Fotos: Festival Planeta Terra/Divulgação
Tem certas coisas na vida que a gente planeja e não rola. Outras que sequer imaginamos e “caem no nosso colo”. Filosofias baratas a parte, foi mais ou menos o que aconteceu comigo no fim de semana passado: acabei vendo o Festival Planeta Terra, em São Paulo (7/11), e o show do Faith No More, em Belo Horizonte (8/11), numa decisão de última hora.
A viagem à capital mineira eu até estava armando, pois tinha o ingresso garantido. Pensei inclusive em ir de carro. Eis que, na quinta-feira à tarde, Alê “Cult Brasil” dos Santos, já em São Paulo, me manda mensagem: “Tenho ingresso sobrando pro Planeta Terra“. Tomei um susto, corri pros sites para checar preços de passagens e hotéis e tracei minha rota: voo para São Paulo no sábado, via Guarulhos, com pouso às 13h30. Saída para Belo Horizonte no dia seguinte de manhã, de ônibus, chegando lá por volta das 18h30. E retorno a Brasília, também via terrestre, na segunda-feira à noite.
Assim foi. E teria me arrependido se não o fizesse. Numa tarde assustadoramente quente na capital paulista, estava às 16h35 dentro do Playcenter. No palco, o Macaco Bong (MT) detonava seu rock instrumental e experimental. Não tinha almoçado, aproveitei para fazer um lanche na praça de alimentação e dar o primeiro rolê pelo gigantesco parque de diversões. Voltei ao palco principal para conferir qual seria a reação do público paulistano ao Móveis Coloniais de Acaju. Aos primeiros acordes de O tempo, às 17h30, uma galera de, sei lá, quase mil pessoas se juntou na frente para acompanhar o combo brasiliense. Muita gente cantando junto, palmas e entusiasmo. Rolou até a tradicional “roda” em Copacabana, com os músicos do naipe de metais descendo pro meio do povão. Alegria total!
Neste tempo encontrei alguns amigos e fomos dar outra volta pelo parque, ver o que acontecia no outro palco (bem distante) e curtir os brinquedos. Acompanhamos duas ou três músicas do EX!, sem muito entusiasmo, e retornamos ao Main Stage pro Maximo Park. Que me perdoem os fãs da banda inglesa, mas o show foi muuuito chato! O vocalista Paul Smith (foto) tem boa presença, agita bastante, mas “forçou amizade” demais, exagerando nos agradecimentos e nas “gracinhas”. Quando você passa o tempo controlando o relógio é porque algo está errado. Foi assim, entre 19h e 20h… Cansativo.
Novo intervalo e preferimos ficar conversando à espera do Primal Scream. De uma apresentação da banda escocesa você pode esperar de quase tudo: rockão a Stones, eletrônica pesada, psicodelia e até “baile funk” – no bom sentido do termo e do estilo musical! Foi mais ou menos por aí. A partir das 20h30, Bobby Gillespie e cia. mandaram um set list que passou por hits de várias fases dos quase 25 anos de carreira: Miss Lucifer, Country girl, Jailbird, Xtrmntr, Movin´on up e Rocks, entre outras. O som, porém, pareceu abafado e a guitarra de Andrew Innes sofreu com problemas técnicos. A ponto de irritar o cool vocalista Bobby Gillespie que, ao contrário do anterior, praticamente não se comunicou com a plateia. O show foi mais curto, 55 minutos. Uma pena. Mesmo assim, eu gostei.
Às 22h uma “entidade” do indie rock mundial subiu ao palco para delírio dos fãs. Aliás, o que mais se viu na tarde/noite de sábado no Playcenter foram camisetas com estampas de discos como Goo, Dirty, Bad moon rising, EVOL, Washing machine e Daydream nation, entre outras. O Sonic Youth pode se dar ao luxo de dispensar seu repertório “lado A”. Assim, “sucessos” como 100%, My friend goo, Kool thing, Dirty boots, Bull in the heather, Sugar kane, Silver rocket e até mesmo a sensacional Teenage riot ficaram de fora. Em vez disso, Thurston Moore, Kim Gordon (foto), Lee Ranaldo, Steve Shelley e o convidado Mark Ibold (ex-Pavement) preferiram apostar quase que totalmente em canções do mais recente álbum, The eternal (2009): casos de No way, Sacred trickster, Calming snake, Leaky lifeboat, Anti-Orgasm, Antenna, Poison arrow e What we know. Os momentos mais antigos ficaram por conta de Hey Joni, The sprawl e Cross the breeze (todos de Daydream Nation), Stereo sanctity (de Sister), Jams run free e Pink steam (de Rather Ripped) e o encerramento com a seminal Death valley´69 (de Bad Moon Rising). Confesso que, como não tinha feito o “dever de casa” – ou seja, ouvir o novo disco com atenção e na íntegra -, “boiei” em boa parte. O que não importa, pois o que valeu foi a perfomance em si, acachapante, apesar da chuva fina, chata e persistente durante os mais de 80 minutos de show.
O capítulo final desta “viagem ao Planeta Terra” – Iggy Pop & the Stooges – fica para o próximo post, além do Faith No More em BH. Afinal, não é todo fim de semana que se vê de perto dois dos mais insanos vocalistas da história do rock. Um capítulo a parte…
Que massa! Ô Marquinho, falando em pedras que rolam, na sua opinião, qual a chance do Pink Floyd (leia-se: Gilmor e cia) se juntar de novo e fazer um showzinho que seja em alguma parte do Planeta?
Faith No More foi memorável!!!!!!!!!!!!
Sei não, Juliana. Não existe nenhum rumor a respeito. Mas quem sabe um dia os velhinhos não decidem se juntar pra matar as saudades?
grande pinhas! grandes shows, especialmente sonic youth!
marcos pinheiro ficou ressabiado durante o planeta terra porque tinha pessoas completamente on drugs agindo como malukos destrambelhados ao seu redor!!
O Roger Waters deverá fazer turnê mundial do THE WALL em 2010 e 2011! Aposto que sem o Gilmour, de repente até o batera Nick Mason topa, mas o Gilmour dúvido.
http://www.pinkfloydz.com
O que estragou foi Móveis Coloniais de Acaju
PRIMAL SCREAM? SONIC YOUTH? CÊ QUER ME MATAR DE INVEJA, MARCOS PINHEIRO! SÓ PODE!!!!!
MARCOS – PRIVILEGIADO – PINHEIRO!!!!!
Gostei tanto da resenha que tô lendo novamente, com calma desta vez. O meu queridão Thiago Ney disse que o show do P.Scream foi péssimo, feito de má vontade; tipo assim:”somente-para-cumprir-agenda”, sabe? Uma pena…
Hei Marcos…eu estava também no vôo para São Paulo. (um cara estranho com uma camisa do The Who) Quando te vi fiquei na dúvida se era mesmo o cara do Cult 22. Eu estava indo ver o show do Sonic Youth. O engraçado é que a primeira vez que escutei essa banda, que virei fã, foi no teu programa, lá pelos anos 90. Achei uma divertida consciência. O show foi bom demais. Abração para ti.