Blog voltar
|

Rock in Rio 2017 (23/9): uma noite, dois headliners

The Who

Por Marcos Pinheiro
Fotos: Rock in Rio/Divulgação

Rio de Janeiro – Sábado, 23 de setembro. Era necessário colocar os textos em dia para o blog. Preferi então deixar quieto a programação vespertina do Palco Sunset e me focar somente no que ia rolar mais tarde no Palco Mundo. Afinal, não seria uma noite qualquer: The Who estava pisando pela primeira vez no Brasil e dividiria com o Guns n´Roses a missão de headliner do sexto dia do Rock in Rio 2017. E juntas as duas bandas protagonizaram mais de 5h de espetáculo, um pequeno festival dentro do festival em si.

The Who 2Foi bacana perceber que, embora a banda de Axl Rose fosse a que obviamente despertasse mais atenção do público, os ingleses eram aguardados com muita expectativa. Os comentários sobre o primeiro show realizado em São Paulo, dois dias antes, pipocavam entre jornalistas e boa parte dos presentes. Várias pessoas usavam camiseta do The Who, mesmo que a banda não tenha colecionado no Brasil tantos sucessos como o Guns. Mas quem conhece sabe a importância que o vocalista Roger Daltrey e o guitarrista Pete Townshend têm para a história da música. E às 22h40 a história começou a se materializar no gigante palco instalado na Cidade do Rock.

The Who 3Pete Townshend parecia feliz com a primeira experiência em nosso país. Conversou bastante com a audiência e anunciava as músicas contextualizando o que estava sendo apresentado. Algo que já vinha sendo bem representado nos telões com imagens antigas misturadas a projeções diversas. The Who passeou, em quase 1h40 de show, por grande parte de seu repertório. Da fase mod sessentista tocou “I can´t explain”, “Substitute”, “The kids are alright”, “I can see for miles”, “My generation” e a bela “Behind blue eyes” – talvez conhecida por boa parte daquela galera por conta da versão (de 2003) do Limp Biskit. Da clássica ópera-rock “Tommy” tirou “Pinball wizard” e o medley “See me feel me/Listening to you”. Até o “difícil” “Quadrophenia” marcou presença com “I´m one”, “5:15″ e “Love, Reign o’er Me”, apresentadas em sequência. Representando a virada para os anos 1980, “Who are you” e “You better you bet”. E para o gran finale a dobradinha com a emblemática “Baba O´Riley” e o encerramento com “Won´t get fooled again”. Lágrimas correram dos meus olhos, eu confesso.

Tecnicamente o show teve problemas. O som começou distorcido como se os amplificadores estivessem “rachando”, problema ajustado minutos depois. A voz de Roger Daltrey, ainda ótima aos 73 anos de idade, falhou em poucos momentos. O público, por sua vez, “sofreu” com alterações de humor: vibrou com músicas mais conhecidas mas, nas demais, se limitou a tratar com respeito, sem muito entusiasmo. Afinal, como escrevi no início, The Who não tem tantos sucessos por aqui – e a maioria estava lá para ver a atração seguinte. Momento “vamos respeitar os caras”: ao meu lado um impaciente gritou “Guns n´Roses” durante a execução da trinca de músicas de “Quadrophenia”. Não me contive: “Guns que, inclusive, toca uma música do The Who no show, né?”. O sujeito ficou quietinho. Melhor assim…

Guns'n Roses 2E aí veio o Guns. Meia hora depois do The Who, sem atrasos, e com uma disposição invejável. Na hora que peguei o set list, de 27 músicas (!), disponibilizado minutos antes do show, já pensei: “Vai durar no mínimo 3h”. Os californianos foram além: incluíram mais três e fecharam em redondas 3h30 de apresentação, encerrada às 4h15 de domingo. Cheguei a questionar no Facebook se tocar por tanto tempo num festival é homenagem ou desrespeito com os fãs, já exaustos da maratona proporcionada pelo Rock in Rio. Teve muita gente que foi embora pela metade. Mas a grande maioria ficou até o fim… e vibrando! Eu mesmo relaxei e estava lá cantando “Paradise city”, tradicional música de encerramento.

