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E o show do Guns…


Foto: Aline Queiroz

Os fãs deliraram, os detratores meteram o pau. O que não faltam são opiniões diversas sobre a “intensa” apresentação do Guns n´Roses na madrugada de hoje (segunda-feira), no Ginásio Nilson Nelson.

Como escrevi no post anterior, minha revolta foi quanto ao enorme atraso e, sobretudo, pelo motivo dele. Claro que existem problemas deste tipo em outros tantos eventos realizados em Brasília – e também temos que protestar contra isso. Mas acho inaceitável saber que milhares de pessoas ficaram de pé por horas, no aperto de um ginásio desconfortável e quente, em condições de segurança questionáveis, esperando por um artista que simplesmente decidiu viajar na hora que já deveria estar cantando. Só pra completar a informação anterior: o Khallice foi confirmado no line up do show somente na sexta-feira. Não é, no mínimo, “estranho”? Se alguns fãs preferem passar a mão na cabeça de Axl Rose mesmo assim, então deixa quieto.

Vou comentar apenas o que achei do show e da banda:
. Axl Rose formou um novo Guns competente e que, em alguns momentos, até supera o original. Exemplo disso é o veterano Tommy Stinson, ex-Replacements, que já vem com a banda há 10 anos. Gostei também do baterista Frank Ferrer. Mas precisou de três guitarristas pra fazer o trabalho que normalmente era só do Slash, com o apoio do Izzy Stradlin.  O tal DJ Ashba é muito talentoso, sem dúvida. Mas “emular” o Slash ao usar aquele chapéu-quase-cartola e o cigarro no canto da boca era desnecessário. No Rock in Rio 3, em 2001, o Guns fez a mesma tentativa com um cara com um balde de Kentucky Fried Chicken na cabeça, o tal Buckethead. Bobagem.

. Também tenho certa implicância com bandas que se descaracterizam ao longo do tempo com mudanças constantes de músicos. Mas confesso que não fiquei com impressão de “banda cover” do Guns – a não ser pela performance do próprio Axl. Desculpem, mas por mais que ele se esforce, solte os agudos com força e corra o palco todo, não é mais o garoto de 15 ou 20 anos atrás. Engordou demais e sua voz não tem a resistência dos anos 1980/90 – neste aspecto, o Sebastian Bach, de quem não gosto desde os tempos do Skid Row, ganhou dele com certa folga. Concordo que a performance de Axl em Brasília foi melhor do que aquela no Rio, há nove anos, até surpreendente. Mas, para isso, reforçou sua banda nos backing vocals. E aproveita os vários “momentos solo” dos companheiros para correr pro camarim – o que ele tanto faz lá, eu prefiro não saber. Talvez use apenas uma máscara de gás para “repor o oxigênio”. Podia envelhecer no palco com um pouco mais de, digamos, “dignidade”.

. Tecnicamente, o som do Guns estava melhor que dos shows anteriores, que soaram baixo em vários momentos. Logo, alegar que foi o microfone que falhou na voz de Axl é realmente ser muito fã do cara. A produção, neste aspecto, conseguiu superar os conhecidos problemas de acústica do Nilson Nelson com um ótimo equipamento.

. As músicas novas alternam bons e maus momentos. Gosto de Chinese democracy, Better, Shackler´s revenge (que soou meio embolada no show) e Madagascar. Talvez por ainda não terem sido tão executadas, não ganharam a repercussão dos antigos sucessos. É uma questão de tempo… ou não, quem sabe? As demais são dispensáveis, a meu ver. O set list foi bem dividido, com sete do primeiro disco, Appetite for destruction, o melhor disparado do Guns, na minha opinião. Mas faltaram canções de outros, com Used to love her, Civil war ou Don´t cry.

. Os efeitos das explosões, fogos, jogos de luzes, projeções nos telões e o palco da turnê são sensacionais. Coisa de megaprodução mesmo! Fiquei “de cara”. No quesito técnico, Brasília presenciou um espetáculo de primeiro mundo.

Em resumo, o saldo do show propriamente dito foi positivo. Mas o desrespeito com o público tirou alguns pontos consideráveis de um evento que poderia até beirar a perfeição.

