Blog voltar
|

Iron Maiden e a redenção do rock

ironmaiden_foto01
FotosWelbert “Metal Attack” Rabelo

Numa época recheada de modismos e “modernidade”, estar imerso na tribo do heavy metal por algumas horas chega a ser redentor para quem, como eu, ainda acredita no rock. Para aqueles fiéis vestidos de preto e muito couro não importam as novas tendências ou as misturas musicais, nem as roupinhas e cortes de cabelo extravagantes do mundo fashion. Podem chamá-los de retrógrados ou eternos adolescentes. Ali o que vale é a música, que não são hits de FM e passam à margem da grande mídia. Mas que eles aprenderam a amar e cantam a plenos pulmões, independente de ter 15 ou 45 anos de idade.

Quem me conhece, sabe que não sou um headbanger por excelência, embora tenha em minha coleção dezenas de CDs de várias correntes do heavy metal, a grande maioria adquiridos por conta dos mais de 17 anos em que produzo e apresento o Cult 22.  Sempre respeitei os seguidores do gênero, justamente porque vejo neles a essência da paixão pelo rock, cada vez mais perdida ou diluída em outros estilos.

Logo, não poderia perder de forma alguma o show do Iron Maiden, ainda mais sendo realizado em Brasília. Um sonho que se concretizou para as quase 25 mil pessoas que compareceram na noite da última sexta-feira (20/3) ao estádio Mané Garrincha – entre eles o companheiro de Metal Attack, Welbert Rabelo, sua esposa Kelly, e a “garota Ruído Rosa” Penny Lane, com os quais acompanhei aquele momento histórico.

Já tinha visto outras duas vezes a banda inglesa – no Rock in Rio 3, em 2001, e três anos depois, também na Cidade Maravilhosa. Mas a apresentação na capital, a primeira nos 33 anos de história da banda inglesa, teria sabor especial, claro! Para isso, gravei, ao lado do Abelardo Mendes Jr, a edição passada do Cult 22, o que normalmente nos dá muito mais trabalho que apresentá-lo ao vivo.

Cheguei por volta das 20h ao portão 8, que dava acesso à imprensa e aos que compraram a chamada “Pista Premium” (área VIP). A entrada foi absolutamente tranquila e em menos de cinco minutos já estava próximo ao palco, onde a Lauren Harris começava sua apresentação, bem fraca, diga-se de passagem. Do lado de fora, no entanto, havia uma fila que dava voltas para ingressar na pista comum. Confesso que não vi como estava o acesso às arquibancadas.

Fiz uma participação ao vivo na programação da Rádio Cultura FM, via celular, para confirmar aos ouvintes que o show do Iron iria começar mesmo às 21h, conforme já tínhamos antecipado aqui no blog. Eram 20h34 e já estava acabando o set da filha de Steve Harris. Naquele momento a pista estava cheia (a concentração no estádio, pelo que soube, começou pela manhã, embora os portões só tenham sido abertos às 16h), mas a arquibancada bem vazia. As torres montadas no gramado atrapalhavam um pouco a visão dos que estavam lá em cima. Pra piorar, o palco parecia baixo para quem assistiria lá de trás.

Às 21h12, as luzes se apagaram para a exibição do vídeo do Flight 666 com o Ed Force One, seguido pelo discurso de Winston Churchill aos aliados na Segunda Guerra Mundial. A respiração de todos estava suspensa no ar para explodir aos primeiros acordes de Aces high. Daí em diante, foi um prazer atrás do outro ver aqueles senhores, de idades variando entre 51 e 54 anos, mostrarem total entrosamento no palco e, mais importante, muito tesão de tocar.

Não importam se o set list já é manjado, se as roupas e performances não trazem qualquer novidade ou se repetem clichês do heavy metal – sim, a bandeira do Reino Unido continua sendo carregada em The trooper; a roupa maltrapilha é novamente usada durante a longa Rime of the ancient mariner; o monstrengo Eddie aparece na hora de Iron Maiden; e os três guitarristas (e mais Steve Harris) se “esfregam”, lado a lado, com os pés no amplificador de retorno. Nem mesmo a presença por vezes constrangedora de Janick Gers, mais fazendo acrobacias do que tocando de verdade sua guitarra (“Ele deve ter algum segredo nebuloso sobre a banda que garante o emprego”, brincou um músico amigo, após o show) diminuem de forma alguma o conjunto da obra.