Guns'n RosesEsse foi meu sétimo show do Guns n´Roses. Parece até que sou muito fã, né? Mas essa “overdose” foi mais “conjuntural” do que por minha escolha. Já escrevi também aqui no blog sobre as ressalvas que tenho quanto à figura polêmica de Axl Rose e a forma como transformou sua banda numa caricatura do passado. Mas reconheci, após o show de novembro passado em Brasília, que as voltas do guitarrista Slash e do baixista Duff McKagan revigoraram o Guns. Agora vou mais além: aos 55 anos, o gordinho Axl parece outro. Foi simpático ao interagir com o público. Sua voz há muito não é a mesma dos áureos tempos e virou alvo constante de “memes” nas redes sociais. Mas já esteve bem pior – o que, a essa altura do campeonato, pode ser considerado uma vitória. Segurar tanto tempo no palco também é um grande mérito.

Guns'n Roses 3O set teve todos os sucessos possíveis, inclusive aqueles que o Guns às vezes “esquece”, como “Don´t cry” ou “I used to love her”. Mas pecou pelo exagero ao incluir cinco músicas do irregular último álbum, “Chinese democracy”, e pelo excesso de covers: “Wish you were here” (Pink Floyd) emendado com “Layla” (Eric Clapton); “Whole lotta Rosie” (AC/DC); “The seeker” (The Who); além das já manjadas “Live and let die” (Paul McCartney) e “Knockin´ on Heaven´s door” (Bob Dylan), ambas cantadas com “devoção” pelos fãs – será que os fãs pensam que são do Guns? Valeu pelo tributo a Chris Cornell, falecido há quatro meses, com a versão de “Black hole sun” (Soundgarden) – apesar da voz de Axl tomar uma “surra” em relação ao original. Um show, enfim, para dividir opiniões e provocar debates.

OUTROS SHOWS
Não vi nada do Palco Sunset. Já tinha desistido de Quabales + Margareth Menezes, Cidade Negra cantando Gilberto Gil e Bomba Estéreo + Karol Conka. E acabei não assistindo também – atpe queria – o rapper e produtor norte-americano Ceelo Green, ex-Gnarls Barkley – só o ouvi de fundo cantando o sucesso “Crazy”.

TITÃSNo Palco Mundo quem abriu os trabalhos foram os Titãs, com formação “desidratada” – apenas três integrantes do time original -, mas que foi feliz na escolha do repertório, basicamente calcado nos sucessos oitentistas com pegada rock. Apresentaram três músicas ainda inéditas, que farão parte de uma anunciada “ópera rock” a ser lançada em 2018 – com destaque para a emponderada “Me estuprem”. E encerraram dedicando “Vossa excelência” à classe política e aos empresários que se apropriaram fartamente do dinheiro público: o refrão “Filha da puta, bandido, corrupto, ladrão!” foi cantado com fúria pela plateia, seguida do indefectível “Fora Temer” – coro, por sinal, bastante “popular” durante todo esse Rock in Rio.

IncubusA atração seguinte foi a Incubus, que lançou há poucos meses o oitavo álbum de estúdio, “Eight”. O chamado metal alternativo do quinteto californiano, liderado pelo vocalista Brandon Boyd, pareceu deslocado naquele line up em que as atenções estavam todas voltadas para Guns e The Who. No set de 12 músicas também teve versão para “Wish you were here” (Pink Floyd) e três do novo disco. Apenas um “passatempo” para o que viria em seguida…

Acompanhe a cobertura do Cult 22/Cultura FM no Rock in Rio 2017:
www.cult22.com
facebook.com/cult22
soundcloud.com/cult-22
Instagram @cult22

2 comentários sobre “Rock in Rio 2017 (23/9): uma noite, dois headliners

  1. Cara, só não vou falar do Beto Lee porque eu amava a mãe dele nos áureos tempos; só digo que o esforçado rapaz não tem um pingo de carisma!
    Quabales é muito maçante, cê não perdeu nada e Ceelo Green é show de cover!
    Fiquei boba foi com a mudação de roupa do Axel! harahrarha

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *

Você pode usar estas tags e atributos de HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <strike> <strong>