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I´m a lonely boy! I´m a lonely boy!

Por Marcos Pinheiro
Fotos: Lollapalooza / Divulgação

Sexta-feira (29/3) em São Paulo foi de almoção alto nível na casa da jornalista e grande amiga Daniela Paiva. Bacalhau, risoto de camarão, bons vinhos e ótimas companhias. Pela TV, acompanhamos o Lollapalooza e, sinceramente, não gostei muito do que vi. Of Monsters and Men, The Temper Trap, Cake (o vocalista John McCrea não parava de falar entre uma música e outra), DeadMau5… À distância nada disso empolgava.

The Flaming Lips foi um caso a parte. O show parecia alucinante, com projeções lindas e psicodélicas, bem ao estilo da banda de Wayne Coyne. Mas, como sabemos, trata-se de uma experiência para “iniciados”. Não é fácil de digerir, sobretudo para uma massa com mais de 50 mil pessoas. Pra piorar, o Multishow resolveu cortar a transmissão para mostrar… o DJ Marky! Ridículo! Por fim, The Killers mandou mais uma performance grandiloquente, quase épica, sob o comando do líder Brandon Flowers. Achei bacana quando os vi no fim de 2007 no extinto Tim Festival. Mas não me animei a assistir de novo, até porque achei os dois últimos discos chatinhos. Pela TV já me satisfez.

No sábado (30), aí sim, fomos pra arena do Jockey Club. Chegamos por volta das 15h40 com muito sol e seguimos direto ao Palco Butantã (segundo palco) para conferir um pouco de Mike Patton e seu Tomahawk. É legal ver de perto as diabruras do eterno vocalista do Faith No More. Mas sabemos também que seus vários projetos paralelos são complicados de se entender. Ao vivo dá pra segurar três ou quatro músicas… e está bom demais! O momento era de aproveitar as filas ainda não muito grandes dos bares e comprar fichas para a noite toda. A caminho do Palco Cidade Jardim (principal) esbarramos com uma atração interessante no Palco Alternativo: o guitarrista texano Gary Clark Jr, em sua mistura de blues, rock e psicodelia, que lembra principalmente Jimi Hendrix – até porque ele também é negro. Vi de longe e gostei. Legal. E só.

Às 16h30, já com muita gente na pista enlameada – um absurdo pagar ingresso caro pra ser obrigado a se desviar de esterco de cavalo e “apreciar aquele cheiro agradável” de merda -, fomos ver os irlandeses do Two Door Cinema Club. Confesso que não tenho muita paciência para essa onda de bandas “moderninhas” que fazem rock (?) apenas pra dançar. Sinto sempre a falta de um riff mais poderoso de guitarra. Mas até achei simpático o som dos caras. E o visual do vocalista Alex Trimble me lembrou um pouco o de Bernard Sumner, do New Order, um de meus grupos prediletos. Talvez isso tenha influenciado, sei lá.

Quinze minutos antes de acabar, porém, nos encaminhamos ao Butantã para acompanhar o Franz Ferdinand em boa posição. Estava numa bola dividida, pois também queria conferir o Alabama Shakes, que tocaria no mesmo horário no Palco Alternativo. O que pesou na decisão foi meu filho, Victor, que nunca tinha visto os escoceses ao vivo. E valeu muito a pena! Já tinha escrito aqui, quando vieram a Brasília em março de 2010, que eles estão entre as minhas bandas favoritas dessa nova geração. A apresentação, com 1h15 de duração, foi mais uma celebração de hits: No You Girls, Do You Want To, Walk Away, Michael, Take Me Out, Ulysses e o contagiante encerramento com This Fire. Os caras ainda tiveram a manha de tocar várias músicas inéditas, do quarto álbum, a ser lançado este ano, mas ainda sem nome divulgado.

