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Ave, Judas!

Se alguém estranhou ou torceu o nariz para o fato do Whitesnake ter sido relevado a segundo plano na Epitaph Tour, o show de ontem (15/9) no Ginásio Nilson Nelson, em Brasília, que reuniu quase oito mil pessoas, deixou tudo devidamente esclarecido. A despeito da banda de David Coverdale ter mais sucessos nas paradas e muitas canções que embalam os corações das meninas – e dos marmanjos também, por que não? -, o Judas Priest provou ali que não era o protagonista apenas pelo critério “antiguidade” (está há mais de 40 anos na estrada), nem por esta ser a anunciada “última turnê mundial” deles. O quinteto inglês de Birmingham se mostrou muito mais afiado e entrosado musicalmente. E Rob Halford, aos 60 anos de idade, deixou um dos mais carismáticos vocalistas da história do rock no “chinelo”. Em resumo: o Judas engoliu o Whitesnake e ainda palitou os dentes no final, na minha humilde opinião.

Sei que muitos fãs vão espernear, mas foi no mínimo constrangedor ver e ouvir Coverdale se revelar, com o perdão do péssimo trocadilho, um “Cover dele”. Sua voz rouca e de grandes agudos, emblemática desde os tempos do Deep Purple nos idos dos anos 1970, se tornou um fiapo de pouca emoção. Teve quem garantisse que ele usou playback ou samplers em alguns momentos para segurar o gogó.  Os 60 anos que Coverdale irá comemorar na próxima quinta-feira (22) não foram tão bem cuidados quanto os do carecão Halford, este sim um capítulo a parte. Assim, os 75 minutos da apresentação do Whitesnake serviram apenas como aperitivo para o “prato principal”. Um set com ótimas músicas, é verdade, com dois grandes hits emendados logo no início – Love ain´t no stranger e a baladaça Is this love – e um bom final com canções do Purple (Soldier of fortune e a sensacional Burn num medley com Stormbringer), que tinha tudo para ser apoteótico, caso o vocalista estivesse na melhor forma.

Detalhes técnicos:  o show do Whitesnake começou às 21h05, 25 minutos antes do horário inicialmente anunciado, com muitos fãs correndo quando perceberam que já estava rolando. Eu e outros colegas jornalistas ouvimos as quatro primeiras músicas  do lado de fora do ginásio enquanto aguardávamos a assessoria do evento trazer as credenciais de imprensa. O palco era simples, apenas com um grande pano de fundo exibindo a logomarca da banda. Mas, às 22h50, quando o Judas entrou, foi transformado num grande painel, com telão, imagens das capas dos discos, raios laser, explosões de fogos, fumaça e outros efeitos pirotécnicos – o que, com certeza, contribuiu muito para que o show se tornasse mais “grandioso”.

Mas o que estava em questão ali não era só a perfumaria de efeitos especiais. E, sim, a música regida pelo maestro Halford, que trocou de figurino várias vezes, usou roupas extravagantes e brilhantes, mas não desafinou, nem perdeu o tom durante as 2h15 da mega apresentação, que terminou a 1h05 da madrugada. Só mesmo quando caiu da moto durante Hell Bent for Leather. Mas logo ele levantou e se recuperou. Um amigo comentou: “O cara é homossexual assumido, veste umas roupas que dão pinta, todo mundo sabe disso. Mas ele não perde a moral com os fãs”.  Uma observação oportuna, pois era visível o respeito mútuo entre o vocalista e o público. Embora tenha faltado um pouco mais de interação, que ocorreu mais com o Whitesnake, pelo que observei. Exceção, claro, para Breaking the law (que Halford apenas introduziu e deixou a galera cantando sozinha) e Painkiller, tocadas em sequência. O repertório foi matador, ainda mais na reta final, que ainda contou com Electric Eye e Living After Midnight.

Assim, após a maratona de quatro horas, deixei o ginásio com a sensação de que, mesmo longe de me considerar um headbanger, cada vez mais estou curtindo shows de heavy metal em Brasília. Iron Maiden, Heaven & Hell, Megadeth, Scorpions, Ozzy Osbourne, Motörhead… Quem será o próximo?

7 comentários sobre “Ave, Judas!

  1. Foi uma noite demprimente para mim… Sou fã do Deep Purple (ao lado do AC/DC, é minha banda favorita desde que me entendo por gente)e gosto muito da fase áurea do Whitesnake, logo no fim dos anos 70 (com sonoridade Purple vitaminada pelas presenças de Ian Paice e Jon Lord na banda) e começo dos anos 80. E acho o David Coverdale um dos maiores cantores de rock de todos os tempos. O cara é bom pra cantar blues, heavy, rock, baladas…

    Enfim, já tinha lido muito sobre os problemas com a voz dele, mas, sinceramente, não imaginei que fosse ser isso… Foi um espetáculo triste mesmo. Vários fãs na hora do show não escondiam a melancolia ao ver o quase patético esforço do Coverdale em cantar. Ele abusou de truques, como baixar o tom da música, apelar pra mesa de som estender o eco da voz dele várias vezes (era ridículo, ele cantava, depois fechava a boca e a voz continuava a ecoar… parecida dublagem de filma da sessão da tarde), sem falar no “apoio constante” dos backing vocals. A voz ainda parecia arrastada mesmo nas músicas mais lentas e “fáceis” de cantar. Sei lá, parece que o bicho simplesmente não tinha mais voz.

    Como disse o redator, mesmo em “Burn”, que tinha tudo pra ser um momento apoteótico, a galera não animou tanto. Foi triste, melancólico, eu diria. Vou ficar com as minhas lembranças de CDs e K7s do Purple, além dos VHS (hoje DVDs) do Califfornia Jamming.

