Blog voltar
|

This fire burned the Marina “Hell”

Franz Ferdinand - Brasília - 21 de março de 2010 - Abelardo Mendes Jr/Cult22A passagem do Franz Ferdinand por Brasília reacende a velha discussão sobre a falta de espaços apropriados para shows de maior porte na capital do Brasil – leia-se para públicos superiores a três mil pessoas, capacidade máxima do confortável auditório master do Centro de Convenções (onde o mestre B.B. King se apresenta hoje à noite), cuja configuração, com cadeiras, não se adequa a uma apresentação vibrante como a do quarteto escocês. O Ginásio Nilson Nelson, como sabemos, carece de boa acústica e é preciso montar uma megaestrutura de palco para driblar as deficiências.

O Marina “Hell”, digo, Marina Hall é um desrespeito ao cidadão de bom senso, não importa se tem 20 ou 40 anos. É causa ganha em ação no Procon. Podem me chamar de ranzinza, mas ninguém merece pagar entre R$ 120 e R$ 160 para ficar “derretendo” por uma hora e 40 minutos num calor insuportável. Aqueles ventiladores instalados nas pilastras de sustentação da pista não têm qualquer condição de refrescar uma multidão de quase seis mil pessoas que se aglomerou ontem (21/3) à noite. Sem dizer no estacionamento confuso de causar irritação até em monge tibetano.

Como se não bastasse, o pé direito baixo daquele “salão de festas” não permite a montagem de um palco com altura compatível ao tamanho do espetáculo. Quem tem menos de 1,70m sofreu pra conseguir visualizar com clareza tudo o que rolava lá em cima – a não ser que estivesse grudado na frente da grade de proteção. Pelo menos a acústica, normalmente ruim, foi bem resolvida e dava pra ouvir com clareza os instrumentos e, principalmente, a voz de Alex Kapranos. E o atraso foi insignificante – o Franz Ferdinand subiu às 21h20, 20 minutos após o previsto.

Quanto ao show em si, não há o que reclamar. Costumo ter certa implicância com o “hype” que se forma em torno de novas bandas, aquele discurso de “salvação do rock” (“a melhor banda de todos os tempos da última semana”, como bem ironizaram os Titãs) que por vezes toma conta de certos segmentos da mídia. Na minha opinião, a relevância artística só pode ser comprovada com o tempo – e não apenas com o primeiro disco, algumas músicas lançadas no myspace ou um punhado de shows.  Procuro ouvir e acompanhar o “novo”, claro, por dever da profissão. Mas sem ficar me entusiasmando a toa.

Agora, fechando a primeira década dos anos 2000, já podemos avaliar melhor a importância histórica do som da “nova geração”. Até pouco tempo, considerava que apenas duas bandas desta turma mereciam destaque no meu ranking: Strokes e White Stripes. Mas estava considerando incluir uma terceira, o que se confirmou na noite de ontem. O Franz Ferdinand tem legado suficiente para entrar no panteão dos grandes nomes do novo pop/rock mundial, na minha opinião.

É muito bom ver em Brasília a apresentação de um grupo que está no auge. Com muita simpatia e carisma, Alex Kapranos e cia. fizeram um show dançante, energético, e desfilaram um repertório matador misturando 20 canções dos três discos que lançaram até aqui. No your girls, Tell her tonight, Do you want to, Walk away, Take me out, This fire, Ulysses, Turn it on, Michael, Darts of pleasureNão é qualquer banda que acumula tantos hits em tão pouco tempo. E a reação do público, cantando e pulando (e suando em bicas) em todas as músicas, reforçou o conceito da importância do Franz nesta nova ordem da música pop mundial. Consegui ficar no meio da “muvuca” até a 12ª música, justa e ironicamente This fire. Mas o calor me venceu e recuei estrategicamente para o “fundão” para poder assistir ao restante. O clima já não era o mesmo, mas tudo bem.

