Blog voltar
|

Odisseia espacial no Morumbi

Quem me conhece sabe o quanto gosto do U2. Pode parecer idiota um cara que trabalha com rock quase o tempo inteiro – e que teve a oportunidade de conhecer e ouvir tantos artistas – ter como banda predileta um nome tão “pop”, tão badalado no mundo musical e radiofônico. Sinto muito, é algo que mexe comigo desde que os ouvi pela primeira vez, lá por 1985.

Concordo que os últimos quatro álbuns, pós-Zooropa (1993), são “menores” em relação aos trabalhos anteriores. Acho também que existem certos exageros. Mas considero louvável, por exemplo, a atitude do líder Bono Vox em usar seu prestígio para lutar, nos meios políticos e econômicos, contra a fome, a pobreza, as desigualdades sociais. E usar os shows para expressar isso às multidões, unindo tudo à altíssima tecnologia de som e iluminação, tornando o palco desta turnê 360º uma grande nave espacial – Space Oddity (David Bowie) na introdução e Rocket man (Elton John) no fechamento são bastante “simbólicas” neste sentido. Um grande espetáculo, entretenimento com consciência social. Quem dera todos os astros do rock fossem “malas” como ele!

Isso sem contar no carinho, no respeito com que os quatro irlandeses tratam os fãs. Descendo dos carros, indo para a porta dos hotéis para tirar fotos, distribuir autógrafos… Trazê-los ao palco para interagir, participar dos shows. E depois cairem na balada da noite paulistana ao lado do Ronaldo “Fenômeno”, cantando Bowie, Stones, Talking Heads – seres humanos e mortais que são.

Mas, antes de tudo, existe a música. Boa música. Bons músicos. Um repertório de encher estádios. Que poderia ser 100% mudado de um show para outro – e causar o mesmo impacto, a mesma emoção. Eu senti falta de várias canções nas três apresentações que fizeram no estádio do Morumbi e que reuniram quase 270 mil pessoas. Como fã, acrescentaria ainda alguns “lados B”. Mas é aquela coisa: se o show, de 2h15, durasse mais meia hora, a gente ia querer mais meia hora… Fazer o quê?

Por questões financeiras, só pude assistir à apresentação da última quarta-feira (13/4) – gostaria de ter visto todas, como fiz em 1998 e 2006. Foi apoteótico, pra dizer o mínimo. Teve quem chorasse – e nem era tão fã assim! Afinal, não tem como não se emocionar com I still haven´t found what I´m looking for cantada em coro por um estádio lotado, entre outros momentos. Lugar comum? Sim, o mundo está recheado deles… Foi até irônico ver o “mala” (este eu acho mesmo) do Seu Jorge fazendo dueto com Bono numa versão bossa nova para The model, do Kraftwerk.

Como muito já foi escrito sobre o U2, nem vou me estender mais. Deixo apenas o set list da noite em que me reencontrei com minha banda favorita…

> Space oddity (intro)
. Even Better Than the Real Thing
. I Will Follow
. Get On Your Boots
. Magnificent
. Mysterious Ways
. Elevation
. Until the End of the World
. I Still Haven’t Found What I’m Looking For
. Pride (in the name of love)
. The Model
(com Seu Jorge)
. Beautiful Day
. Miss Sarajevo
. Zooropa
. City of Blinding Lights
. Vertigo
. I’ll Go Crazy If I Don’t Go Crazy Tonight
. Sunday Bloody Sunday
. Scarlet
. Walk On
Bis
. One
. All I Want is You
. Where the Streets Have No Name

Bis 2
. Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me
. With or Without You
. Moment of Surrender
> Rocket man (encerramento)

3 comentários sobre “Odisseia espacial no Morumbi

  1. Eu fui no show do Domingo. Que show foi aquele! O Bono foi perfeito nos tres dias em que ele cantou. Tudo bem que ele usa o seu marketing para obter mais prestígio, mas ele é o cara. O cara que é engajado nas causas sociais.

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *

Você pode usar estas tags e atributos de HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <strike> <strong>