  2. No começo do White achei que era playback. Parecia que o cara tava falando com a plateia mas não saia som…A energia dos coroas empolgou mesmo, mesmo com o ‘tropeço’ do Rob no final do show. E da minha opinião, não peguei filas e não vi confusão, COMO SEMPRE!!!
    Deixo aqui minha promossa de quando ganhar na mega sena montar um local com acústica digna.

  3. Ele (Halford) levou um tombo da moto, demorou a sair de cima dela, devia estar doendo “pacas”, mas demonstrou maturidade dos 40 anos de estrada (como ele mesmo disse) e um vocal super afinado, agressivo e melódico, super vocal!!!
    Não achei as roupas afeminadas, ficou num estilo bem “Metal God”!!!

  4. salve headbangers!!! pois é marcos pinheiro, alma lavada seria uma redundância, grandes shows de metal tem ocorrido por aqui é o sentimento é de satisfação em ver lendas que com certeza não veremos mais, que a nova geração aproveite esss oportunidades e que o legado seja mantido pela nova geração, eu no alge dos meus 40 me emociono cada vez que me reuno as irmãos roqueiros pra celebrações como a de ontem, problemas tem que ser resolvidos , local adequado o ginásio tem uma péssima acústica todo mundo sabe, divisão deáres pista prêmio (com playboys bocejando etc…) pista comum , arquibancadas putz muita sacanagem…bem qta as bandas todo mundo sabe que whistesnake tem sim respaldo e é excekente dentro do estilo que desenvolve inclusive marcos seu novo disco forevermore tá animal, dave coverdale usa sim samples ao vivo mas quem se importa o cara já fez e faz um trabalho digno, o Judas sem comentário headliner de vários festivais europeus e sempre arrebentando e roubando a cena o que falar dos caras?? METAL GODS de verdade não podemos comparar marcos cada um bom e rei em seu estilo ok? no mais um abraço.

  5. Ridículo os comentários sobre a voz do Coverdale, foi um show explêndido tanto o do Whitesnake quanto o do Judas (1000% metal). Para quem acha que a voz é Coverdale é ruim deveria fazer um teste na banda para substituí-lo então, quero ver quem é capaz…….

  6. Não entendo porque o pessoal se incomoda tanto do David Coverdale ou de qualquer outro vocal de banda setentista ou oitentista cantar mal…
    O pessoal acha que os vocalistas não envelhecem… só pode. O cara tem 60 anos! Não é facil… se ele tivesse no auge dos 30, 40 anos até que valeriam as críticas. Mas com 60 anos tem muita gente que já tá um caco e o DC tava lá. Bem ou mal tava lá…
    Levando-se em consideração que, atualmente, tem muita gente mais nova que ele que tb não conseguir reproduzir em shows o que fez no estudio, acho que o DC mandou bem demais.
    Aí eu pergunto? O cara realmente não cantou lá essas coisas… Qual é a solução? Arranjar outro vocal que muita gente chiaria também (e nem seria possivel uma vez que ele é dono da banda)? A banda não vir abrir pro Judas? A banda acabar e ser outra boa banda a menos no planeta, diante de tanta coisa ruim que temos hj em dia?
    Infelizmente ninguém é como um DIO que foi envelhecendo e sua voz melhorando ehehe
    Apesar de achar o Judas INFINITAMENTE superior ao WHITESNAKE em todos os sentidos, gostei do show desssa última banda e não esperava nada diferente…
    Quanto ao JUDAS não tem o que falar. Não estou questionando a qualidade de outras bandas, mas o JUDAS SEMPRE SERÁ A MAIOR BANDA DE HEAVY METAL. Vocais rasgados, dupla de guitarristas afiadas, visual… Esses caras começaram isso tudo na década de 70. Quem veio depois, veio depois e pegou deles muita coisa que caracteriza o som da banda.
    Vi uns comentários também de gente que tema achado interessante frequentar os shows de METAL da cidade. Nâo vou entrar no mérito qual estilo é mais legal ou qual banda é melhor, porque isso é gosto e não se discute.
    Mas um grande diferencial das bandas de Metal para de outro estilos é o compromisso na hora do show. Tanto faz tocar para 100 pessoas (como foi o Saxon em Brasília) como para mais de 20 mil (como foi o IRON), a vontade e a paixão é a mesma. Por isso a devoção dos fãs e por isso que esse estilo atravessa décadas, mesmo com muita gente torcendo o nariz. Dificilmente se vê bandas de metal subindo drogadas e não consigo executar um bom show, querendo se aparecer mais do que a própria música, errando notas e etc…
    Bem é isso…

  7. O ajuste do som não estava bom, assisti Scorpions na arquibancada e achei o som péssimo, no Heaven & Hell estava muito melhor (pista), mas nesse show (pista premium) me pareceu o som distorcido, com excesso de volume para os auto-falantes.
    A voz do COVERDALE já não é mais a mesma há muito tempo, dizem que o último álbum é bom, mas ao escutar no show acho que o que eles fizeram nos anos 80′s é infinitamente melhor e pelo jeito está difícil repetir o sucesso, principalmente com a voz de Coverdale que está bem ruim, está parecendo mais vocal de speed/tHrash metal dos anos 80′s (Kreator e Sodom por exemplo). rsrsrs
    Em compensação o Judas Priest superou todas às expectativas, vocal , guitarras e bateria IMPECÁVEIS; é tão bom ao vivo que até o ajuste precário do som não atrapalhou. O baterista deu nova “roupagem” aos velhos clássicos que ficaram melhores ainda!!!

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