Não posso deixar de registrar também a excelente performance do quarteto brasiliense The Pro, que justificou plenamente a presença como banda de abertura (eles foram os mais votados em eleição nacional via internet) e fez um show com muita personalidade. O mais bacana é que a galera marcou ponto em grande número cantando e aplaudindo várias músicas, como Todos juntos, Volta tempo, Alfama e Tudo bem, todas lançadas apenas em singles e no myspace deles. Na apresentação, que foi das 20h às 20h30, Zé (voz e guitarra), Bernardo (baixo), Lucas Fadul (guitarra) e Guigo (bateria) contaram com o bom reforço de Filipe Viana, do Watson, nos teclados. Parabéns!

Problemas estruturais a parte, Brasília vive um momento mágico. E hoje ainda tem B.B. King!  Não me acordem deste sonho.

O set list em Brasília foi:
. Auf Achse
. No You Girls
. The Fallen
. Tell Her Tonight
. The Dark Of The Matinée
. Can’t Stop Feeling
. Do You Want To
. This Boy
. Walk Away
. Take Me Out
. What She Came For
. This Fire
. Ulysses
. Turn It On
. Outsiders

Bis:
. Jacqueline
. Michael
. Darts of Pleasure
. 40′
. Lucid Dreams

Franz Ferdinand - Brasília - 21 de março de 2010 - Abelardo Mendes Jr/Cult22

Se você chegou até aqui pelo Twitter, veja outras fotos do show.


24 comentários sobre “This fire burned the Marina “Hell”

  1. O show realmente foi maravilhoso. Acho super importante artistas internacionais q tentam falar a lingua do país onde tocam, e o Franz fez isso muito muito bem, falando várias vezes, e várias coisas.

    Eu só fiquei na muvuca até Take me out. Estava encharcada. E de fato o espaço parecia completamente improvisado para o show. A altura do palco tava ridícula, e eu só vi alguma coisa qdo fui lá pra trás…

    É mto desrespeito com o consumidor que pagou caro pelo show…

  2. Impossível não dizer que o Marina Hot (Hell)
    Estava em chamas de verdade
    (this fire is out of control…and Franz Burn Brasilia =D)
    o Show foi sensacional
    O local foi o lixo que todos esperavamos
    mas não tirou o prazer da festa

    Mesmo saindo com a roupa completamente molhada de suor
    e de ter molhado o setlist por ter guardado no bolso quando peguei da mão do Alex Kapranos

    Valeu muito a pena =D

    #Franz

  3. Cara, realmente foi terrível o calor lá! Eu aguentei ficar na muvuca até o final, inclusive consegui chegar bem perto da grade. No mais, o show foi ótimo! Franz arrebenta :D…

  4. Concordo plenamente com o fato de que Brasília carece de lugares decentes para shows desse porte. Ainda mais se pensarmos que aos poucos a cidade está entrando na rota de bandas que atraem grande público. Sim, o calor além do normal, o palco baixo, tudo um grande desrespeito. A par todos “os poréns”, a performance do Franz Ferdinand foi emocionante e memorável. Tive a sorte de estar no Circo Voador em 2006 e a noite de ontem não fica devendo muito ao que dizem ser o “show lendário” do Franz. Ah! Gostei muito da apresentação do The Pro, banda que não conhecia ainda. Muito boa.

  5. estou com a Emilie. o show foi tão bom que até o calor do Marina Hall foi irrelevante. this fire, literalmente! hahaha

    os caras realmente são muito bons e o set list, sem palavras! senti falta apenas de “bite hard”, mas isso é mero detalhe.

    Brasília provou mais uma vez que não só que precisa de shows como esse e de lugares apropriados para tais shows, mas que tem público para shows de bandas que estão no auge. contagiante a vibração do público! será que temos chance de fazermos da agenda de março de 2010 uma constante?

  6. O show foi demais mesmo e tava falando exatamente o que você disse sobre as bandas dos anos 2000: Strokes e Franz Ferdinand estão entre as melhores mesmo. Ainda acho o The Killers outra banda muito boa da década passada, mas isso vai do gosto de cada um.

    O show do Franz é muito alegre, não tem “baixos”. E, como você disse, é bom demais ir a um show e ver que boa parte do publico cantas as musicas todas.

    Foi do caralho.

    E concordo com todas as observações sobre o espaço. Você naõ acha que se nego fizesse uma reforma boa ali o lugar nao ficaria bom até mesmo para fazer um festival? Aquele espaço lá na beira do lago é muito bom. Me lembrou, guardadas as proporções, o clima do TIM Festival no Rio.