Os fãs querem isso e a banda sabe atender fielmente. Bruce Dickinson comanda a horda com voz possante e presença de palco ímpar. Steve Harris toca o baixo ensandecidamente como se fosse um quarto guitarrista, cantando todas as músicas e olhando no olho de quem está na “fila do gargarejo”. Adrian Smith e Dave Murray garantem (eles, sim!) uma parede competente e contagiante de riffs. E o baterista Nicko McBrain, o mais velho da turma (54 anos), esmurrou, com garra, pratos e bumbos, sendo saudado várias vezes pelo público – lembro de homenagem parecida feita por quase 80 mil pessoas ao Charlie Watts no show que os Rolling Stones fizeram no Maracanã, em janeiro de 1995.

Foram 16 músicas e 1h46 (acabou às 22h57) de uma apresentação que já entrou para a história de Brasília. O segundo maior público desta sétima turnê brasileira, perdendo apenas para São Paulo (60 mil pessoas), mas ganhando de Manaus (16 mil), Rio de Janeiro (22 mil) e Belo Horizonte (20 mil). O Iron Maiden ainda tocará no dia 31 de março em Recife. Esperamos que tenha servido como divisor de águas para o mercado do showbusiness da cidade. Que venha Heaven & Hell… e muito mais!

Set list
1. Aces High
2. Wrathchild
3. 2 Minutes To Midnight
4. Children of the Damned
5. Phantom of the Opera
6. The Trooper
7. Wasted Years
8. Rime of the Ancient Mariner
9. Powerslave
10. Run To The Hills
11. Fear of the Dark
12. Hallowed Be Thy Name
13. Iron Maiden
bis
14. The Number Of The Beast
15. The Evil That Man Do
16. Sanctuary

ironmaiden_foto04
ironmaiden_foto02 ironmaiden_foto031

25 comentários sobre “Iron Maiden e a redenção do rock

  1. Olha, confirma direitinho, porque eu tenho quase certeza que o set é o mesmo dos outros shows, incluindo a ordem

  2. 20 de Março de 2009, o dia do 1º terremoto acina de 7 graus na escalar Richter. O dia em que o chão tremeu, o estádio Mané garrincha começou a ser demolido para a copa de 2014.

    Público enlouquecido, cantando muito e muitasd das vezes abafando o som do palco….

    Sem palavras……….

  3. Oi Elivelton, houve apenas uma troca de ordem na segunda música do show: em vez de “2 minutes to midnight”, eles tocaram “Wratchild” e vice-versa.

  4. Foi realmente um show incrivel!!! Ver o Iron Maiden é sempre especial, principalmente para nós amantes e fiéis seguidores do heavy metal. E como saimos de excursão de MG gostaria de agradecer á todos de Brasilia pela receptividade e o carinho que fomos recebidos!

  5. Eu já tinha visto o Iron três vezes. E dessa vez fiquei grudado no palco mesmo, na grade, bem em frente ao Janick “Coreografia” Jers.

    Foi fantástico o show, a presença de palco do Bruce – principalmente sacaneando a Liza Minelli o show todo, hehehee…

    Histórico para Brasília e, agora sim, vou concordar com uma frase sempre dita pelo Apresentador do Cult 22: “Quem disse que Brasília não tem público para show internacional?”. Tem sim. Que venha o Metallica.

    Ah, só um lembrete válido: achei a organização impecável. Sem engarrafamento, sem filas, tranquilo para entrar, pra sair e para circular. Nota 10.

  6. Marcos, mas a ordem que eles já vinham tocando em todos os shows é essa mesmo, primeiro “Wrathchild” seguida de “2 Minutes to Midnight”

  7. eu vi filas pra entrar sim…principalmente na pista…vi várias pessoas chegando na 3ª música…correndo…tinha apenas 1 entrada, isso é absurdo…

    e vi filas no bar pra comprarem sol a 4 reais hahaha

    mesmo assim, um espetáculo!!!!! show do ano!!!!

