.

    definitivamente abaixo do Nilson Nelson deve ter uma cabeça de bode, o som nunca presta !

  9. engraçado… bandas rotuladas como velhas e decadentes ( scorpions e heaven in hell) lotam o nilson nelson… ja as “mordeninhas” levam os produtores a reclamar do prejuízo… que venha o kiss na esplanada …

  10. Ô João, abraço pra você. Que agressividade é essa? Bati na sua mãe, por acaso? Falei alguma coisa que te fez subir nas tamancas? Te conheço por acaso pra você estar com tanta raiva assim? Quer um abraço?

    A propósito, passo longe de Black Eyed Peas, mas boto fé que quem gosta vá mesmo. Em qualquer setor.

    Voltando ao assunto do show de verdade, me passaram essa informação quente:

    “Tinham exatamente 7.776 pessoas (convites contados da bilheteria) + pessoal de bar, alimentação, limpeza (220) + 120 pessoas da produção da banda e local… Público total: mais ou menos 8 mil pessoas”.

  11. Não foi armação o lance do cara que ganhou a guitarra. Conheço ele e foi super ao acaso. Os amigos estão todos de cara.

  12. Com 8.000 pessoas Brasília levou mais público que o show do Rio de Janeiro.
    Não é pouco público não! Ainda mais dentro de uma semana com 3 shows internacionais na sequência e pouco tempo depois do Scorpions. Haja grana. Ainda bem!

  13. Galera, show fodástico! Alguem viu o tré cool fumando durante “Shout”? Consegui jogar um cigarrinho do capeta no palco e o tré usou ainda! HEHEHEH Grande DIA VERDE!

  14. Também acho Scorpions melhor que o Green Day! \m/

    Até curto umas músicas deles mas tenho um certo receio de ir num show deles, sei lá! :P

    Mas pelo jeito foi bom, principalmente por causa desse medley legalzão aí! :D

    E respondendo ao Felipe: o Scorpions não é uma banda decadente! É uma banda velha sim, mas tem um legado bem maior que o Green Day, um catálogo imenso e certeza de garantia de público de mais de 10 mil pessoas em qualquer show que eles anunciarem em qualquer lugar!

  15. PREVISÕES:
    - CRANBERRIES – 3 Á 4 MIL
    - BLACK EYE PEAS – 8 Á 10 MIL
    - KISS NA ESPLANADA – 20 Á 30 MIL

  16. Inveja…hahahaha…Sim, estou moooorrendo de inveja, afinal, não fui ver os “punks” do Green Day. Meu Deus, como poderei viver agora???

    Foi mal aí Pablo, mas cara, comparar Scorpions com Green Day não dá né.

    Qual será a próxima pérola?

  17. Green Day é foda, 21/22 anos de banda e sempre com essa energia!
    Showzasso e billie um puta frontman, o melhor
    O cara que ganhou a guitar não foi armação, foi ao acaso e depois dos amigos ergue-lo várias vezes na frente do BJ e ainda por cima toca nas bandas punk rock de BSB, o Firstations e o Dissonicos

  18. Robson, concordo com você. Eu achei o show do Scorpions e o do Guns muito mais shows de rock, na acepção da palavra. Não tem comparação. Mas o show do Green Day foi muito mais divertido. E foi legal também, ao seu jeito.

    O que não quer dizer que o Scorpions seja uma banda no auge (longe disso) e que a palavra “decadente” seja algo pejorativo, como o joãozinho aí em cima entendeu (e ficou ofendidinho e bravinho, estilo “sou roqueiro radical e as coisas que nao gosto sao todas uma merda”).

    João, se você tivesse como ir pra pista VIP no show do Scorpions, você iria? Ou ficaria lá longe, reclamando de tudo e da “segregação” que ela provoca?

    Que venha o Kiss pra encher o autódromo, a esplanada ou seja o que for.

    Abraços a todos

  19. MARCONDES WILSON

    Você já errou a primeira previsão.
    The Cranberries levou de 5 a 6 mil pessoas ontem no Nilson Nelson.

    Agora vamos conferir quanto dará na sexta feira. Estimo que ultrapassem 15 mil pessoas no show do Black Eyed Peas.

    Sobre o Kiss, você tem razão. Se vier terá público acima dos 20 mil com certeza.

  20. Joao, Scorpions fez parte da minha infância, tenho o maior respeito por eles.
    Mas Greenday eh muito maior do que Scorpions já chegou a ser.
    Após o “American Idiot” a popularidade se tornou absurda…

    Eu particularmente sou fanzao de Greenday desde a fase independente.
    Mas respeito mto Scorpions, e não ouso nunca querer discutir com metaleiro (não sei se eh o seu caso) pq sao, os fãs mais fieis a um estilo que existem, chegam ate a serem injustos com todo o resto…
    Mas enfim, ate admiro essa postura desde que não desrespeitem as diferencas.

    - Quanto o lance da guitarra, acho q e’ algo normal pro Greenday, fui num show deles em 2004 e Billie Joe tb deu uma guitarra pra um moleque…creio q não seja coincidência.

  21. Melhor show que eu fui neste ano e um dos melhores da minha vida! Quem deixou de ir, com certeza perdeu um grande espetáculo.
    A interatividade com o público foi fantástica! Billie Joe Armstrong foi demais! Encantador!
    Confesso que pensei que o público seria maior, mas isso não foi problema. Assisti na pista premium e achei ótimo. Nem cheio demais, nem vazio. Estava ideal para curtir o show. Além disso, concordo com quem mencionou que boa parte de quem estava lá era fã mesmo (deve ser uma das razões de ter um público tão animado)
    Eu já gostava de Green Day, mas depois do show eles subiram várias posições no meu ranking de preferências pessoais. Gostei tanto que ao final do show comprei a camiseta oficial de lembrança. (E vi várias pessoas fazendo o mesmo)
    Valeu a pena! O show foi perfeito!
    (quase perfeito – o fato de ter sido em um domingo me obrigou a ir destruída para o trabalho na segunda feira de manhã…)

  22. O SHOW FOI FODA D+, UM DOS MELHORES QUE JÁ OCORRERAM NA CAPITAL, SO PERDEU PRA IRON E GUNS(MINHA OPNIAO)

    GOSTARIA DE SABER DOS BOATOS SOBRE A VINDA DO “KISS” PARA BRASÍLIA. COM CERTEZA SERIA UM SHOW HISTÓRICO E DARIA UM PÚBLICO NA FAIXA DOS 25 MIL PROVAVELMENTE, PODENDO CHEGAR AOS 30 OU MAIS.

    AS NEGOCIAÇÕES REALMENTE EXISTEM? SE SIM, ESTÃO EM QUAL ESTÁGIO? QUAL É A DATA PREVISTA E QUAL É A FONTE DISSO?

    QUALQUER INFORMAÇÃO SERIA ÓTIMO, PRINCIPALMENTE SE A FONTE PODE SER CONFIÁVEL.

  23. Green day = cpm 22= malhação=popizinho
    Excelente idéia do Green Day relembrar bandas de rock decente, sem falar que a arte do teatro é sempre bem vinda e contagiante.
    Comparar Scorpions, Stones, Guns, ACDC, Black Sabbath com Green Day não dá 33333
    Só espero que o próximo rock de qualidade não seja o Restart.

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