    Saudações!!!

  7. Aproveitando a discussão sobre espaços: alguém sabe qual é a bronca dos produtores locais com espaços “open-air” como o Camping Show, o Estacionamento do Mané Garrincha e, principalmente, a Concha Acústica? Como o próprio nome diz, acho um dos melhores lugares, se não o melhor, em termos de qualidade sonora e conforto. Já vi Porão, Seletiva do Porão e shows do Evergrey e Placebo lá e todos foram ótimos!

    Os shows do GNR, a-ha, FF e o vindouro Megadeth poderiam perfeitamente acontecer em um desses lugares. Não sei pq insistem com o Nilson Nelson ou esse Marina “Hell”…

    Alguém aí arrisca um palpite?

  8. Pedro, um lugar “open-air” é fera – o Hive tocou no Arena, lembra? Mas já pensou se ontem tivessse caido o mesmo diluvio que caiu no sabado à noite?

  9. O Camping anda desativado para shows. O estacionamento do Mané Garrincha e a Concha Acústica requerem um custo maior com cercamento e seguranças – motivo alegado, inclusive, pela produção do Franz, que desejava fazer o show na Concha, mas não tinha patrocínio suficiente para isso.

  10. O empresário que fizer uma casa de shows decente em Brasília, pra entre 5 mil e 8 mil pessoas, vai ficar rico. Cada vez mais vez há shows para essa faixa de público na cidade, e creio que a tendência é só crescer.

    Ontem perdi uns 3kg no show, mas valeu a pena. Foi memorável.

  11. Realmente a estrutura do Marina H. ñ suporta nada além de uma formatura humilde, o calor estava de matar…passei tão mal no meio da multidão que desmaiei..aposto que umas centenas de pessoas devem ter passado muito mal também. Engraçado q ñ me levaram pra nenhum posto médico, primeiros socorros ou coisa parecida. Se realmente o tinha, ñ estava de fácil localização. Deixou muito a desejar..
    Infelizmente ñ pude curtir o show inteiro, mas até onde lembro foi muito phoda mesmo..
    Parabéns aos sortudos que poderão ver o BBKing ;)

  12. Totalmente verdade o que o Marcos Pinheiro disse. A banda foi muito bem e acredito que até eles sofreram com o calor do Marina Hell. Cheguei muito cedo pra garantir um lugar na frente, mas quando a bagunça de Take me Out começou, tive que sair do miolo pra não desmaiar, encharcada de suor. Teria aproveitado mais se o palco fosse mais alto ou o salão mais ventilado…

  13. comecei a passar mal no fim de This Fire e foi no fim de Ulysses que pedi arrego hahaha pedi prum segurança me tirar dali e quando ele me pegou desmaiei nos braços dele. acordei com o cara jogando água mineral na minha cara, levantei e voltei. só não fiquei na grade porque não deu pra chegar lá. mas e daí? o que importa é que o show foi foda pra caralho! voltei pra casa com pelo menos uma gota de suor de cada pessoa que esteve ali. ah! The Pro foi maior legal.

  14. Ganhei nos sorteios da cultura o ingresso pro show, e não teria ido se não fosse por esse sorteio, ando mal a beça de grana, vou te dizer, só tenho a agradecer o pessoal da cultura, o show foi do baralho, concordo com a opinião sobre o franz ser uma das bandas que se destacam no cenário atual, porque o som deles é ainda melhor ao vivo do que no álbum, não desmerecendo o som do studio. Nem toda banda ocnsegue isso, e eles conseguiram, tem presença, tocam e cantam bem, e faziam suas viagens particulares nas músicas, o que foi muito bom, pq muitas bandas dessas novas gerações tem o hábito de tocar suas músicas compactas como são no álbum e não se dão o espaço de viajar um pouco no prazer de tocar o instrumento. A nota baixa do show realmente foi apenas pelo local escolhido, mal arejado e abafado a beça, mas consegui curtir tranquilo (apesar de sair parecendo que tinha pulado na piscina de tão molhado que tava a camisa)

  15. Sempre achei que Franz Ferdinand estaria entre as bandas da era 2000 que ficariam pra história.

    O calor acabou com a minha escovinha, hahahahahaha.

