
Texto e fotos: Erika Meier
Vamos tentar fazer uma primeira resenha pro blog do Cult 22… vai que cola, né?
No último sábado, 10 de maio de 2025, Brasília viveu uma noite digna de contos fantásticos, daquelas que nos lembram por que a música ao vivo tem um poder tão arrebatador. O palco foi o Auditório Planalto, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, que recebeu a turnê Fabio Lione’s Dawn of Victory, em uma apresentação grandiosa com coral, orquestra e um repertório de emocionar até os mais casuais fãs do power metal sinfônico.
Tive a honra de acompanhar tudo de perto fazendo a cobertura fotográfica do show. Embora não seja uma especialista em Rhapsody, banda que projetou Lione mundialmente, carrego memórias da adolescência ao som de “Emerald Sword” cantada em uníssono por amigos metaleiros. Minha conexão com Fabio, no entanto, vem de outro caminho: sou fã declarada do Angra, banda que ele comanda com maestria. Sempre digo que o Fabio já é o nosso italiano favorito com CPF brasileiro.
No palco, ele é pura entrega. Carismático, comunicativo e absolutamente cativante, alterna entre português, italiano e inglês com naturalidade, criando uma atmosfera intimista mesmo em meio ao épico. Entre uma canção e outra, compartilhou causos de bastidores, como a icônica gravação do álbum “Symphony of Enchanted Lands II – The Dark Secret” ao lado de ninguém menos que Christopher Lee — sim, o Saruman, o Conde Dooku, o próprio Drácula.

A abertura da noite ficou por conta da banda Dogma, que trouxe energia e presença de palco de sobra. Com visual marcante, quatro mulheres vestidas de freiras em corpse paint, o grupo arrebatou o público com faixas autorais como “Forbidden Zone”, “Father I Have Sinned” e “The Dark Messiah”. Teve até cover matador de “Like a Prayer”, da Madonna, em versão pesada e cheia de personalidade. Apesar das comparações com a banda Ghost, por conta da iconografia religiosa subvertida, o som do Dogma dispensa paralelos. É uma mistura energética de hard rock, heavy metal e um toque melódico, com riffs marcantes, refrões impactantes e uma presença de palco expressiva, cheia de teatralidade bem encaixada.
Quando elas entraram no palco, o auditório ainda estava enchendo, mas bastaram poucos minutos para o público entender que estava prestes a ver algo especial. Cada música arrancava mais aplausos, gritos e olhares de encantamento. Um show que começou com curiosidade e terminou com uma plateia absolutamente surpresa e empolgada. Pra muitos ali, Dogma ainda é uma novidade, mesmo que a banda exista desde 2002, com um álbum homônimo lançado em 2023 e, recentemente, com destaque no Festival Bangers Open Air, em São Paulo.
Às 20h30, quando Lione subiu ao palco, a plateia já estava aquecida e ansiosa. O ponto alto da turnê foi a execução integral do clássico “Symphony of Enchanted Lands”, disco que é uma verdadeira obra-prima do gênero. Músicas como “Wings of Destiny”, “The Dark Tower of Abyss” e a épica faixa-título foram acompanhadas de arranjos orquestrais deslumbrantes, resultando numa experiência sensorial incrível. A força do metal encontrou a delicadeza da música clássica, culminando em momentos de pura catarse coletiva.
O set list ainda contou com faixas marcantes da era Rhapsody, como “Holy Thunderforce”, “Knightrider of Doom” e “Rain of a Thousand Flames”. E, para surpresa geral, Lione emocionou o público com uma poderosa versão de “We Are the Champions”, do Queen, antes de encerrar a noite com a apoteótica “Dawn of Victory”, deixando todo mundo querendo mais duas horas de show!
Um detalhe que chamou atenção foi a diversidade do público: famílias, crianças pequenas, jovens fãs e veteranos do metal, todos reunidos numa celebração multigeracional. Ver os olhos brilhando das crianças diante daquele espetáculo foi um lembrete de que a paixão pela música é algo que se transmite, que se compartilha.
O formato teatral do Auditório Planalto também contribuiu para a imersão. A acústica favoreceu os arranjos sinfônicos, e o conforto das cadeiras não impediu o público de se levantar para cantar e vibrar com intensidade.
Fabio Lione entregou uma apresentação que foi além do show. Foi um convite para mergulhar num universo de fantasia e emoção — e Brasília respondeu à altura. Uma noite memorável que vai ficar guardada não só nas fotos, mas na memória de todos que estiveram lá.

Set List Fábio Lione
Parte 1 – Íntegra do álbum “Symphony of Enchanted Lands”:
. Epicus Furor
. Emerald Sword
. Wisdom of the Kings
. Heroes of the Lost Valley
. Eternal Glory
. Beyond the Gates of Infinity
. Wings of Destiny
. The Dark Tower of Abyss
. Riding the Winds of Eternity
. Symphony of Enchanted Lands
Parte 2
. In Tenebris
. Knightrider of Doom
. Land of Immortals
. The Wizard’s Last Rhymes
. Rain of a Thousand Flames
. Lamento eroico
. Holy Thunderforce
. We Are the Champions (Queen cover)
. Dawn of Victory

Set List Dogma:
. Forbidden Zone
. Feel the Zeal
. My First Peak
. Made Her Mine
. Carnal Liberation
. Banned
. Like a Prayer (Madonna cover)
. Bare to the Bones
. Make Us Proud
. Pleasure From Pain
. Father I Have Sinned
