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Rock in Rio: algumas reflexões sobre o festival

Rock in RioPor Marcos Pinheiro

O Rock in Rio é um festival que o brasileiro ama odiar. Acho curioso certos comentários que leio pela Internet. Nem venho aqui necessariamente “defender”, mas fazer algumas ponderações.

Há os saudosistas que acham que “bom mesmo foi em 1985″ – esquecendo que também na primeira edição rolaram VÁRIAS atrações que não eram “do rock”. A conjuntura de um país se redemocratizando, o ineditismo de um evento de tal porte por aqui e o fato de muitos nomes gringos estarem vindo pela primeira vez ao Brasil tornaram aquele festival inesquecível, claro! Como também foi aquele mar de lama provocado pelas chuvas torrenciais e a estrutura precária que recebeu a multidão aglomerada no local durante 10 dias.

O Rock in Rio cresceu exponencialmente desde então. Aumentou a quantidade de palcos (em 2019 são nove) e, naturalmente, a “diversidade” se multiplicou. Mas isso não significa, na minha opinião, que o festival perdeu a identidade ou valor. Apenas segue a tendência do gosto musical variado da turma de hoje. E o rock, vamos reconhecer, infelizmente foi enfraquecendo nos últimos anos no chamado “mainstream”.

Iron MaidenMas o festival não deixa de olhar para a “velha guarda”. Este ano tem Iron Maiden, Scorpions, Slayer, Whitesnake, King Crimson, Bon Jovi (que eu odeio), Nile Rodgers & Chic. Além de outras atrações legais do rock mais antigo – Foo Fighters, Red Hot Chili Peppers, Muse, Weezer, Tenacious D

Nine TreasuresUm golaço da atual edição foi ter aberto o Palco Supernova, que permitiu a presença, por exemplo, de duas bandas da nova safra brasiliense, Dona Cislene e Lupa, entre várias outras do país. Dentro dessa “diversidade”, tive a oportunidade de ver uma banda chinesa de folk metal muito legal chamada Nine Treasures, que tocou no Rock District. Ou seja, procurando você também pode achar alguma coisa legal pouco conhecida.

Óbvio que, olhando como um todo, está muito longe de ser um line up dos sonhos. O meu foi o de 2001 – também com ressalvas. Tem atrações este ano que eu desprezo. Mas ainda dá pra escolher dois dias – talvez três – e curtir. Até porque, cá pra nós, a conjuntura econômica nem nos permite a “travessura” de ir ao evento todo a mais de R$ 450 por dia, né? Também nem dá para reclamar que o festival está caro demais se shows de bandas/artistas internacionais sozinhos custam isso (ou mais!) pelo Brasil.

Criticar do sofá, na boa, é até covardia. Nunca a transmissão da TV vai captar o som com a qualidade e energia que existem estando lá, de frente ao palco. E quase sempre vai ter um apresentador/comentarista falando bobagem ou soltando piadinhas irritantes. Eu normalmente evito. Mas, na falta de grana, é o que temos para o momento.

Resumo da ópera: o Rock in Rio nunca foi um festival “de rock”, apesar do nome. E sempre teve aspecto comercial. Sempre, desde 1985! Escrevi um artigo sobre essa “experiência” na cobertura que fiz em 2015 para o blog Cult 22 e para a Rádio Cultura FM – 100,9. Quem quiser ler, segue o link: www.cult22.com/blog/arquivos/25080

Dona CisleneEste ano estive apenas na noite de sábado passado (28/9). Curti as gritarias histéricas/insanas do Dave Grohl comandando o Foo Fighters, as loucuras do Jack Black à frente do Tenacious D e o som “nerd”, por vezes desafinado, do Weezer. Foi massa ver os Raimundos pela primeira vez no Rock in Rio. E me emocionei com os “moleques” da Dona Cislene – além da citada Nine Treasures.

Fui como jornalista nas edições de 2001, 2015 e 2017. E nas demais como público. Ao todo, foram 25 dias que presenciei de Rock in Rio nessas oito versões brasileiras desde 1985. Observações a parte, é um festival que merece respeito. É um case de marketing sem igual no Brasil. Superou várias crises econômicas do país e se manteve gigante. Precisa ser experimentado, uma vez pelo menos, para ser melhor entendido.

Que venham mais edições – e que se criem (ou resgatem) outros festivais de grande porte em nosso país. Afinal, precisamos de música e cultura para sobreviver…

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