  16. hein????????

    cadê a melhor e mais importante banda de rock da década: QUEENS OF THE STONE AGE???????????

    por favor, né!

  17. Olha, fui de Belo Horizonte para Brasília só pra ver o show do Franz. Tinha ouvido falar que o Marina Hall não era apropriado para shows, e até imaginei coisa pior. De qualquer forma, achei o palco muito baixo, e o calor … quase insuportavel!!! nunca suei tanto na minha vida!!! chegou num ponto que eu não sabia o que era mais importante: ver o show ou respirar!! acabei não aguentando mais ficar na frente e assim que terminaram a batucada marivilhosa de Outsiders eu fui comprar umas águas e voltei a tempo de ouvir Jacqueline :-) só que mais atrás. Temperaturas à parte, o show foi magnifico! Não entro no mérito de quem é a melhor banda de rock, só sei que adorei todo o set list e assitiria a outro show do Franz hoje, se pudesse! Acredito que o pessoal de Brasilia ainda teve mais sorte do que nós de BH, que nem show do Franz tivemos!! Por que é que raramente Belo Horizonte é incluída nessas turnes legais? Hein? Hein? Hein? Injusto!!!

  18. assino em baixo tudo a respeito do Marina Hell, aquele lugar é horrível para shows. Eu acho que os ventiladores nas pilastras são um tipo de piada dos proprietários do lugar.

    PS: Quem fez a sonorização do show do Muse? Foi um dos melhores sons que já ouvi em um show.

  19. sinceramente, não sou do fã do franz ferdinand, mas achei o show sensacional, um dos melhores q já vi. a banda mostrou completo domínio da situação, além de muito carisma.

    o repertório dos três discos, que eu sempre considerei razoável, cresce muito ao vivo e convence. além do mais, foi bem abrangente, cobrindo toda a discografia da banda. com certeza, agradou 100% do público.

    o som, que era minha grande preocupação, estava ótimo se considerarmos a péssima acústica do lugar. parabéns à equipe responsável que tirou coelho da cartola e deixou tudo praticamente na medida para que a banda pudesse mostrar do que é capaz ao vivo.

    ontem, teve bb king mas, infelizmente, não deu pra ir. de qq modo, uma coisa é certa: podemos afirmar com toda segurança que depois desta temporada internacional, brasília tem público para os mais variados shows de rock.

    a meu ver, a cidade superou seu complexo de vira-latas e se tornou uma das ‘escalas de rotina’ para as bandas gringas aqui no brasil. claro que não vai ser que nem são paulo, mas a coisa vai ser bem mais equilibrada em relação a porto alegre, curitiba… ou não. é esperar pra ver.

    inté!

  20. O Alex é tão chic que tem sobrenome grego, é escocês e pensa em alemão; sim, porque aquelas-que-ninguém-conhece ele fazia uma mistureba de idiomas…
    Fiquei encostada na grade porque quando ele chamava a audiência pra mais perto era a deixa. Guentei o calorão e ñ arredei pé.
    Não vi nenhum conhecido porque estava preocupada em pegar o busão; aliás só vi a Alê dos Santos na hora em que o Zé cantou “Tudo Bem” [ela foi conferir bem de pertinho].
    Gostei da resenha,Marquinhos e também do texto do Pedrinho e do Titi no jornal de ontem!!!!!
    BEIJARCTICS!!!!!

  21. O show do Franz é imperdível e inesquecível!
    E foi isso que me fez permanecer até o final lá no Marina trash hell…vamos combinar: aquilo lá é um salão de festas mesmo, e eu senti “vergonha alheia” pela organização levar uma banda como o FF para tocar lá. Concordo em número e grau com as críticas do Marcos Pinheiro, com exceção da acústica: também era ruim. A minha grande sorte foi ter tido a chance de tb assistir ao show na Fundição Progresso (esse sim insuperável)…
    Brasilienses, que eu não consigo entender é como Brasília, sendo a capital do país e uma cidade que já teve uma cena tão importante para o rock nacional, simplesmente não tem UM lugar decente para grandes shows. Assim Bsb nunca entrará nos roteiros de grandes turnês. SHAME ON YOU BSB!!!!!!

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *

Você pode usar estas tags e atributos de HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <strike> <strong>