19 comentários sobre “E o show do Guns…

  1. ahhh tá. confesso que comentei o post anterior pensando que vc queria fazer uma resenha alienadamente preconceituosa e negativa do show como uma que li por aí falando de covers e enfins. agora que vi o que escreveu do show em si entendo e respeito sua opinião. reclamo da falta de segurança dentro do show e o atraso desgastante. o show foi ótimo, e repito, valeu muito.

  2. Boa resenha, Marcos.

    Concordo com o seus comentários sobre a situação degradante em que es pessoas, principalmente da pista, dita normal, encontravam-se.
    Sardinhas enlatadas não aguentariam aquilo por muito tempo.
    Oito horas em pé sem espaço para sequer sentar no chão!
    A segurança era inexistênte.
    Não se via 1 PM no interior do ginásio com 13 a 15 mil pessoas abarrotadas. Não se via também as escadas para uma que o público pudesse sair rapidamente em uma eventual briga generalizada. Grande risco tragédia, já que não existia policiamento.

    Como já falei anteriormente, mais um fracasso em termos de organização de shows em Brasília.
    Alguem poderia me dizer porque nunca utilizam o estacionamento do Mané Garrincha para shows internacionais (fora festivais como Porão)?
    Como a impossibilidade de se usar o Mané Garrincha por conta das reformas, os produtores locais só pensam em Nilson Nelson. Lamentável.

    Agora o show foi simplesmente Sensacional!!!
    Que produção fenomenal. Coisa de 1º mundo mesmo.
    Paradise City foi épico!!
    Welcome to the Jungle, November Rain, Sweet Child, You Cold Be Mine e Knockin´On Heaven´s Door levaram o público ao delírio…..

    Com certeza, em termos de tecnologia, pirotecnia, a produção em si, Brasília nunca viu nada igual!

    Em termos de produção, superou o do Iron. Mas também só nisso!!!

  3. PS:
    Como eu xinguei esse babaca do Axl naquela espera tradicional e egocêntrica que ele sempre faz em shows do Guns…

    Por isso que Iron é Iron, principalmente na relação de respeito que eles têm com os Fãs!!

  4. Até entendo seu comentário sobre o “sósia” do Slash referente ao DJ Ashba, mas se tratando do Buckethead, erroneamente você disse que o Guns tentou tapar o buraco com o mesmo, ele simplesmente é assim, não foi uma tentativa de ser algo parecido, foi simplismente acaso. Não sou fã dele, mas anos atrás fui buscar à respeito do mesmo e vi que o “garoto” é muito talentoso e tem esse estilo “próprio” o que o difere dos demais guitarras solo.

    Mas muito boa sua crítica, conseguiu diferir o show do problema de atraso. Sucesso!

  5. “Logo, alegar que foi o microfone que falhou na voz de Axl é realmente ser muito fã do cara”
    Marcos Pinheiro

    “Quem estava na pista não notou o problema técnico e conseguiu ouvir os agudos de Axl. Mais uma evidência de que, em shows de rock, nem o batalhão mais valente consegue vencer o gigante cruel chamado Ginásio Nilson Nelson.”,
    Thiago Faria, Correio Braziliense.

    Na boa, fico com Thiago Faria.

    Vejam extratos de outras crônicas:

    “Axl não está no auge. Não é mais aquele jovem de longos cabelos loiros que hipnotizava plateias no mundo inteiro com sua voz estridente e vitalidade no palco. Mas, mesmo com 48 anos, cabelos mais curtos e alguns quilos acima do peso, ele não decepciona”, Mylena Fori, do R7.

    “As labaredas esquentaram o público de aproximadamente 13 mil pessoas, de acordo com a organização, para as quase 2h30 de um show recheado de sucessos do antigo Guns e que mostrou um Axl Rose ainda capaz de empolgar seus fãs”, Claudia Andrade, do Terra.

