Blog voltar
|

Girl just wanna sing the blues

Ok, ela não é mais uma “girl” – podemos chamá-la, talvez, de “young lady”. Mas o que Cyndi Lauper tem apresentado em sua nova turnê mundial, que passou por Brasília na noite do último domingo (27/2) com auditório lotado – cerca de 2.200 pessoas – no Centro de Convenções, está muito longe daquela imagem da garota bobinha, de roupas espalhafatosas e cabelos coloridos, que só queria “diversão”.

Aos 57 anos e com voz poderosa – mesmo que esganiçada – de fazer inveja às novas musas dos hits radiofônicos, a cantora norte-americana demonstrou, sem heresia, que pode ser uma “diva do blues”. Claro que com acento pop e sem perder o bom humor. Um ótimo exemplo de saber se reinventar e de envelhecer com dignidade. Se Lady Gaga se inspira nela, tem que comer muito arroz com feijão pra chegar lá. Se o quesito for apenas talento musical, sem megaexposição e marketing, Madonna perde feio. Até porque, ao contrário da maioria das “concorrentes”, Cyndi também é compositora. E não usa playback.

Às 20h40, vestindo uma discreta roupa preta de couro, ela entrou no palco com sua competente banda. E começou a apresentação, que durou quase 1h30, de forma inusitada. Tentou falar algumas palavras em português, mas confessou que não consegue decorar nada em nossa língua. Arriscou um “tudo bem?” e pediu o auxílio da percussionista baiana Lanlan Moreira, que se notabilizou ao fazer parte da banda de Cássia Eller e vem tocando com Cyndi nesta turnê nacional.

Logo, ela deu início a um verdadeiro show de blues, com muito feeling e carisma e repertório fortemente calcado em seu mais recente álbum, Memphis blues, lançado em 2010. Já na terceira música, porém, resgatou o passado com She bop, faixa do disco de estreia, She´s so unusual (1983), que ganhou verniz bluesy.

Inquieta, movimentando-se por todo o palco e por vezes sacudindo o corpo embalada pelo som tribal de Lanlan, Cyndi levou os seguranças ao desespero ao descer algumas vezes para cantar bem em frente à fila do gargarejo. Os fãs amontoados foram à loucura na tentativa de tocá-la ou clicá-la. Eu estava sentado na lateral esquerda e tive o prazer de vê-la a centímetros de distância na divertida The Goonies “R” good enough.

Em meio ao frenesi, Cyndi reserva momentos intimistas, onde senta à frente de um ukelele para mandar canções mais calmas como All through the night, Time after time e, no encerramento, True colors, que ela toca já sem a banda, devidamente apresentada (e saudada) após a penúltima música, Mother Earth.

Claro que, para os mais ortodoxos, faltaram sucessos como Money changes everything, When you were mine, Boy blue, A night to remember, a versão para I drove all night (de Roy Orbinson)… Mas quem achava que Cyndi Lauper estava morta, um aviso: a moça ainda tem muita lenha pra queimar! Um ótimo show pra começar a temporada 2011.

PS: Em breve mais fotos do show

Set list
Just your fool
Shattered dreams
She bop
Early in the morning
All through the night
Lead me on
Crossroads
Rollin´and tumblin´
Don´t cry no more
The Goonies “R” good enough
Change of heart
Bis
Girls just wanna have fun
Time after time
Mother Earth
True colors

5 comentários sobre “Girl just wanna sing the blues

  1. Achei que o show seria um monte de músicas mais ou menos e os clássicos no final, mas me surpreendi com a vozeirão da mulher e com a banda também, principalmente a Lanlan que sempre manda muito bem e não decepcionou… Ótimo show!!!

  2. É onde a gente pode ver a diferença entre talento e marketing. Após todos esses anos ela continua ótima, cantou muito, dançou muito, entreteu quem esteve ali, com as músicas novas, com os clássicos, se garantiu, afinal tem voz, energia e carisma. Coisa que falta nas cantoras pré-fabricadas da atualidade. E ela nem precisou de telões de led, efeitos especiais, dançarinos ou pirofagia no palco. Curti cada segundo daquele show. Como fã e feliz por cada real pago para estar lá.

  3. Ela e Madonna surgiram na mesma época e sabe o quê os críticos diziam? Que a cantora ítalo-americana de nome impronunciável iria desaparecer! No próximo verão ninguém mais lembraria dela… lêdo engano! Nos anos noventa Madonna era respeita e nos anos dois mil alçou o posto de diva-mór, cantora mais copiada e fotografada do mundo, rainha da musica pop; isso só p/ citar alguns adjetivos! Por isso nunca falo mal da L.GaGa, vai que a “excêntrica faz a mesma trajetória!!!…

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *

Você pode usar estas tags e atributos de HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <strike> <strong>