  8. Eu vi gente chegando na terceira musica, mas todos os que os fizeram, pelo que entendi, foi porque apostaram que o show começaria tarde e saíram de casa tarde ou entao ficaram enrolando la fora tomando cerveja ate a hora que o show começou. Aí também pediu, ne?

  9. Espero realmente que a cidade comece a entrar na rota de shows internacionais…já que costuma ficar atrás de Belo Horizonte e Curitiba, na média. Este ano parece bom. Heaven And Hell confirmado e tudo. Veremos.

  10. Um puta show!!!! fui em 2004 no Pacaembu mas o de sexta colocou o de SP no chinelo….foi um espetáculo memorável…a organização estava ótima, bem policiado, sem confusão…o som estava um pouco ruim mas nada que não fosse superado pela performance de cada um dos deuses do Iron…se eu pudesse iria em Recife…e que venha Heaven and Hell!!

  11. Confesso que não botava fé que começaria no horário. Quando consegui entrar no estádio, 3 minutos se passaram e já “começou com Aces High” ! Tirando o fato de ter perdido o celular, de não ter conseguido tirar uma foto decente, e de ter ficado com visão pouco privilegiada do palco, o show foi lindo !

  12. Será que nenhum produtor depois do sucesso do iron e vê a força que o metal tem nessa cidade não se habilita em trazer o motorhead, já que não vai rolar em goiânia? é lógico que não seria no Mané, mas o Ginásio Nilson Nelson ia dar conta do recado

  13. Os produtores estão é enviando a faca mais ainda. Ontem fui na Free Corner da 304 sul comprar ingressos para o Heaven and Hell e tive a infeliz surpresa: A HOT ZONE custa R$ 200,00 e nao 150 como já havia sido anunciado. Essa parte mais cara pega uns 80 % da pista do Ginásio. O resto da pista tá 100 reais e lá em cima, que nao se houve nada, 50 reais. Preços de “meia”.

  14. realmente, as pessoas adoram ficar fazendo “vista-grossa” com os shows aqui!!! é impressionante!!!
    antes do Maiden, diziam (as mesmas pessoas): “ah, não vai dar ninguém no show, vai ser isso e aquilo…”!! depois viram o que foi: 25 mil pessoas num show sem muito transtorno, uma boa organização e um grande espetáculo/show da banda!!!

    agora, antes do H&H, de novo com esse papinho??!!!
    um verdadeiro saco!!!

    é claro que sempre temos falhas na organização, mas os shows em si têm sido quase perfeitos, senão perfeitos!!!

    obs.: e o New Order foi bom pra caralho! minha única reclamação foi em relação a liberação de quem pagou R$40,00 para ir pra pista de quem pagou R$80,00! uma verdadeira falta de respeito!!

  15. O show do Heaven and Hell está quase o mesmo preço do Maiden. O show não tem como ser um fiasco.
    Gente, é o próprio Black Sabbath em Brasília com uma das suas melhores formações, na minha opinião.
    Tenho esse show em DVD e não vejo a hora de vê-lo ao vivo.
    Só me entristece o fato de ser no Nilson Nelson, a acústica de lá é péssima!

  16. Eu nunca “ziquei” o show do Maiden, mas vamos considerar que, gostos A parte, Tony Iommi e Ronnie James Dio têm muito menos apelo do que o Iron Maiden. Ainda mais sem usar o nome Black Sabbath. Eu vou ao show, curto pra caralho, mas sou pé no chão.

    E sobre o New Order, vamos deixar a paixão de lado: eu adorei o show, adoro a banda. Mas foi mico de público sim. Naquele ginásio que cabem 20 mil pessoas, não tinha nem 4 mil. Tava tão vazio que, para não ficar mais constrangedor, nego abriu pros caras de cima verem lá de baixo. Por que isso rolou? Simples. Calcularam mal a quantidade de fãs da banda dipostas a pagar o preço do ingresso. Temo acontecer o mesmo com o Heaven & Hell.

    Ressalte-se: adoro os dois. Alás, adoro os três (Iron também). Mas sei diferenciar as coisas

    Abs

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *

Você pode usar estas tags e atributos de HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <strike> <strong>