    “Autêntico rocker, headbanger “desviado”, roqueiro “das antigas”, simples apreciador de shows de grande porte ou o que quer que você que esteve no show de Brasília seja, certamente vibrou em algum momento. Na minha opinião, Mr. Rose se redimiu de qualquer atraso, por mais longo que tenha sido, e mostrou que continua com a energia que o consagrou, além da técnica vocal.”
    Elisângela Araújo, do Whiplash.

  6. bueno. vamos lá…
    acho a figura de axl rose aos 48 anos um troço meio triste. tornou-se refém de sua antiga imagem. não pude deixar de notar, ao longo do show, como ele repetia trejeitos. por exemplo: o jeito de se aproximar do pedestal do microfone, no final de cada música, espichando-se nas pontas dos pés logo depois do último passo, enquanto, de braços retos ao lado do corpo, abre as mãos espalmadas. e solta o gemido oh ya. ou mesmo uma piada que ele fez – que ele já fazia com exactamente as mesmas palavras quando era o simbolo sexual de 1987/1991 – lá pelas tantas entre as músicas: “my pants are falling down. you don´t want my pants to fall down, do you?”
    sei lá. esse tipo de coisa me incomoda até mesmo na malu magalhães (que tem 16 anos). em axl, me fez lembrar michael jackosn & madonna, dois refens da propria antiga imagem, refens da juventude perdida. tipo de troço que me faz admirar roqueiros – como keith richards, bob dylan, paul westerberg, neil young ou os caras do sonic youth mesmo – que mostram como envelhecer (amadurecer?) com dignidade e tal. o resto, me perdoem, é teatrinho de terceira.
    ou serah que é mesmo better to burn out than to fade away, hein?

  7. É, Ana, tipo a crítica do UOL: nitidamente ficou a impressão que o texto já tava pronto na cabeça da mulher. que não faria diferença alguma se o show ou os músicos fossem bons ou ruins. O que importaria era ela usar o espaço para lamentar a ausência dos membros originais (alguns deles, ressalte-se, têm já menos tempo de banda que os atuais), reclamar da voz do Axl (outro comentário clichê), dizer que a banda é cover de si mesma (preguiça!!! Show recheado de músicas novas) e zombar da forma fisica do excêntrico sujeito.

    Pra dizer essas bobagens, nao precisava ter ido ao show. Mellhor nem dar bola.

    Abssss

  8. Boa resenha, Marquinhos. Mas rolou “falha técnica” sim: da arquibancada, era impossível ouvir a voz do Axl. Parecia karaokê. O curioso é que a acústica do estádio (ou teria sido barbeiragem da equipe de som?) não prejudicou o Sebastian Bach nem o Khallice.

    E o show era o que eu esperava do Guns N’ Roses mesmo: um bombardeio. Welcome to the jungle e Paradise City pagaram o ingresso. E tudo muito cafona, over, obeso, a cara do Axl.

  9. Pois é Marquinhos, para quem estava na arquibancada parecia show de mímica. O Axl se esgoelando no microfone e a plateia sem ouvir nadica de nada. Me senti entalada. Uma agonia. Vimos o show, mas não ouvimos. O jeito foi entrar no carro e procurar um disco do guns para “desentalar” aquela sensação de gritar e a voz não sair…

  10. Boa resenha! Também achei o atraso desconfortável pois o calor no ginásio estava insuportável. Em relação a segurança fiquei preocupada quando por dois momentos algumas pessoas da pista iniciaram uma briga que poderia ter caminhado para o pior. E o show? Foi simplesmente incrível. Superou todas as minhas expectativas. Axl realmente não tem mais corpinho de 18 anos mas continua ali, com seu jeito de bad boy inconfundível. Muito bom o set list mas senti falta de Don’t Cry. O bis foi arrepiante e me surpreendi quando Axl retornou ao palco e pediu desculpas ” por fazer as crianças ficarem acordadas até tarde”. E claro, não posso deixar de mencionar a bandeira que a galera da pista premium estendeu pro Guns: alucinante.
    Eu faria tudo outra vez!

  11. Tiago e Nahima, valeu pelos toques.

    Da pista, sinceramente, não percebi problema técnico algum no show do Guns, a ponto da voz do Axl sumir por causa disso – a não ser pela limitação física dele mesmo. Mas pelo relato de vocês – e pelo que li também na matéria do Correio – a situação na arquibancada estava caótica.

