Cada dia me convenço mais que jogador de futebol tem que ser tratado na base da “porrada”, ainda mais os que vestem a camisa da Seleção Brasileira. A falta de amor, de brio, que a gente tem visto costumeiramente no “escrete canarinho” só tem afastado o torcedor. Prova disso que, até domingo, apenas oito mil haviam se disposto a comprar ingresso antecipado para a partida de quarta-feira (10/9) contra a Bolívia, no estádio Engenhão (Rio de Janeiro).
Nossos “craques” foram criticados duramente pela imprensa, pelo Lula e até pelo Galvão “Ufanista” Bueno, e resolveram mostrar serviço. Ficaram “ofendidinhos”, “magoadinhos”, reclamaram abertamente do presidente (ele foi mais torcedor do que outra coisa, é verdade, mas pelo menos surtiu efeito) e deram a resposta dentro de campo. Correndo, tocando a bola com inteligência, disputando divididas, jogando minimamente como se espera de uma Seleção pentacampeã mundial. Golearam facilmente o “não-sei-porquê” marrento Chile por 3 x 0, domingo à noite, em Santiago. E podia ter sido bem mais…
Dunga, com a corda no pescoço, abriu mão do congestionamento no meio-campo e escalou o Brasil no ataque. Assim, Luis Fabiano, Robinho e até o meia-boca Diego brilharam. Ronaldinho Gaúcho alternou bons e maus momentos e vacilou na cobrança de pênalti. Nossa defesa andou batendo cabeça e os laterais continuam inoperantes. Ou seja, não é pra sair fazendo discurso “oba-oba”, mas pelo menos voltamos a ver algo que se assemelha a uma Seleção. Por ironia podemos terminar a semana até na liderança das Eliminatórias, embora o mais provável é que continuemos em segundo lugar mesmo.
Quanto ao Dunga, ganha uma sobrevida no cargo. Está conquistando experiência na prática (quem mandou contratá-lo para uma posição tão complicada?) e poderá contar daqui pra frente com jogadores mais rodados e em melhores condições físicas e técnicas – casos de Ronaldinho Gaúcho, Robinho, Kaká e, talvez, Adriano. Quem sabe falando menos bobagem e bancando menos o “zangadinho”, nosso treinador cale a boca da opinião pública?