Tentamos voltar rapidamente ao palco principal, tarefa bastante dificultada pelo acúmulo de gente… e de lama! Perdemos a primeira música do Queens of the Stone Age e estávamos chegando quando mandaram a segunda, a já clássica No One Knows. O set, mais curto que o previsto (10 minutos a menos), ainda incluiu outros grandes momentos da carreira, como Sick, sick, sick, Burn the witch, Little sister, Do it again, Go with the flow e Song for dead, além da inédita, My God is the Sun, do sexto álbum, Like Clockwork, a ser lançado até o meio do ano. Sei que é fácil falar bem do que todos gostaram. O difícil, no caso, é o contrário: achei o show do QOTSA chato, arrastado. Não estávamos muito perto do palco, talvez isso tenha prejudicado a avaliação. Mas, de verdade, não me empolgou – e sei que estou na contramão da maioria.

Intervalo, pausa pro lanche. Não me animei a atravessar de novo a pista de lama pro Butantã e perdi o A Perfect Circle. Na fila do bar ficamos ouvindo o show do Criolo à distância no Palco Alternativo. “Não existe amor em SP“: taí uma bela letra, cheia de verdades. De barriga forrada, tratamos de voltar ao Palco Cidade Jardim pra nos posicionar bem a espera do The Black Keys. Não vou tirar onda aqui: conheci a banda mais recentemente, não sabia nada dos primeiros trabalhos até pouco tempo atrás. E olha que eles já têm sete discos lançados!

Pra mim os caras justificaram o posto de headliner da noite: Dan Auerbach (vocalista e guitarrista) e Patrick Carney (baterista, com visual mix de Thunderbird com Branco Mello nos anos 1980) têm muita pegada e ótimos riffs, que nos remetem a Led Zeppelin e The White Stripes, e um baixo com bastante groove. O repertório é calcado sobretudo nos dois últimos discos – Brothers (2010) e El Camino (2011). Assim, foram se revezando em canções como Howlin’ for You, Next Girl, Run Right Back, Dead and Gone, Gold on the Ceiling, Little Black Submarines (já repararam como essa música lembra Aqualung, do Jethro Tull?), Ten Cent Pistol, Nova Baby, Sinister Kid, Everlasting Light, She’s Long Gone, Tighten Up e a sensacional Lonely Boy, séria candidata a grande hit do festival. Talvez, em homenagem ao Lolla Brazil 2013, fosse conveniente tocar The Black Mud. Após assisti-los ao vivo, já incluo os Black Keys na minha lista de favoritos da nova geração.

Hoje (31) tem mais. Pretendo ver Foals, Kaiser Chiefs, The Hives, Planet Hemp e, óbvio, Pearl Jam! Promete ser inesquecível…

3 comentários sobre “I´m a lonely boy! I´m a lonely boy!

  1. Na verdade, Marcos, já sabia quase toda a ordem da sequência que eles iam cantar, pois eles tiraram todo o set do show que eles fizeram, no ano passado, no Lolla de Chicago. Gostei muito deles, algumas pessoas que estavam do meu lado reclamaram do som, mas não vai nada destoante no som. Mas, infelizmente, tenho que discordar de você e lha falar que o nome da noite foi o QOTSA. Fiquei num local em que consegui ouvei bem o som deles e foi uma paulada trás da outra, penas que faltaram mais uns três grandes hits deles, mas já está de bom tamanho. Infelizmente fiquei dividido entre Alabama e Franz (se tivesse ido ao show deles em 2009, tlvez teria assistido ao Alabama). Adorei o show dos Escoceses assim como o show do Two Door Cinema Club. Infelizmente o show de sexta foi bem fraco, com as exceções do The Killers e do Of Monsters and Men. O resto foi ruim. O festival tá de parabens. Ano que vem tem mais e vou tentar ir ao Rock In Rio, em setembro. Obs: só mais uma informação: como você falou de New Order neste post, eles estarão no Lollapalooza de Chicago, em Agosto. Até mais e boa sorte no show do The Cure.

  2. Bruno, o A Perfect Circle eu já conhecia, mas realmente o vaivem de palcos acabou me desanimando a vê-los naquele momento. Além do mais estava com meu filho, etc. Depois fiquei sabendo mais sobre o Puscifer. Mas sinceramente: pelo que vi depois na internet, não acho que tenha perdido muita coisa.

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