    Fica o registro. Abraços.

  12. Pô, ninguém comentou o show do Sebastian ! Rsrsrsrsrsrs ! Sacanagem ! Sou fã do cara e achei uma senhora apresentação, e na boa, o cara é muito, mas muito mais carismático que Axl. Sobre o lance dos guitarristas … bom, bandas de rock precisam de suas figuras bizarras e DJ Asbha além de grande guitarrista e grande presença é bizarro pra cacete. Três guitarras ? Convenhamos que ao vivo não faz diferença, assim como dois tecladistas. Sobre a questão do atraso de Axl, recentemente na biografia do Slash ele revelou o quanto a banda se prejudicava por conta dos atrasos do cara chegando a inclusive a reproduzir uma declaração do Axl dizendo que o próprio só se sentia bem “subindo ao palco depois da meia-noite”. Então, patience, yeah, yeah ! rsrsrrss

  13. De todas as musicas que entravam e a cada solo sem criatividade que eu ouvia no ginásio Nilson Nelson eu só
    me perguntava uma Coisaa:
    -Onde ta o Slash ?????
    Os guitarristas pô eles eram até bons, bastante compententes
    mais os três juntos não conseguiram fazer o que o Slash Sozinho Faziaa!!!
    …Pohaa o Tema da Pantera Cor de Rosa foi uma Palhaçada, Puta falta de Criatividade!!!

  14. Jesus, cê viajou longe ! Os três guitarristas são tecnicamente beeeem superior ao Slash. O que eu acho que o Marcos quis dizer foi que talvez a marca pessoal deles não foi sentida durante a apresentação. Mas daí a dizer que os caras NÃO CONSEGUIRAM é loucura ou birra !

  15. Concerteza 3 guitarristas são melhores que 1
    Mais pra 3?????
    Pois é ta aii um erro grave que eles cometeram
    eles fizeram muito bem o que já existia o que foi Criado por outras pessoas, mais na ora de Criar, ousar ou até mesmo surpreender o público , não tiveram atitude de criar algo novo ou deixar a tal marca registrada, o que é uma droga para guitarristas tão “Bons” e infelizmente não conseguiram sair da sombra do slash.
    …Puta Pinta de EMo eles Tinham

  16. Assisti os shows da arquibancada e vão minhas constatações:
    - Khalice e Sebastian estavam com a parte de som muito boas, deu pra ouvir tudo muito bem. Inclusive considero que o Sebastian chegou a salvar a noite no aspecto da simpatia com o público e de o pessoal tolerar um pouco melhor a palhaçada do Gun’s com o atraso (so conhecia 2 músicas mas a performance dele foi muito boa). Imagina se não tem o Sebastian, e o público espera aquilo tudo “a seco”! Cheguei a ficar com medo de esperar o show do gun’s devido às brigas e confusões que começaram a estourar na pista e arquibancada no longo intervalo.
    - O show do Guns realmente me surpreendeu, com todo o artefato pirotécnico para nós… Ninguém traz o show completo para BSB, e para vermos algo melhor, geralmente temos que sair para SP e RJ.
    - Acho que o problema foi com a voz do Axl mesmo, pois até minha amiga que tava na grade da pista premium percebeu a falta da voz. Pra gente na arquibancada, toda a banda se destacava, até os efeitos eletrônicos de voz do tecladista e o backing vocal da banda, mas a voz dele nada…
    - O show pagou sim o ingresso, mas a raiva da espera e o cansaço tirou bastante da empolgação. Qdo deu meia-noite me deu vontade de sair e reclamar minha grana de volta, mas fica uma sensação de derrota. Talvez por isso nós geralmente toleremos essas coisas, pois é frustrante esperar tudo e não ver a banda.
    - E pra terminar, concordo com o Renaut: Iron é Iron, e respeito com o público é tudo. Só esqueceu de comentar o DIO com o Heaven and Hell, eles sim são exemplo de envelhecer com dignidade, simplicidade e uma super simpatia com os fãs!!!!!!

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