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Direto de Paris: Eric Clapton cansou de ser sexy

O texto abaixo é de autoria de Maysa Provedello (@maysapro no Twitter), jornalista, grande amiga e, principalmente, mãe da Marina. Ela está de férias em Paris e mandou-nos por e-mail sua impressão de um show de Eric Clapton.

“Ok, Eric Clapton sempre esteve em alta no meu humilde conceito. Não tenho 800 músicas baixadas dele, nem sei cantar ou citar nomes de mais do que quatro ou cinco – assim, de cabeça. Mas quem um dia na vida já tentou tocar algum instrumento que tenha um mínimo de cordas – que no meu caso ficou mais na tentativa mesmo – sabe que o cara é bom. Não se trata apenas de tocar rapidinho, fazer malabarismos com dedos prá cá e prá lá, mas apresentar histórias, idéias, sensações, com guitarra ou violão.

Pois bem. Ontem (25/05), em Paris, assisti ao show do moço, acompanhado do Steve Winwood (a foto acima é do show). Não sabe quem é o Winwood? Sabe sim. Ele compôs algumas músicas um tanto quanto grudentas, compridas e famosas por um tempo. A que você deve se lembrar de pronto é While You See a Chance, que por um bom tempo, lá prá trás, ficou mais conhecida como a música do cigarro Free.

Para minha total surpresa, enquanto esperava por aquele tradicional Errrrrrique Clêptoun (atenção pro sotaque francês), de terno bem cortado e visual bem cuidado, vi surgir no palco um cara super parecido com o meu mestre Big Lebowski (foto). Não se trata aqui de fazer uma análise das vestimentas do cara que, afinal, tava lá prá tocar. Mas esse é um detalhe que muda tudo o que posso vir a contar sobre a parte musical. Clapton dava a impressão de que tinha ficado uns oito a dez dias vendo televisão num sofá fedido, com o cachorro do lado, umas embalagens de pizza por perto e um milhão de latas de cerveja em volta. Levantou, vestiu seu velho dockside, e foi pro estádio de Bercy cantar pruma platéia de uns tantos milhares cidadãos super comportados. Sem falar numa orgulhosa barriga, que vez ou outra aparecia no telão por entre os botões apertados da camisa azul.

Tal visual, imagino eu, tem a ver com o espírito atual do moço que estava bem relaxado e tocando com uma deliciosa e genial displicência. De vez em quando o Winwood entrava pra se auto-afirmar e cantar até estourar nossos ouvidos aquelas músicas que não acabavam mais. Enquanto isso, Errric se divertia no canto, depois aparecia com uns solinhos deliciosos e tudo ia bem. After Midnight, tocada logo no começo, prá mim foi a mais legal entre as músicas clichês que precisam sempre aparecer. Mas foi nos blues que o cara arrasou, como imagino eu, sempre aconteça ao vivo. Drifting Blues fica citada como exemplo mais forte. Can’t Find My Way Home, do Winwood, ficou boa também, mas aí na parte mais “pop” do show.

Se opinião valer alguma coisa, deixo aqui a minha: acho que o jeitão relax do velho Clapton pode ser comparado ao barril de carvalho do whisky – a fórmula é a mesma de antes, mas agora mais macio e marcante.

Obs: Um SALVE merecido pro público e pro local do show:
- Mesmo chegando todos meio em cima da hora, ninguém foi empurrado por aqueles que querem ir se instalar na frente do palco no último minuto;
- Todo mundo bebeu cerveja, mas ninguém esqueceu de deixar os copos vazios nas laterais da pista;
- Ninguém gritou “lindo” ou “eu te amo” enquanto ele cantava Layla;
- Os dois telões laterais eram de alta definição, o que nos permitia ver, de verdade, tudo o que estava acontecendo;
- O som estava 100% bom e entrava de forma muito agradável aos ouvidos, o que certamente foi resultado de uma feliz combinação entre a acústica do local (que nada mais é do que um ginásio de esportes bem feito) e bons equipamentos.

Obs de novo:
Senti vontade de chorar quando escrevi a observação anterior e me lembrei que o Marina Hall, em Brasília, é o que se tem de menos pior pra shows. Que tristeza!”

Maysa, para você lembrar sempre do show, eis um vídeo gravado por algum dos seus vizinhos de poltrona.

15 comentários sobre “Direto de Paris: Eric Clapton cansou de ser sexy

  1. Em resposta ao Sr. wilson marcondes, ninguém se interessa por ERIC CLAPTON em pleno século XXI, as pessoas se interressam é pelo Bonde dos IDIOTAS e acho que o sr. deve estar inserido nessa situação né? respeito meu velho…respeito…

  2. O texto tá muito bom e tenho certeza que o show também!
    Vi o Clapton em Londres no ano passado, mas como ele toca sempre ali confesso que a performance foi quase fria, apesar de tecnicamente perfeita. Algo como um café da manhã caprichado, que acontece toda semana. Então resolvi escrever sobre a emoção da expectativa antes do show. O texto tá aqui:
    http://taolongetaoperto.wordpress.com/category/inglaterra/a-revanche-dos-claptomaniacos/

  3. esse Sr Wilson deve realmewnte se encantar com as novas “PÉROLAS” da atualidade heim?? kkkk, coitado,excelente texto parabéns Maysa, leve descontraído , muito bom de ler, assim como deve ser sempre, valeu a contribuição. E Eric é vinho da melhor qualidade….

  4. comentar aparência de músico em vez de analisar seu estilo de tocar é de morte.Clapton está cada vez mais sutil e estiloso no toque de sua guitarra.Quanto a envelhecer com classe desconheço músico que o faça melhor que ele.

  5. o texto está engraçado e tem o musico apresentado como excelente ; ou entendi equivocadamente? o eric é o eric e seria bom q aparecessem outros q nem ele.

  6. christinafranco , realmente, para bom entendedor basta algumas palavras. entendeu?

    leocádia, ainda to na dúvida se a sua ignorância de frequentadora de drops e landscape fez falta ou não aqui…

  7. Sra. Leocádia, a senhora deve gostar mesmo é dessas bandecas que falam mais da roupa do que do som que fazem.

  8. Se não nos interessarmos por músicos como CLAPTON, neste e nos próximos séculos, nos interessaríamos por quem??? cite alguém que tenha esse estilo, técnica, feeling, história e influência…

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