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Legião Urbana XXX Anos: uma bela homenagem

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Por Marcos Pinheiro
Fotos: Lyanna Soares

Ao ser anunciado esse show batizado “Legião Urbana XXX Anos”, que encheu o NET Live Brasília no sábado passado (7/5) – 5 mil pessoas -, a reação imediata para mim foi de expectativa, mas com enooorme dose de medo. Afinal, a chance de mancharem o legado da banda é proporcional à importância que ela tem na história do rock nacional. E a missão de substituir – ou, no mínimo, preencher a vaga ocasional – de Renato Russo não é nada confortável.

DSC_1183Em anos recentes algumas homenagens tiveram resultados irregulares. A que rolou no Porão do Rock, em setembro de 2009 na Esplanada dos Ministérios, foi bem bacana, mas careceu de mais ensaio e apuro técnico. O projeto “MTV ao vivo – Tributo a Legião Urbana”, de 2012, com o ator Wagner Moura na voz, foi constrangedor. O tal “Tributo a Renato Russo”, realizado em junho do ano seguinte, aqui no Estádio Mané Garrincha, foi o maior desserviço prestado à obra do cantor e compositor, cuja morte completa 20 anos no próximo dia 11 de outubro – sejam pelas falhas técnicas, pela lista equivocada de convidados e, sobretudo, pela ausência dos músicos que carregaram, ao lado de Renato, o nome da Legião Urbana. Em outubro de 2014, no estacionamento do estádio, ainda teve uma ótima participação de Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá em show da Plebe Rude no Circuito Banco do Brasil.

DSC_1189Dessa vez, Dado (guitarra) e Bonfá (bateria) tomaram mais cuidado. Vencido o imbróglio jurídico com a família Manfredini pelo direito do uso do nome, e após lançarem com a gravadora EMI uma edição especial remasterizada do primeiro disco, “Legião Urbana”, a dupla decidiu fazer uma turnê comemorativa dos 30 anos desse trabalho, que teve início em novembro passado. Reuniram músicos amigos – leia-se o guitarrista Lucas Vasconcellos (do projeto Letuce), o baixista Mauro Berman (que toca com Marcelo D2) e o tecladista Roberto Pollo (do Cirque du Soleil e que também toca na banda solo de Dado). Para a voz principal, o ator e cantor André Frateschi, que na infância já acompanhava de perto as turnês da Legião. Outro ponto favorável: os dois sempre deixaram claro que não existe a possibilidade de “volta” da banda, pois “Renato Russo é insubstituível”.

Diante disso, e das boas críticas que li sobre os shows anteriores, fui ao NET Live – e não me decepcionei. Foi uma bela homenagem, que durou em torno de 2h10 – começou 22h35 -, dividida em três partes. Na primeira, a banda tocou o disco de estreia na íntegra seguindo a exata ordem das 11 músicas. Depois de um breve intervalo de três minutos, chamado “Profecia de Renato Russo” – onde a voz do cantor surgiu recitando um belo texto próprio -, os músicos voltaram para um desfile de 12 sucessos e um “bis” com mais quatro, com ênfase em faixas dos álbuns “Dois” (cinco músicas), “Que país é esse?” (cinco) e “As quatro estações” (três) – confira o set list mais abaixo. O palco trazia iluminação simples e, como pano de fundo, fotos e desenhos da Legião original ou textos com letras das canções.

DSC_1170André Frateschi parecia mais contido no início, mas logo se soltou e mandou muito bem. Dado assumiu o microfone principal em vários momentos e não comprometeu. Mas quando falava nos intervalos entre as músicas sua voz não estava muito audível. Em outras passagens, os três (incluindo Bonfá) cantaram – e o baterista é péssimo nesse quesito. O show teve convidados como Jonnata Doll, líder do grupo cearense Jonnata Doll & Os Garotos Solventes, que interpretou (mal) “Tédio (com um T bem grande pra você)”, e da dublê de cantora, modelo e stylist Marina Franco (da banda carioca Glass and Glue) que fez simpática versão de “Dezesseis”. O baixista Geraldo Ribeiro, o Gerusa, do Escola de Escândalo, marcou presença em “Que país é esse?”. Faltaram as presenças de Philippe Seabra e André X (Plebe Rude)… Assim como a Legião original, Dado fez questão de incluir alguns “inserts” nas músicas apresentadas: teve “Love will tear us apart” (Joy Division) em “Ainda é cedo”; “Guns of Brixton” (The Clash) em “O reggae”; “Heroes” (David Bowie) em “Por enquanto”

O “bis”, para mim o ponto alto da apresentação, começou avassalador com “Faroeste Caboclo”. Nenhuma banda no mundo conseguiu fazer uma música de nove minutos, sem qualquer refrão, tocar exaustivamente em rádios – e lá estava a galera cantando de cor a longa saga de João de Santo Cristo! Seguiram com “Perfeição”, canção de 1993 que nunca esteve tão atual – “vamos festejar a inveja, a intolerância e a incompreensão” – e “Que país é esse?”, mais antiga ainda (e tão atual quanto), acompanhada pelo indefectível coro popular “é a porra do Brasil!”. Para amenizar um pouco o clima – e lembrar mais uma vez de Brasília -, o fim foi com “Eduardo e Mônica”.

DSC_1116Nossa cidade e Renato Russo, por sinal, foram exaltados em diversos momentos. Era notório o clima de emoção no palco, principalmente de Dado Villa-Lobos – a lágrima ali era verdadeira. Manfredini Júnior pode finalmente descansar em paz, pois seus velhos parceiros parecem ter encontrado o caminho certo para homenageá-lo. Parabéns a todos!

 
Confira o álbum de fotos: por Lyanna Soares Photography

SET LIST
. Será
. A Dança
. Petróleo do Futuro
. Ainda é cedo
. Perdidos no Espaço
. Geração Coca-Cola
. O Reggae
. Baader-Meinhof Blues
. Soldados
. Teorema
. Por Enquanto

Interlúdio – Profecia de Renato Russo
. Tempo Perdido
. Daniel na cova dos leões
. Há Tempos
. Tédio (com um T bem grande pra você)
. Dezesseis
. Meninos e Meninas
. Eu sei
. Pais e Filhos
. Angra dos Reis
. O Teatro dos Vampiros
. Quase Sem Querer
. “Índios”

Bis
. Faroeste Caboclo
. Perfeição
. Que País É Este?
. Eduardo e Mônica

2 comentários sobre “Legião Urbana XXX Anos: uma bela homenagem

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